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    Copa Libertadores

    Herói aos 37, artilheiro do Lanús tenta título no único lugar que foi ídolo

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    21/11/2017 02h00

    Juan Mabromata - 31.out.2017/AFP
    Pepe Sand comemora após a classificação do Lanús em partida contra o River Plate
    Pepe Sand comemora após a classificação do Lanús em partida contra o River Plate

    Há quase dois anos, em 16 de dezembro de 2015, o presidente do Lanús (ARG), Nicolás Russo, convocou a imprensa para entrevista coletiva. O dirigente pegou o microfone e anunciou: "Nosso deus voltou para casa."

    Pepe Sand chorou.

    O atacante peregrino do futebol, hoje com 37 anos, é um dos artilheiros da Libertadores de 2017 e a principal razão para a equipe da província de Buenos Aires ter chegado à final da competição sul-americana. Nesta quarta (22), faz o jogo de ida contra o Grêmio, em Porto Alegre.

    "O Lanús é a minha casa. Nos momentos mais difíceis da minha carreira, foi o clube que me deu um lugar para trabalhar e isso não tem preço. Se a gente ganhar a Libertadores, será a realização de tudo. Nem sei expressar o que significará para a gente esse título", disse à Folha o centroavante, autor de oito gols até agora na competição.

    Ele está empatado com Ignacio Scocco, do River Plate (ARG) e Alejandro Chumacero, do The Strongest (BOL), como o principal goleador.

    É uma mudança considerável na carreira de José Gustavo Sand, atacante que há três anos estava no Boca Unidos, na segunda divisão argentina. Teve problemas para se firmar e fez quatro gols.

    "Eu nunca desisti porque a vida de um jogador de futebol é feita dessas subidas e descidas. Se você me ver jogar em campo, vai perceber que sou um lutador. Não tenho o costume de desistir das coisas", afirma.

    Não deveria ter sido tão difícil assim. Nas categorias de base do River Plate, Sand era uma máquina de fazer gols. Foram mais de cem. É um dos maiores artilheiros da história das categorias de base do time. Quando subiu ao profissional, as coisas não deram certo. O mesmo aconteceu em todas as outras 12 equipes em que atuou. Passou por México, Emirados Árabes e Espanha. Jogou 13 partidas pelo Vitória em 2001. Só foi ter sucesso no Lanús.

    Entre 2007 e 2009, na primeira passagem pelo clube de Buenos Aires, ganhou fama de um dos atacantes mais perigosos do futebol nacional. Foi convocado para a seleção argentina e disputou um amistoso contra o Panamá. Foi o máximo goleador dos torneios Clausura de 2008 e do Apertura de 2009. Com ele vestindo a camisa 9, o Lanús foi campeão do Apertura de 2007, o primeiro título de sua história.

    "Creio que este clube sempre teve estilo perfeito para mim. Muitas jogadas pelas laterais e cruzamentos na área. É assim que mostro o meu melhor. Este Lanús atual tem a característica de impor seu jogo", diz o atacante.
    Sand só foi artilheiro (profissionalmente) pelo Lanús da mesma forma que a equipe apenas ganhou títulos quando teve o trombador centroavante de 1,82 m no elenco. Juntos, têm a chance de ganhar a Libertadores. Um casamento que pode render uma das partidas mais improváveis da história dos confrontos entre europeus e sul-americanos: Lanús e Real Madrid (ESP), nos Emirados Árabes, pelo Mundial.

    DECISIVO

    Quanto mais a Libertadores afunilou, mais Sand apareceu. Fez gol no jogo de volta das quartas, contra o San Lorenzo (ARG), quando o Lanús se classificou nos pênaltis. Anotou mais dois na vitória por 4 a 2 sobre o River
    Plate, na semifinal. Saiu do seu estilo calmo e discreto para responder a jornalistas que o teriam chamado de "cornudo" após a derrota no estádio Monumental de Nuñes.

    "Eu nunca fui de trazer atenção para mim fora de campo. Não sou assim. Mas precisava dar resposta para essas pessoas. Por isso que falei aquilo", afirma, lembrando ter mandado "abraços" para quem o xingou.

    Dizer que não gosta de ser astro é fácil, mas Sand prova com atos em campo. Ele poderia ter feito três gols sobre o River. Seria o artilheiro isolado da Libertadores e o maior herói da história do Lanús. Com a equipe precisando de mais um gol para ir à final, ele abriu mão de bater pênalti. Passou a responsabilidade para Alejandro Silva. Veio à cabeça a estreia pelo Racing, em 2012, quando perdeu duas cobranças.
    "Fiquei com medo de errar", confessa.

    Receio que ele garante que o Lanús não terá para enfrentar o Grêmio em Porto Alegre. A partida de volta será no dia 29, em Buenos Aires.

    "Acompanhamos o Grêmio e é um adversário que oferece muito perigo. Não é qualquer um que passa pelo Barcelona (EQU). Temos uma vantagem: decidir em casa. Somos fortes assim. Sonho com esse título. Me sinto jovem, não tenho problema de peso, sei me cuidar. Aqui jogo com confiança que só encontro no Lanús."

    "Sand é interminável. Com muito menos jogos, está a um passo de ser nosso goleador histórico. Não tenho dúvidas que Sand e [Lautaro] Acosta são os atacantes mais importantes da história deste clube", afirma Nicolás Russo.

    Colaborou FÁBIO ALEIXO

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