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    Em votação, atletas ganham menos assentos que o reivindicado no COB

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    22/11/2017 15h07

    Ricardo Borges/Folhapress
    Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 13/10/2017; Entrevista com Paulo Wanderley, presidente do COB ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
    O presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira, em entrevista na sede da entidade, no Rio

    Com um voto impugnado, a assembleia-geral do COB (Comitê Olímpico do Brasil) deu menor participação aos atletas no novo estatuto, diante do que era reivindicado.

    Numa votação apertada, o órgão máximo da entidade não aceitou a proposta de ampliar para 12 os representantes dos atletas assembleia. A partir de agora, os atletas contarão com cinco assentos. Já as confederações terão 35 representantes. Pelo antigo estatuto, apenas um atleta participava do órgão.

    O voto do presidente da Confederação Brasileira de Rubgy, Eduardo Mufarej, foi anulado após a votação terminar empatada em 15 a 15.

    O cartola teve que deixar a reunião antes do final, mas adiantou o seu voto em favor do pleito dos atletas de aumentar a sua participação na assembleia.

    Porém, quando a votação terminou empatada, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Gaspar Pinto Azevedo, pediu a impugnação do voto do rúgbi. Comandante da entidade desde 1995, Azevedo alegou que apenas os cartolas que estavam na reunião durante a votação poderiam ter os seus votos computados.

    Após um debate acalorado, os dirigentes impugnaram o voto do representante do rúgbi por 15 a 14.

    Em nota, a confederação de rúgbi disse que vai interpelar o COB a respeito e pode até acionar a Justiça.

    "De forma ilegal e sem sustentação jurídica ou estatutária alguma, o voto da CBRu foi desconsiderado. A CBRu encara a decisão com perplexidade. A entidade notificará o COB, buscando a validação de seu voto e a observância ao Estatuto do COB, como forma de Justiça", afirmou a entidade no comunicado.

    Outros participantes também lamentaram a manobra.

    "Foi uma perda grande para a nossa classe. Queremos uma maior participação para ter uma democratização maior da entidade. Infelizmente, isso não aconteceu", disse o presidente da Comissão de Atletas do COB, Tiago Camilo, que também participou da comissão que reformou o estatuto da entidade.

    "Não é o que a sociedade esperava. Ficamos frustrados", disse Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela (Confederação Brasileira de Vela).

    Caso a votação terminasse empatada, Paulo Wanderley, atual presidente do COB, teria que desempatar.

    "Tenho a minha posição, mas não quero me manifestar. Vou respeitar a decisão da assembleia", disse o cartola.

    "Infelizmente, o ponto que será marcado é esse [a redução da participação dos atletas]. Mas vale lembrar que avançamos", acrescentou.

    A mudança do estatuto é uma tentativa do COB de tentar se democratizar após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman, no mês passado.

    Dirigente responsável por comandar a organização dos Jogos Olímpicos de 2016, Nuzman preso no dia 5 de outubro com Leonardo Gryner, 64, seu braço direito no comitê organizador. Os dois são suspeitos de atuarem na compra de votos para a escolha da cidade para sediar os Jogos Olímpicos

    Há 22 anos, ele assumiu o comando do COB e ficou à frente da entidade por seis mandatos. Em outubro de 2016, o cartola venceu sua última eleição. O mandato iria até 2020.

    CONSELHO ADMINISTRATIVO

    Além da participação dos atletas na assembleia-geral, o novo estatuto criou um Conselho Administrativo, que será responsável por comandar COB.

    A função desse conselho será gerir o dia a dia do Comitê Olímpico do Brasil. O conselho terá 15 representantes –oito dirigentes, pelo presidente e vice (que será escolhido em março), um representante do COI, dois atletas e duas pessoas independentes escolhidas pela assembleia. As decisões serão feitas por votação.

    ELEIÇÃO

    A escolha do novo presidente do COB será mais democrática. Na reunião desta quarta, a entidade reduziu os critérios para registrar chapa. Antes, o candidato teria que ser membro do COB há cinco anos e contar com o apoio de pelo menos dez confederações.

    Agora, o candidato precisa ter mais de 18 anos e ter o apoio de três entidades.

    COMO VOTARAM OS CARTOLAS NA REFORMA DO ESTATUTO DO COB

    5 ATLETAS NA ASSEMBLEIA

    Boxe - Mauro Silva
    Canoagem - João Tomasini
    Ginástica - Luciene Resende
    Handebol - Manoel Luiz Oliveira
    Levantamento de Peso - Henrique Montero
    Pentatlo Moderno - Helio Meirelles Cardoso
    Remo - Edson Altino Pereira Jr.
    Ciclismo - José Luiz Vasconcellos
    Taekwondo - Alberto Maciel Jr.
    Tênis de Mesa - Alaor Azevedo
    Tiro com Arco - Vicente Fernando Blumenschein
    Tênis - Rafael Westrupp
    Tiro Esportivo - Durval Balen
    Vôlei - Walter Pitombo Laranjeiras
    Wrestling - Pedro Gama Filho

    A FAVOR DOS 12 ATLETAS

    Vela - Marco Aurélio de Sá
    Atletismo - José Antonio Martins Fernandes
    Esgrima - Ricardo Machado
    Comissão de Atletas - Thiago Camilo
    Esportes Aquáticos - Miguel Cagnoni
    Neve - Stefano Arnhold
    Hipismo - Ronaldo Bittencourt Filho
    Judô - Silvio Acácio Borges
    Basquete - Guy Peixoto
    Triatlo - Marco Antonio de Mattos La Porta Jr.
    Hóquei sobre Grama - Bruno Patricio Oliveira da Silva
    Golfe - Euclides Antonio Gusi
    Badminton - Francisco Ferraz de Carvalho
    Representante do COI - Bernard Rajzman
    Rugby - Eduardo Mufarej**
    **Teve seu voto anulado

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