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    Confederação de natação pede, e COB vai bancar Bruno Fratus nos EUA

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    09/09/2017 02h00

    Martin Bureau/AFP
    Brazil's Bruno Fratus geatures as he arrives to compete in the Men's 50m Freestyle Semifinal during the swimming event at the Rio 2016 Olympic Games at the Olympic Aquatics Stadium in Rio de Janeiro on August 11, 2016. / AFP PHOTO / Martin BUREAU
    Bruno Fratus em prova do Mundial de Budapeste

    Bruno Fratus, 28, foi o nadador brasileiro que mais brilhou no Mundial de Budapeste, em julho, com medalhas de prata nos 50 m livre e no revezamento 4 x 100 m livre.

    Apesar do resultado, a atual situação do velocista preocupa a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), que pediu socorro ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) para ajudar o atleta.

    Radicado na cidade de Auburn (EUA) desde 2014, Fratus está sem clube no Brasil desde o final do ano passado, quando não teve seu contrato renovado com o Pinheiros, e tem sofrido para se manter em solo norte-americano.

    O brasileiro se sustenta com os R$ 11 mil que recebe do programa Bolsa Pódio, do governo federal, valor considerado insuficiente para as despesas em dólar.

    Para tentar amenizar o cotidiano de seu principal nadador, a CBDA encaminhou ofício ao COB na segunda-feira (28) em que pediu assistência financeira a Fratus. Nesta semana, a entidade decidiu intervir a favor.

    O comitê vai arcar com custos de deslocamento e hospedagem em competições nos Estados Unidos e na Europa. Também vai repassar-lhe um apoio financeiro mensal.

    No primeiro semestre e na preparação para o Mundial de Budapeste, o COB também havia pagado viagens de Fratus para torneios na América do Norte e na Europa, por entender que ele tinha potencial esportivo significante em nível internacional.

    Para 2017, o comitê trabalhava com estimativa de receber R$ 210 milhões da Lei Piva -que arrecada verba de loterias federais. Do total, a entidade repassa obrigatoriamente R$ 31,5 milhões ao esporte escolar e universitário.

    Dos cerca de R$ 178 milhões que ficam sob seus cuidados, R$ 41 milhões serão versados para projetos com vistas a Tóquio-2020, onde entraria o aporte a Fratus.

    "A situação do Bruno é algo que nos preocupa, sim", afirmou Renato Cordani, diretor de natação da CBDA.

    Dominic Ebenbichler/Reuters
    Bruno Fratus em ação na Rio-2016

    No final de 2016, Fratus recebeu ultimato do Pinheiros, que insistiu que ele voltasse a morar e treinar no Brasil.

    Ele, porém, não abriu mão de continuar em Auburn, e o vínculo com a agremiação paulistana encerrou-se.

    No Troféu Maria Lenk, em maio, Fratus defendeu o Clube Internacional de Regatas, de Santos, mas só para ter o registro e disputar a competição, que era seletiva para o Mundial de Budapeste.

    Ele descartou propostas de equipes grandes da natação nacional e segue sem clube. "O fato de não ter clube é uma escolha dele", disse Cordani.

    Sob Hawke, Fratus passou a frequentar pódios internacionais. Sempre nos 50 m livre, foi ouro no Pampacífico de Gold Coast (2014), bronze no Mundial de Kazan (2015) e viveu seu melhor momento com as duas pratas no Mundial de Budapeste, em julho.

    Na Olimpíada do Rio veio sua maior decepção. Terminou a prova em sexto lugar.

    O 2017, que se prenunciava ruim, tem sido o melhor ano de sua carreira. Na Hungria, ele foi vice-campeão dos 50 m livre com a terceira melhor marca da história -desconsiderados os trajes de poliuretano que foram banidos-, o que abriu os olhos da CBDA para Tóquio-2020.

    Por isso, a entidade quer deixá-lo manter seu programa de treinamento nos EUA.

    À Folha, a mulher de Fratus, a ex-nadadora Michelle Lenhardt, disse que eles preferem não se pronunciar.

    A CBDA até poderia desembolsar de seus recursos para socorrer o nadador, porém atravessa fase de penúria.

    A nova gestão que assumiu seu comando em junho, liderada pelo presidente Miguel Cagnoni, ainda tem contas bancárias bloqueadas em razão de dívidas e problemas de prestação de contas da administração passada.
    A oferta de respaldo individual não seria um privilégio a Fratus. O COB tem, em sua política, inúmeros casos de apoio a atletas, como o também nadador Cesar Cielo e Thiago Braz, ouro no salto com vara na Rio-2016.

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