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    Domínio de Messi e Ronaldo expõe era do Brasil sem craque

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    23/10/2017 02h00

    Lluis Gene/AFP
    A combination of images shows (L-R) Barcelona's Argentinian forward Lionel Messi, Real Madrid's Portuguese forward Cristiano Ronaldo and Paris Saint-Germain's Brazilian striker Neymar. Neymar was named alongside Cristiano Ronaldo and Lionel Messi on the three-man shortlist for the Best FIFA Men's Player Award, which was announced in London on September 22, 2017. / AFP PHOTO / Lluis GENE
    Neymar volta a ser finalista contra Cristiano Ronaldo e Lionel Messi

    Cristiano Ronaldo, 32, vai entrar no Bloomsbury Ballroom, em Londres, nesta segunda (23), como o favorito ao "The Best", prêmio de melhor jogador do mundo em 2017 oferecido pela Fifa.

    Se vencer, será pela quinta vez. Igualará a marca de Lionel Messi, seu permanente rival. São dez anos que os dois dominam o futebol mundial.

    É uma década marcada pela falta de protagonismo de brasileiros. Levantamento das planilhas do prêmio da Fifa mostra que a partir de 2008, quando Ronaldo e Messi dominaram as premiações, apenas 2,4% dos votos para melhor do mundo foram dados a jogadores do país.

    O último nome do Brasil a ser escolhido foi Kaká, então do Milan (ITA), em 2007.

    Neste ano, Neymar é finalista, mas é considerado zebra. Assim como aconteceu em 2015, quando também chegou à última lista, mas terminou em 3º. O argentino Lionel Messi venceu.

    É o maior jejum do Brasil na premiação. Entre 1991, quando a Fifa começou a fazer a eleição, e 2007, em oito edições jogadores do país levaram o prêmio. O maior período de seca antes disso aconteceu entre 1991 e 1993, quando o alemão Lothar Matthaeus, o holandês Marco van Basten e o italiano Roberto Baggio ganharam.

    Depois disso, Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997 e 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho Gaúcho (2004 e 2005) e Kaká (2007), tiveram o maior número de votos.

    Nos últimos nove anos, dentro do período de reinado da dupla Cristiano Ronaldo-Lionel Messi, o brasileiro mais votado foi Kaká em 2009. Foi apontado como melhor do ano por 5,55% do colégio eleitoral.

    O sistema de votação tem como base as escolhas de técnico, capitães e representantes da imprensa de cada nação filiada à Fifa. Cada um vota no primeiro, segundo e terceiro colocados do ano. A partir de 2004, as escolhas tiveram de ser restritas à pré-lista elaborada pela entidade.

    O vencedor sai pela pontuação. Cada voto como primeiro colocado representa cinco pontos para o jogador; segundo, três pontos; terceiro, apenas um ponto.

    Folhapress
    Arte esporte CR7 Cristiano Ronaldo Messi
    (fo1l).

    Considerados apenas os citados para o primeiro lugar, por exemplo, em 2012 nenhum brasileiro foi votado para melhor mundo. Em 2013, o único jogador do país lembrado foi Neymar (0,43%).

    As planilhas divulgadas pela Fifa mostram que, a partir de 2008, apenas seis brasileiros foram escolhidos por algum dos votantes na primeira posição: Kaká, Diego, Maicon, Thiago Silva, Neymar e Diego Costa, atacante nascido no Brasil, mas que obteve cidadania espanhola e atua pela seleção europeia.

    O período de seca nacional é justificado pela falta de protagonismo de atletas do país em conquistas de títulos importantes na Europa, onde se concentra o prêmio.

    Em 2007, Kaká foi eleito por ser o astro do Milan vencedor da Liga dos Campeões da Europa. Nesta temporada, Cristiano Ronaldo é o favorito porque foi o principal nome do Real Madrid (ESP) que conquistou o segundo torneio europeu consecutivo.

    "Cristiano Ronaldo tem de ganhar o prêmio. Não há outro nome possível", disse o meia Isco, seu companheiro de Real Madrid.

    "Neymar é grande jogador, mas Messi é melhor", opinou o volante Paulinho, companheiro de um na seleção brasileira e de outro no Barcelona (ESP).

    Um dos argumentos usados para convencer Neymar a sair do Barcelona e ir para o Paris Saint-Germain (FRA) foi que na França ele seria o grande nome da equipe. Se o PSG vencer a Liga dos Campeões em 2018, fará o brasileiro favorito ao prêmio da próxima temporada.

    "Você quer ser escolhido melhor do mundo? Não tem problema, eu te ajudo", disse Messi para o brasileiro em julho, durante a pré-temporada do clube catalão nos Estados Unidos. Era uma tentativa para convencê-lo a não sair da equipe catalã.

    Benoit Tessier/Reuters
    ORG XMIT: 232701_1.tif Futebol: Eleito o melhor jogador do mundo, o brasileiro Kaká comemora a Bola de Ouro da "France Football", em Paris, na França. AC Milan and Brazil playmaker Kaka holds the 2007 Ballon d'Or trophy in Paris December 2, 2007. Kaka was awarded the 2007 Ballon d'Or by French magazine France Football and is already the winner of the FIFPro world Player of the Year and UEFA European Club Player of the Year awards and is the big favourite for FIFA's World Player of the Year award to be announced later this month. REUTERS/Benoit Tessier (FRANCE)
    Eleito o melhor jogador do mundo, Kaká comemora a Bola de Ouro da "France Football" em 2007

    MUDANÇAS

    O prêmio da Fifa já teve três nomes diferentes. Começou em 1991 como "Melhor jogador do ano" até que, entre 2010 e 2015, a entidade fundiu sua cerimônia com a "Bola de Ouro", oferecida desde 1956 pela revista francesa "France Football".

    A parceria acabou e desde o ano passado, a premiação passou a ser chamada de "The Best" ("o melhor", em inglês).

    A cerimônia acontecia sempre em janeiro e celebrava o melhor do ano que havia acabado. Para se diferenciar da "Bola de Ouro", a Fifa mudou o sistema para 2017. Vale apenas a temporada europeia, que começa em agosto e termina em maio do ano seguinte. Neste caso, as atuações de Neymar pelo PSG, para onde se transferiu em agosto, não serão consideradas.

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