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    Por trás dos socos entre Mayweather e McGregor está muito dinheiro

    WILSON BALDINI JR.
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    26/08/2017 02h00

    Steve Marcus/Reuters
    Floyd Mayweather (dir.) e Conor McGregor se encaram após pesagem
    Floyd Mayweather (esq.) e Conor McGregor se encaram após pesagem

    Nenhum esporte paga seus atletas como o boxe. Jack Dempsey, por exemplo, campeão dos pesos pesados entre 1919 e 1926, faturou US$ 3,5 milhões em sua carreira.

    A quantia era inimaginável à época. Em valores atualizados, seria o equivalente a US$ 478,6 milhões. De lá para cá mudaram os números, mas não a exorbitância das bolsas dos lutadores.

    A possibilidade de ganhar uma fortuna em no máximo 36 minutos (12 rounds) foi o que fez o irlandês Conor McGregor, 29, astro do MMA, aceitar o desafio de enfrentar o americano Floyd Mayweather, 40, maior nome do boxe na última década.

    Os dois se enfrentam neste sábado (26), em Las Vegas, com transmissão do canal Combate, a partir das 22h.

    A migração para o boxe pode colocar McGregor entre os atletas mais bem pagos do ano. A publicação Boxing Scene estima que só por essa luta o irlandês pode receber uma premiação de US$ 75 milhões (R$ 235 milhões), cerca de oito vezes mais do que os US$ 9,4 milhões (R$ 29,6 milhões) que ele recebeu em nove anos (24 lutas) no MMA.

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    Já a bolsa de Mayweather é estimada em US$ 100 milhões (R$ 315 milhões). As estimativas não são oficiais e algumas publicações chegam a calcular valores até quatro vezes maiores que esses.

    Não por acaso, o duelo recebeu o apelido de "Money Fight" (Luta do Dinheiro).

    A diferença no valor das bolsas entre boxeadores e praticantes do MMA pode ser explicada pelo tamanho do negócio que as duas modalidades representam.

    O boxe tem 125 anos de profissionalismo e muita credibilidade com grandes empresas, que patrocinam o esporte. Os contratos de televisão, tanto na mídia especializada quanto na tradicional, são longos e milionários, com abrangência global.

    Já o UFC, principal organização de MMA do mundo, tem apenas duas décadas de existência. Além disso, a modalidade sofre há muitos anos críticas por ser violenta, discriminação que o boxe já superou nos EUA. Em Nova York, um dos maiores mercados esportivos americanos, por exemplo, a realização de lutas de MMA só passou a ser permitida no ano passado.

    Outro ponto é a diversidade de canais de televisão que transmitem as lutas. Hoje é possível ver boxe todos os dias na TV americana.

    Boxeadores que ganharam mais dinheiro - Em US$ milhões

    A tendência de premiações milionárias não é recente. Sugar Ray Leonard pendurou as luvas há duas décadas e vive dos US$ 120 milhões (R$ 377 milhões) conquistados nas trocas de golpes nos ringues. Muhammad Ali, que lutou até 1981, somou US$ 50 milhões (R$ 157 milhões) na carreira.

    McGregor percebeu que o "negócio" com Mayweather seria garantia de sucesso e que poderia superar com grande facilidade os US$ 25 milhões (R$ 78,6 milhões) obtidos pelo canadense Georges Saint-Pierre em sua carreira no MMA, o mais bem pago atleta da modalidade.

    VENDAS

    O único problema enfrentado pelo evento até agora foram os valores cobrados para assistir à luta. Os últimos bilhetes, com preço entre US$ 500 (R$ 1.573) e US$ 10 mil (R$ 31,5 mil), eram vendidos até esta semana na internet e em bilheterias em Las Vegas.

    A venda dos direitos de transmissão teve negociações diferentes em cada país.

    No Brasil, quem quiser ver a luta terá que assinar o canal Combate. A mensalidade custa entre R$ 80 e R$ 75, dependendo do provedor de TV por assinatura. A luta avulsa no sistema pay-per-view sai por R$ 90. A Globosat espera vender 15 mil assinaturas.

    Os organizadores pediram US$ 1 milhão para a TV Globo transmitir a luta. Para o canal fechado do grupo, o SporTV, foi pedido US$ 400 mil. A empresa não concordou com os valores e não houve acerto.

    Nos EUA, onde a venda do pay-per-view será maior, a assinatura custa entre US$ 90 (R$ 283) e US$ 100 (R$ 315).

    Steve Marcus/Reuters
    Floyd Mayweather e Conor McGregor após pesagem para luta
    Floyd Mayweather e Conor McGregor após pesagem para luta

    ZEBRA

    Sem nunca ter feito uma luta profissional de boxe, McGregor terá de surpreender Mayweather, que não perde um combate desde a semifinal olímpica em Atlanta-1996.

    "A única chance de McGregor é criar uma atmosfera diferente. Tirar a concentração de Mayweather. Causar um caos no ringue", disse Evander Holyfield, cinco vezes campeão mundial dos pesados.

    Mayweather é um mestre em frustrar os adversários, mas diz não gostar de estudar os rivais. Por isso, muitas vezes foi dominado no início das lutas. Com o passar dos rounds, sua capacidade de se moldar ao adversário o levou a superar obstáculos difíceis, como diante dos novatos Marcos Maidana e Saul Canelo Alvarez ou com os veteranos Juan Manuel Marquez e Shane Mosley.

    McGregor é maior, possui mais envergadura, é 11 anos mais jovem e sua carreira está em atividade -seu rival estava aposentado desde 2015. Análises de especialistas apontam que sua chance de vitória está em partir para cima de Mayweather desde o primeiro soar do gongo.

    O plano de luta é não deixar que Mayweather "domine" o ringue. A troca de golpes tem de ser intensa e constante, mas é preciso total concentração para fugir dos contra-golpes. Desta forma, os últimos rounds poderão virar uma loteria.

    Guardadas as devidas proporções, McGregor precisa fazer algo como fez Muhammad Ali diante de George Foreman, em 1974; ou como apresentou Sugar Ray Leonard frente a Marvin Hagler, em 1987; ou o que realizou James Buster Douglas ao nocautear Mike Tyson, em 1990.

    O certo é que se Mayweather estivesse em forma, McGregor seria "massacrado", "aniquilado", "destruído" como chegaram a colocar em suas manchetes alguns jornais dos EUA e do Reino Unido.

    "McGregor vai ser assassinado no ringue", exagera Mike Tyson, o mais novo campeão da história dos pesos pesados.

    NA TV
    Mayweather x McGregor
    22h Pay-per-view

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