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    Irmão de legendário Petrovic negocia para assumir a seleção de basquete

    GIANCARLO GIAMPIETRO
    DE SÃO PAULO

    21/10/2017 16h01

    Ozan Kose - 10.set.2017/AFP
    Croatia's head coach Aleksandar Petrovic reacts during the FIBA Eurobasket 2017 men's round 16 basketball match between Croatia and Russia at Sinan Erdem Sport Arena in Istanbul on September 10, 2017. / AFP PHOTO / OZAN KOSE
    Petrovic se despediu da seleção croata em setembro, no EuroBasket

    A seleção brasileira masculina de basquete pode ter um novo técnico estrangeiro para a disputa das eliminatórias para a Copa do Mundo da modalidade.

    Trata-se do croata Aleksandar Petrovic, 58, que dirigiu a seleção de seu país na disputa das Olimpíadas do Rio-2016.

    Irmão mais velho do legendário ala-armador Drazen Petrovic, morto em 1993 em um acidente de carro, o treinador concluiu sua terceira passagem pela seleção croata após a disputa do último Campeonato Europeu, em setembro. Deve chegar ao Brasil no início desta semana para discutir detalhes de contrato.

    Oficialmente, a CBB não confirma sua contratação.

    Tendo dirigido clubes na Espanha e na Itália, Petrovic fala os idiomas desses países e inglês fluentemente.

    Entre os scouts europeus consultados pela Folha, tem fama de ser um técnico linha-dura, ainda mais exigente que seu antecessor, o argentino Rubén Magnano.

    Ao longo de sua carreira também mostrou habilidade para lidar com os jogadores, se desprendendo de imagem autoritária. É uma figura respeitada no vestiário, que costuma conquistar seus grupos com carisma.

    Na visão dos olheiros, todavia, seu desafio será ganhar jogadores de outra nacionalidade. Na Croácia, sua fama já deixava o trabalho bem encaminhado.

    Para formar a seleção, Petrovic teria menos de um mês de trabalho. A equipe fará sua estreia pelas eliminatórias para o Mundial em 24 de novembro, contra o Chile, fora de casa. Depois, enfrentará a Venezuela em 27 de novembro.

    Caso o croata aceite sua proposta, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) espera que ele possa trabalhar com a comissão técnica montada para a disputa da Copa América deste ano, entre agosto e setembro.

    César Guidetti, do Pinheiros, foi o técnico interino no torneio, auxiliado por Bruno Savignani, ex-Brasília, e Felipe Santana, o Filé, do Palmeiras. Com um grupo renovado, a seleção apresentou fraco desempenho e caiu na primeira fase, pelo Grupo A, em Medellín, na Colômbia, com derrotas para México e Porto Rico.

    O salário de Petrovic seria pago pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), seguindo os moldes do acordo anterior com Magnano.

    Rubén Magnano dirigiu a seleção de 2010 a 2016. Não teve seu contrato renovado após decepcionante participação nos Jogos do Rio.

    Antes do argentino, o espanhol Moncho Monsalve foi o técnico da equipe brasileira em 2008 e 2009.

    TRAJETÓRIA

    Nascido em Šibenik, cidade histórica croata, em 1959 –à época, pertencente à República da Iugoslávia–, Aleksandar Petrovic, de 1,94m de altura, teve longa carreira como armador, de 1979 a 1991.

    Pela seleção iugoslava, foi medalhista de bronze nas Olimpíadas de Los Angeles-1984 e nos Mundiais de 1982 e 1986.

    Como jogador, foi uma inspiração para que o irmão Drazen, cinco anos mais jovem, seguisse sua trilha. Os dois foram companheiros de time e seleção.

    Em clubes, durante boa parte de sua carreira, Aleksandar, ou simplesmente "Aco", defendeu o tradicional Cibona Zagreb, clube que, nesta década, beirou a falência.

    Para seguir em atividade, o Cibona contou com aporte financeiro da Prefeitura local e também da família Petrovic. Seus pais, Jovan e Biserka, administram uma fundação em nome do irmão caçula.

    TRABALHO RECENTE

    A Croácia de Petrovic foi eliminada nas oitavas do EuroBasket deste ano pela Rússia, que avançou à disputa por medalhas, perdendo o bronze para a Espanha.

    Na Rio-2016, Petrovic levou a equipe às quarta de final, sendo derrotado pela arquirrival Sérvia, eventual medalhista de prata. Na fase de grupos, a Croácia liderou a chave B. Bateu, inclusive, o Brasil pela terceira rodada, por 80 a 76 e ainda superou potências como Espanha e Lituânia.

    Seu trabalho para chegar ao Rio foi de curto prazo. O veterano técnico foi contratado às pressas para a disputa de um Pré-Olímpico mundial em julho do ano passado, em Turim. Lá, eliminaram a Grécia e a seleção da casa para garantir vaga.

    O fato de ter obtido bons resultados, nessas condições, com uma instável seleção croata, é um fator a ser considerado em desafiadora empreitada no Brasil.

    NOVIDADES

    Petrovic nunca trabalhou com um clube ou seleção latino-americanos. Agora deve assumir a missão de conduzir a seleção em sistema inédito de eliminatórias para a Copa do Mundo.

    O Mundial será realizado em 2019, na China, pulando para anos ímpares para se desgarrar da Copa de futebol. Essa é uma das novas propostas pela Fiba (Federação Internacional de Basquete) em um plano de tentativa de expansão da modalidade. A instauração do sistema de eliminatórias faz parte desse projeto.

    Porém, as mudanças não foram tão bem recebidas pelos clubes de elite e grandes personalidades do basquete europeu.

    Se os jogadores da NBA já estavam descartados para a maior parte das janelas de disputa das eliminatórias, a Euroliga se recusa também até o momento em ceder seus jogadores durante seu calendário.

    Caso a liga mantenha sua posição, causará grande impacto no sistema proposta pela Fiba.

    Sobre o Brasil, essas restrição não surtiriam muito efeito. Apenas o armador Marcelinho Huertas, do Baskonia, da Espanha, está disputando a competição europeia. Na NBA, há cinco inscritos: o armador Raulzinho, o ala Bruno Caboclo e os pivôs Nenê, Cristiano Felício e Lucas Bebê.

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