• Esporte

    Sunday, 05-May-2024 12:24:49 -03

    Liga dos Campeões

    Em tempos de 'brexit', liga inglesa vê aumento de atletas locais em campo

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    16/09/2017 02h00

    Tim Ireland- 22.abril.2017/Associated Press
    Brasileiro Willian comemora gol pela semifinal da Copa da Inglaterra; time azul de Londres é o que começou a temporada 2017/18 com menos ingleses entre os titulares
    Brasileiro Willian que atua pelo Chelsea comemora gol pela semifinal da Copa da Inglaterra; time azul de Londres é o que começou a temporada 2017/18 com menos ingleses entre os titulares

    As vésperas de sair da União Europeia, a Inglaterra assiste a mais uma temporada do seu tradicional futebol com o aumento de jogadores ingleses em campo, o que pode ser uma tendência permanente para os próximos anos.

    Depois do recorde negativo da temporada 2014/2015, quando a cada rodada do torneio, em média, 31% dos jogadores titulares eram ingleses (68 de 220 jogadores), esse número subiu para 38%.

    Na primeira rodada da atual temporada do Inglês, 82 titulares nasceram ou possuem a nacionalidade inglesa.

    Editoria de Arte/Folhapress
    SOBE O NÚMERO DE INGLESES Participação de jogadores da Inglaterra na Premier League*
    SOBE O NÚMERO DE INGLESES Participação de jogadores da Inglaterra na Premier League*

    O Everton, o Bournemouth e o Newcastle, os campeões de jogadores locais, entraram com sete titulares ingleses em campo na primeira rodada. O último da lista foi o Chelsea, com um único jogador inglês.

    Desde a temporada 2005/2006, apenas três vezes este número foi maior. Nos anos 1990, quando as regras para contratações de estrangeiros eram mais rígidas, o índice chegou a 69%.

    A discussão sobre a invasão estrangeira é recorrente no país. Muitos especialistas locais em futebol dizem que é esse o motivo da seleção ter sido um fiasco nas últimas Copas do Mundo. O "english team" não passou das quartas de final nos últimos cinco torneios mundiais.

    Mas enquanto a liga inglesa dá de ombros e pensa apenas no negócio, que cresce ano a ano, a federação local continua tentando estimular a formação de atletas.
    Tanto que os elencos das equipes precisam ter ao menos oito atletas da base.

    Se a contratação de atletas estrangeiros ainda não sofre interferência do"brexit" (a saída da Reino Unido da União Europeia), quando as negociações para a mudança estiverem encerradas, na temporada 2019/2020, entraves migratórios deverão ser parte do dia a dia dos clubes.

    "A questão é: os organizadores do futebol vão conseguir convencer os governantes de que os jogadores comunitários precisam de um status especial dentro da indústria do futebol?", diz à Folha Raymond Boyle, do Centro de Pesquisas em Políticas Culturais da Universidade de Glasgow, que estuda o impacto do "brexit" no futebol.

    Ainda não se sabe se as regras entre o Reino Unido e a União Europeia serão muito duras ou menos drásticas. O teor das negociações é que vai definir o peso do novo cenário na indústria do futebol.

    Numa versão mais rígida do cenário, todo o jogador de fora do país precisará de um visto de trabalho para jogar. Haverá assim um intricado sistema de exigências para que a autorização seja dada.

    Uma dessas regras diz que jogadores das dez principais nações do futebol na Europa precisam ter atuado em pelo menos 30% das partidas de suas seleções nos últimos dois anos para serem contratados. Número que sobe para até 75% para outros países.

    Além dos ingleses, os demais jogadores britânicos–, 28 atuando na primeira divisão inglesa atualmente– não terão restrições para atuar.

    De acordo com o pesquisador, se a realidade imposta for a mais severa, os times terão muitos problemas.

    "O problema não será apenas contratar jogadores. Mas dirigentes, técnicos e profissionais das comissões técnicas", diz Boyle. Dos 20 clubes da liga inglesa, 14 têm treinadores de fora do Reino Unido.

    No caso da contração de um analista de rendimento, por exemplo, o time pode ter que provar que não existe nenhum profissional britânico com as mesma qualificações do estrangeiro.

    O entrave será grande para jogadores estrangeiros jovens, de até 18 anos. Fàbregas, por exemplo, não teria sido contratado pelo Arsenal.

    Os brasileiros que conseguem seus vistos italianos, portugueses ou espanhóis pensando na Inglaterra tendem a ser barrados.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024