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    Ao copiar futebol com eliminatórias, basquete enfrenta europeus e NBA

    FÁBIO ALEIXO
    DE SÃO PAULO

    24/11/2017 02h00

    Divulgação/CBB
    Seleção brasileira treina para jogo contra o Chile desfalcada de alguns de seus principais jogadores
    Seleção brasileira treina para jogo contra o Chile desfalcada de alguns de seus principais jogadores

    Na tentativa de se assemelhar ao futebol no processo classificatório para a Copa do Mundo e deixar as seleções nacionais por mais tempo em evidência, a Fiba (Federação Internacional de Basquete) acabou com dois grandes problemas em suas mãos.

    Verá as equipes nacionais sem jogadores que atuam na NBA e comprou briga com a Euroliga, que reúne os principais clubes da Europa.

    Antes, a classificação para o Mundial acontecia em torneios continentais, a cada quatro anos –entre julho e agosto, quando todos os times do planeta estão de férias. Agora, se dará em eliminatórias que ocuparão seis janelas durante o ano, sistema semelhante ao adotado pela Fifa no Mundial de futebol.

    Para estar entre as 12 participantes na Olimpíada de 2020, uma seleção precisa jogar o Mundial. O torneio dará sete vagas diretas para Tóquio (duas para os melhores europeus, duas para as seleções da América, uma para África, uma para Ásia e uma para Oceania) e outras 16 (independentemente do continente) para quatro torneios pré-olímpicos, de onde sairão quatro classificados.

    Além disso, mais oito seleções (duas da Europa, duas da América, duas da África e duas da Ásia + Oceania) serão puxadas de acordo com seus desempenhos nas eliminatórias. O Japão, como sede da Olimpíada, já está dentro.

    A primeira janela com vistas ao Mundial da China de 2019 ocorre nesta semana. O Brasil estreia nesta sexta (24) contra o Chile, em Osorno, às 22h (de Brasília). Na segunda (27), recebe a Venezuela, na Arena Carioca 1, no Rio.

    O novo sistema, planejado pela Fiba desde 2010 e ratificado em agosto de 2014, nasceu problemático. A entidade sabia desde o início que a NBA não pararia sua temporada. Apesar disso, relevou. Não queria atrito com seu principal reduto de astros.

    A federação internacional, porém, não contava que a Euroliga causaria impedimentos. A entidade marcou rodadas do seu campeonato em datas próximas às das eliminatórias, impedindo que os atletas dos 16 clubes que disputam o torneio de se juntem às suas seleções nacionais.

    Isso, inclusive, tirou o armador Marcelinho Huertas do jogo contra a Venezuela. Ele defende o Baskonia (ESP).

    Todos os demais campeonatos nacionais do planeta foram paralisados.

    Na Espanha, a situação é grave. O técnico Sergio Scariolo teve de montar uma equipe B para enfrentar Montenegro e Eslovênia. Isso porque cinco dos times que disputam a Euroliga são do país.

    A falta de atrativos fez o grupo espanhol de TV Mediaset, em um primeiro momento, abrir mão de exibir as eliminatórias e a própria Copa do Mundo. Entretanto, voltou atrás em sua decisão.

    A posição da Euroliga irritou o argentino Horacio Muratore, presidente da Fiba.

    "Em novembro de 2016, recebemos uma carta da Euroliga dizendo que não marcariam rodada nesta data. Mas, meses depois, divulgaram um calendário com jogos no mesmo dia. Isso é uma traição", disse em entrevista à Folha.

    Por meio de nota, a Euroliga retrucou Muratore. "O calendário da Euroliga não mudou nos últimos 15 anos e sempre houve jogos em novembro e fevereiro. Demos três alternativas, e nenhuma foi aceita. A Euroliga é a única liga que está sendo forçada a mudar o calendário e tem clubes ameaçados de punições. É uma discriminação que não toleramos."

    "A situação no basquete não pode ser comparada de nenhum jeito com o futebol", prosseguiu a nota, na qual a entidade se disse aberta a novas negociações.

    Divulgação/CBB
    Seleção brasileira de basquete durante treino para jogo contra o Chile
    Seleção brasileira de basquete durante treino para jogo contra o Chile

    BRIGA NOS BASTIDORES

    O imbróglio nas eliminatórias é só mais um capítulo da disputa entre a Fiba e a Euroliga, iniciada em 2015.

    Naquele ano, a entidade máxima teve a ideia de criar a Liga dos Campeões. O objetivo era ter um torneio com 16 times capaz de rivalizar com a Euroliga, um órgão independente desde 2000.

    O modelo do torneio, contudo, não foi aceito pelos principias clubes europeus.

    A Fiba alterou a proposta. Fez o torneio com 40 times que não estavam na Euroliga e sugeriu que o campeão levasse uma vaga na liga.

    Com isso, praticamente acabaria com a importância da Eurocup, segunda divisão da Euroliga, que é independente da Fiba. A proposta foi rechaçada pelo Comitê da Euroliga. Então, a Fiba passou a ameaçar de suspensão federações que tivessem times participantes na Eurocup.

    As suspensões nunca se concretizaram, mas azedaram de vez a relação.

    "Dói para nós da Fiba. Federações e atletas são prejudicados", disse Muratore.

    "Estamos em uma situação que não gostaríamos, quando se trata de decidir, entre quem te emprega e que mantém a sua família, e o nosso país", declarou o letão Janis Timmas, do Baskonia.

    NA TV
    Chile x Brasil
    22h Esporte Interativo

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