Adrian Dennis - 12.set.2017/AFP | ||
O meia brasileiro Pedro Henrique, do Qarabag, controla a bola no jogo contra o Chelsea |
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Esporte
Saturday, 04-May-2024 21:06:39 -03Sobrevivente de guerra, time do Azerbaijão tenta fazer história
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO18/10/2017 02h00
Em uma parte do mundo marcada pelas atrocidades da guerra, um time de futebol que não consegue se desvincular dos seus traumas recentes fora do campo tentará fazer história e ganhar o seu primeiro ponto na fase de grupos da Liga dos Campeões.
O Qarabag, após duas derrotas, terá uma nova batalha nesta quarta (18), em casa, com o Atlético de Madrid.
O futebol nem de longe pode ser comparado com a guerra que obrigou o time do Azerbaijão, que nunca havia chegado à fase de grupos da competição, a trocar de cidade, e de estádio, em 1993.
A equipe era da cidade de Agdam, mas a guerra que eclodiu na região entre armênios e azerbaijanos em 1988 –na época, os dois lados eram repúblicas da União Soviética, que se desintegraria logo depois– e foi até 1992 transformou a cidade que chegou a ter 160 mil habitantes em uma área fantasma. Nunca mais a população voltou.
A partida desta quarta será em Baku, capital do Azerbaijão, sede atual do time.
"O clube é muito identificado com os refugiados e com todo o passado sangrento e triste que provocou a mudança de cidade. No grande momento que se vive hoje, eles sempre lembram dos anos 1990. O clima atual é de paz, de total harmonia dentro do país. Não há mais problemas com a Armênia", afirma Pedro Henrique Konzen, brasileiro que marcou o único gol do Qarabag no campeonato.
Depois de perder na estreia por 6 a 0 para o Chelsea, em Londres, o Qarabag conseguiu jogar bem contra a Roma, em casa, na segunda rodada. Perdeu por 2 a 1, mas quase empatou no fim.
"A estreia foi um pouco decepcionante. Estávamos desfalcados e tivemos que improvisar o 3-5-2. Mas o grupo tem experiência e pode fazer melhor, principalmente em casa, e surpreender o adversário", diz Konzen, que explodiu de felicidade ao marcar o gol contra o Roma e entrar para a história do clube.
O meia brasileiro, de 27 anos, acabou de chegar ao Azerbaijão. Depois de surgir no Grêmio, ele passou por Suiça, França e Grécia até chegar ao leste europeu.
O time tem outro brasileiro, naturalizado azerbaijano, Richard Almeida. O meia, que atuou no Santo André e em Portugal, está desde 2012 no Qarabag. Jogou três vezes pela seleção na eliminatória.
Se os resultados não vierem, o fato de o clube, mantido por uma empresa do setor do agronegócio, jogar a fase de grupos da Liga dos Campeões é motivo de orgulho no país, que ainda cultiva seus heróis de guerra.
Um deles é 100% relacionado ao time. Allahverdi Bagirov, que havia sido jogador nos anos 1970, era o técnico quando o conflito teve início. O ex-jogador decidiu montar o seu próprio batalhão.
Em um dos massacres, o grupo de Bagirov salvou por volta de mil pessoas, entre refugiados e prisioneiros. No dia 12 de junho de 1992, uma mina terrestre antitanque explodiu sob o carro em que o combatente estava, matando ele e o motorista do veículo.
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