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    No exterior, Qatar tenta defender a Copa que fará em 2022

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    16/11/2017 02h00

    Handout/Reuters
    Estádio Internacional Khalifa, que será usado na Copa do Mundo do Qatar
    Estádio Internacional Khalifa, que será usado na Copa do Mundo do Qatar

    Muita bola vai rolar antes da Copa do Mundo de 2022, no Qatar, mas esse diminuto país árabe já colocou o time em campo na diplomacia.

    Um dos indícios desses esforços é que Hassan al-Thawadi, secretário geral do comitê organizador do Mundial e um dos homens mais influentes do Qatar, tem intensificado sua agenda para promovê-lo internacionalmente.

    Paira ao redor da primeira Copa em um país árabe uma série de controvérsias: de violações aos direitos dos operários dos estádios do torneio a críticas por investimentos em uma infraestrutura grande demais para a população local. Houve até acusações de corrupção em torno da candidatura qatariana.

    O evento ainda pode ser prejudicado pela situação política. O Qatar está sob o embargo de seus vizinhos, incluindo a rival Arábia Saudita.

    A reportagem assistiu em 31 de outubro a uma palestra de Thawadi na instituição cultural Casa Árabe, em Madri. Acompanhado por sua delegação, ele defendeu o evento, explicou seus planos e prometeu que os estádios estarão prontos a tempo -e terão uso após a Copa.

    O Qatar tem apenas 2,5 milhões de habitantes, que dificilmente preencherão as arenas monumentais que ficarão como herança do Mundial. O estádio Khalifa, em Doha, por exemplo, terá capacidade para 40 mil pessoas.

    "Quando apresentamos nossa candidatura, já sabíamos que a capacidade exigida pela Fifa não correspondia às nossas necessidades", Thawadi afirmou à Folha.

    São raras as partidas com grande público no país, conhecido pela cultura do "majlis" -uma sala de estar em que os qatarianos se reúnem em longas visitas domésticas.

    "É mais comum nos sentarmos no 'majlis' para assistir às partidas em casa, com os amigos [do que nos estádios]", reconhece Thawadi.

    Por isso, algumas arenas terão arquibancadas provisórias, que serão removidas depois da Copa. Outras serão completamente reformuladas para outros propósitos.

    O Qatar também planeja toda uma renovação de sua infraestrutura, incluindo criar três linhas de metrô para permitir que os torcedores possam assistir a duas partidas em um mesmo dia.

    "A Copa acelerou todos esses projetos, mas eles já existiam", disse o organizador.

    Jorquera/Casa Árabe/Divulgação
    Hassan Al-Thawadi, chefe do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022
    Hassan Al-Thawadi, chefe do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022

    COPA ANTITERROR

    O gigantismo dos investimentos faz parte do legado econômico e social que Thawadi promete ao país.

    Esse costuma ser um tema controverso quando se trata de grandes campeonatos esportivos, como visto recentemente no Brasil com a Olimpíada de 2016 e a Copa de 2014 -obras que ele visitou.

    Uma das teses de Thawadi é que os projetos vão impulsionar a economia e dar novas oportunidades aos jovens, servindo como uma espécie de vacina contra a radicalização e o terrorismo.

    "É importante combatermos o contexto que fomenta o terrorismo", disse ele em Madri. "É mais fácil alguém que não tem um futuro pela frente desviar-se de seu caminho. Então, queremos garantir oportunidades de trabalho e
    de educação, e o futebol pode ajudar nisso", afirmou.

    O trabalho na construção dos estádios, no entanto, já rendeu algumas das críticas mais duras aos organizadores do Mundial de 2022.

    Organizações humanitárias chegaram a acusar o país de usar trabalho forçado nas obras para as instalações.

    "Todos os países têm problemas trabalhistas", afirmou Thawadi. "Mas estamos nos esforçando para adaptar nossa legislação, e ainda não terminamos", completou.

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