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    Corrupção no futebol

    PT faz representação criminal contra Globo por denúncia em caso Fifa

    DO UOL

    17/11/2017 14h53

    John Taggart/Reuters
    Alejandro Burzaco antes de entrada em tribunal de Nova York
    Alejandro Burzaco antes de entrada em tribunal de Nova York

    O Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou nesta quinta-feira (16), em comunicado em seu site oficial, que apresentou à Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, uma representação criminal contra a Rede Globo.

    A requisição foi feita após a emissora ter sido acusada de pagar propina para adquirir os direitos de transmissão de partidas de futebol, durante julgamento de dirigentes envolvidos no 'FifaGate' nos Estados Unidos.

    A iniciativa trata como evidência as delações do empresário argentino Alejandro Burzaco à Justiça norte-americana. De acordo com ele, a Globo e a Televisa teriam, em março de 2013, pago US$ 15 milhões (cerca de R$ 50 milhões, em cotação atual) em propinas à Torneos y Competencias (TyC), empresa de marketing esportivo responsável por negociar a venda dos direitos de transmissão no continente.

    Este dinheiro teria sido repassado a Julio Grondona, ex-presidente da Associação de Futebol da Argentina (AFA) e então membro do comitê financeiro da Fifa.

    "É inexplicável para o Brasil que o escândalo da FIFA seja investigado judicialmente nos Estados Unidos, na Suíça, na França e em outros países, há três anos, e tudo o que temos aqui seja uma suposta "investigação interna" em que a Globo tenha apurado em silêncio e absolvido a si mesma", diz trecho da nota do PT.

    "O monopólio da Globo na transmissão de torneios nacionais e internacionais, supostamente obtido por meios ilícitos, faz um tremendo mal ao futebol brasileiro, uma paixão nacional que mobiliza milhões de torcedores e impulsiona grandes negócios, especialmente nos setores de publicidade e comunicações", diz outra parte do comunicado.

    Burzaco se entregou para a Justiça norte-americana em 2015 e é considerado uma das principais testemunhas do caso. De acordo com ele, a TyC teria vendido os direitos abaixo do preço do mercado para sua subsidiária holandesa que, então, recebia as quantias da TV Globo. Uma parcela deste dinheiro seria repassada em propina aos oficiais da Conmebol.

    A acusação ocorreu durante o julgamento do caso Fifa nos EUA, que tem como réus, nesta etapa, José Angel Napout, um dos sucessores de Leoz na Conmebol, o ex-presidente da CBF José Maria Marin e o ex-mandatário da Federação Peruana de Futebol, Manuel Burga.

    Em testemunhos dados durante o processo nos últimos dias, Burzaco, da empresa Torneos y Competencias, vem incriminando os dirigentes pelo recebimento de propinas em troca de direitos de transmissão de competições na América do Sul.

    A Globo negou o envolvimento no pagamento de propina e se disse surpresa com as acusações feitas por Burzaco. A emissora divulgou comunicado na terça-feira em que afirma ter feito auditoria interna por mais de dois anos e que os pagamentos feitos foram apenas os previstos por contratos de direitos de transmissão.

    "O PT considera que a investigação oficial do escândalo Fifa no Brasil é essencial para combater o crime e a impunidade, além de ser um gesto fundamental para devolver o futebol ao povo brasileiro", diz o partido.

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    30 MESES DEPOIS
    O que aconteceu com os dirigentes presos na Suíça

    Jeffrey Webb
    ex-presidente da Concacaf

    > Acusado de receber propina na venda de direitos comerciais de campeonatos da Concacaf. Indiciado por conspiração para extorsão, conspiração para fraude financeira e conspiração para lavagem de dinheiro
    > Declarou-se culpado e concordou em devolver US$ 6,7 milhões
    > Já foi julgado. Sentença será anunciada em 24 de janeiro de 2018

    Eduardo Li
    ex-presidente da federação da Costa Rica

    > Acusado de receber propina na venda de direitos comerciais das eliminatórias da Copa. Indiciado por conspiração para extorsão, fraude financeira e conspiração para fraude financeira
    > Declarou-se culpado e devolveu US$ 668 mil
    > Já foi julgado. Data de anúncio da sentença será definida

    Eugenio Figueredo
    ex-presidente da Conmebol

    > Foi acusado pela Justiça americana de receber propina na venda de direitos da Copa América. Indiciado por conspiração para extorsão, fraude financeira, e lavagem de dinheiro, aquisição ilícita de naturalização e auxílio na elaboração fraude fiscal
    > Fez acordo de delação com a Justiça uruguaia e foi extraditado para o país. Ficou detido até abril de 2016, hoje aguarda julgamento em prisão domiciliar

