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    Sombra de militares na Copa-78 irrita técnico campeão mundial argentino

    ALEX SABINO
    ENVIADO ESPECIAL A ROSÁRIO (ARG)

    03/09/2017 02h00

    Fifa
    Cesar Luis Menotti, Argentina Berlin, 8.9.1979 Coach Cesar Luis Menotti (Argentina) with Daniel Passarella (r.) Foto: FIFA DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
    O então técnico da seleção argentina, César Luis Menotti (centro), conversa com Daniel Passarella (dir.)

    O título mais importante da carreira de César Luis Menotti o tem irritado nos últimos tempos. Ele se recorda da conquista da Copa de 1978 com carinho. É capaz de citar as superstições dos jogadores antes de cada partida. Aborrece-se com insinuações de que o título foi ganho para o regime militar que governava a Argentina na época.

    "Essa conversa cansa, para dizer a verdade, porque ignora todo o contexto histórico. Eu abriguei refugiados políticos na minha casa. Assinei documento pedindo liberação de presos. Eu não ganhei um título para [o general Jorge Rafael] Videla [então presidente]. Ganhei para o povo argentino", afirma.

    O assunto voltou a ganhar força a partir de 2015, quando Mauricio Macri colocou fim ao predomínio do kirchnerismo (de esquerda) no país. A família Kirchner, representada por Néstor e sua mulher, Cristina, governaram a Argentina de 2003 a 2015.

    O ex-atacante Mario Kempes criticou em agosto a decisão de Maradona de apoiar o ditador venezuelano Nicolás Maduro. Artilheiro da Argentina na campanha do título de 1978, foi alvo de militantes de esquerda nas redes sociais. O acusaram de fazer gols para Videla.

    Não é de hoje que as brigas políticas na Argentina aborrecem Menotti. Em entrevista à revista esportiva "El Gráfico", ele questionou o termo "progressismo", utilizado especialmente pela esquerda. "Não sei o que é progressismo. Não vejo nada que progrida", reclamou.

    Menotti prefere a vida prática às teorias políticas. Ex-fumante inveterado, foi amante da boêmia. Procurado por Terry Venables, que o substituiu no Barcelona em 1984, para ouvir considerações técnicas sobre o elenco e esquemas táticos, deu apenas um conselho.

    "Marque treinos apenas para o período da tarde, nunca de manhã. A noite de Barcelona é fantástica."

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