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    Adolescente leva Eslovênia a sua 1ª final no EuroBasket e encanta NBA

    GIANCARLO GIAMPIETRO
    DE SÃO PAULO

    17/09/2017 02h00

    Ozan Kose/AFP
    Slovenia's guard Luka Doncic celebrates after scoring during the FIBA Eurobasket 2017 men's semi-final basketball match between Spain and Slovenia at the Fenerbahce Ulker Sport Arena in Istanbul on September 14, 2017. / AFP PHOTO / OZAN KOSE
    Luka Doncic durante jogo contra Espanha pela EuroBasket

    O ala esloveno Luka Doncic, 18, é daqueles talentos badalados por olheiros, mídia e torcida desde cedo. Na verdade, muito cedo: aos 13, já era visto como uma estrela europeia em potencial e trocou o Union Olimpija pelo Real Madrid.

    Uma das sensações do Europeu de basquete deste ano, o adolescente não só vai confirmando todas as elevadas expectativas idealizadas ao seu redor como surpreende até mesmo os mais otimistas, ao ajudar a levar sua seleção a uma inédita final do torneio.

    A equipe agora enfrenta a vizinha Sérvia na decisão deste domingo (16), em Istambul.

    Segundo quatro olheiros da NBA, presentes na Turquia e consultados pela Folha, seu desempenho o projeta de vez a possível escolha número um do próximo "Draft", o recrutamento de calouros da liga.

    O mais experiente desses olheiros, chefe do departamento de análise internacional de um clube da Conferência Leste, com 15 anos de atuação na área, afirma que nunca viu nenhum prospecto deste nível com tão pouca idade.

    Luka Doncic x Espanha

    Doncic (ainda) não é o protagonista da Eslovênia, que chega à final europeia e assegura uma medalha pela primeira vez. Esse título cabe ao armador Goran Dragic, 31, que vai receber salário de US$ 17 milhões do Miami Heat na próxima temporada.

    Mas o ala já se tornou no mínimo o número dois da equipe, com médias de 15,1 pontos (segundo cestinha do time), 8,3 rebotes (líder) e 3,8 assistências (segundo), em 29,9 minutos (líder).

    Nesta quinta-feira (14), pela semifinal contra a poderosa Espanha, beirou um triplo-duplo, com 11 pontos, 12 rebotes e oito assistências, em 36 minutos. A Eslovênia atropelou os atuais campeões e medalhistas nas últimas três Olimpíadas: 92 a 72.

    Para os dirigentes espanhóis, foi um golpe dolorido. Afinal, sua federação fez de tudo para naturalizar o garoto que se mudou para o país aos 13, com um contrato de formação com o Real Madrid.

    Embora tenha rejeitado o assédio inicial, Doncic nunca jogou pela Eslovênia na base. Fato que dava à Espanha ainda a esperança de poder cooptá-lo, tal como fizeram com o pivô congolês Serge Ibaka e o ala-pivô montenegrino Nikola Mirotic.

    Luka Doncic

    Independentemente da nacionalidade adotada, o Real Madrid investiu no adolescente e vem colhendo frutos.

    Quanto antes, melhor, já que é praticamente inevitável sua jornada rumo à NBA.

    Da sua parte, Doncic usa todas as palavras certas para adiar o assunto. "Gostaria de tentar, claro, mas insisto que não quero pensar em nada de NBA no momento. Estou muito concentrado em buscar conquistas pelo Real Madrid. Tenho tempo para decidir e estou feliz aqui", afirmou.

    Seu pai, Sasa Doncic, também uma estrela do basquete esloveno, é outro que tenta esfriar as coisas. "Nesta idade, digo para ele se divertir, ser um garoto e esquecer dinheiro e carros", disse. "A NBA em que Luka pensa é só aquela de filmes com Michael Jordan e Magic Johnson."

    Aos 17 anos, porém, o ala já havia assinado com um agente norte-americano: Bill Duffy, que representou astros como o chinês Yao Ming e o canadense Steve Nash.

    Acostumado a ser um predador no mercado do futebol, no basquete o Real Madrid também pode ser a "vítima", obrigado a ceder um jovem talento contra sua vontade.

    Doncic fez sua estreia como profissional aos 16 anos. Em 2015, estava no time que veio a São Paulo para derrotar o Bauru pela Copa Intercontinental. Na temporada passada, já era parte essencial da rotação, decidindo partidas, sendo eleito o melhor jogador tanto de rodadas da Euroliga como da Liga ACB espanhola. Em ambos os casos, foi o mais jovem da história a receber tais prêmios.

    Em quadra, o que mais impressiona os olheiros é sua inteligência, muito avançada para a idade. O esloveno enxerga jogadas que poucos veteranos arriscam. Tem visão, audácia e fundamentos para executar passes improváveis.

    Também é criativo no ataque à cesta, usando seus 2,01 m de altura e coordenação.

    Sua explosão e força física medianas despertam precaução para desafiar os atletas da NBA. O chute de longa distância também precisa evoluir. Mas os olheiros creem que possa aprimorar tais características facilmente.

    Há tempo de sobra para um jogador de 18 anos.

    "Luka? Ele é uma estrela, mas ainda é um garoto", disse Dragic. "Como seu companheiro de quarto, posso dizer que ele ainda assiste a desenhos animados e [à série norte-americana] 'Friends'".

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