    Rafael Esquivel
    ex-presidente da federação da Venezuela

    > Acusado de receber propina na venda de direitos comerciais da Copa América. Indiciado por conspiração para extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro
    > Declarou-se culpado e concordou em devolver US$ 16 milhões
    > Já foi julgado. Data de anuncio da sentença ainda será definida pela Justiça americana

    Julio Rocha
    ex-presidente da federação da Nicarágua

    > Acusado de levar propina na venda de direitos comerciais das eliminatórias da Copa do Mundo. Indiciado por conspiração para extorção e conspiração para fraude financeira
    > Declarou-se culpado e concordou em devolver US$ 292 mil
    > Já julgado. Data de anúncio da sentença será definida

    Costas Takkas
    ex-assessor da presidência da Concacaf

    > Acusado de ter facilitado pagamento de propina para Jeffrey Webb na venda de direitos comerciais das eliminatórias da Copa do Mundo. Indiciado por conspiração para lavagem de dinheiro
    > Declarou-se culpado
    > Foi condenado na última terça (31) a 15 meses de prisão

    José Maria Marin
    ex-presidente da CBF

    > Acusado de receber propina na venda de direitos comerciais da Copa América, Libertadores e da Copa do Brasil. Indiciado por conspiração para extorsão, conspiração para fraude financeira e conspiração para lavagem de dinheiro
    > Declarou-se inocente
    > Julgamento começa nesta segunda (6)

    Também se declararam inocentes de todas as acusações:

    Manuel Burga
    ex-presidente da federação peruana

    > Acusado de receber propina na venda de direitos comerciais da Libertadores, Copa América e outros torneios da Conmebol. Indiciado por conspiração para extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro
    > Declarou-se inocente
    > Julgamento começa nesta segunda (6)

    Juan Ángel Napout
    ex-presidente da Conmebol

    > Acusado de receber propina na venda de direitos comerciais da Libertadores, Copa América e outros torneios da Conmebol. Foi indiciado por conspiração para extorsão, conspiração para fraude financeira e conspiração para lavagem de dinheiro
    > Declarou-se inocente
    > Julgamento começa nesta segunda (6)

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    LINHA DO TEMPO
    Caso Marin

    27.mai.2015
    Operação conjunta de autoridades dos EUA e da Suíça prende Marin em Zurique, antes de congresso da Fifa. Ele e dez acusados de corrupção são banidos pela federação

    3.nov.2015
    Após cinco meses de cárcere na Suíça, Marin é extraditado para os EUA. Em Nova York, Justiça determina o valor da fiança (US$ 15 milhões) e ele passa a cumprir prisão domiciliar na cidade

    Brendan McDermid/Reuters
    O ex-presidente da CBF José Maria Marin chega aos EUA após ser extraditado
    O ex-presidente da CBF José Maria Marin chega aos EUA após ser extraditado

    3.dez.2015
    O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira, são indiciados pela Justiça dos EUA, acusados de corrupção

    26.abr.2016
    Justiça dos EUA autoriza Marin a sair de casa para passeios de até quatro horas, um dia na semana. Antes, só podia sair seguido de segurança para se encontrar com advogados, participar de audiências, ir ao mercado ou à igreja

    Camila Svenson/Folhapress
    José Maria Marin, que cumpre prisão domiciliar em Nova York, vai à missana St. Patrick's Cathedral
    José Maria Marin, que cumpre prisão domiciliar em Nova York, vai à missana St. Patrick's Cathedral

    3.nov.2016
    Marin é autorizado a sair de casa até sete vezes por semana, num raio de 3,2 km

    21.fev.2017
    Cartola tem recurso recusado pela Justiça dos EUA. Ele tentava anular a acusação de formação de quadrilha

    18.out.2017
    Pamela K. Chen, juíza do caso nos EUA, aceita pedido da procuradoria, que solicitou proteção ao júri que julgará a denúncia contra Marin. Membros não terão nomes divulgados e ficarão isolados durante o julgamento

    Segunda (6)
    Começa o julgamento de Marin. Primeira fase será de seleção dos jurados. Doze pessoas serão selecionadas em conjunto pela defesa e pela acusação em uma lista de quase 200

    13.nov.2017
    Após seleção dos jurados, serão ouvidas as testemunhas de defesa e acusação

    Dez.2017
    Começa fase de análise das provas

    Jan.2018 a mar.2018
    Data prevista para a divulgação da sentença

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