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    Federação eleva tom e cobra eleição na confederação de esportes aquáticos

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    25/11/2017 02h00

    Satiro Sodré/CBDA/Divulgação
    Miguel Cagnoni. Mesa redonda entre os tres candidatos a presidencia da CBDA. 08 de Junho de 2017, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/CBDA
    O novo presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Miguel Cagnoni

    Em carta assinada por seu presidente no dia 13, a Fina (Federação Internacional de Natação) ampliou a crise com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

    Na missiva, à qual a Folha teve acesso, o uruguaio Julio Maglione reiterou que a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) deve promover novas eleições presidenciais, sob pena de receber sanção ou desfiliação.

    "Nós insistimos que, de acordo com as regras da Fina, a CBDA deve conduzir eleições, em acordo com sua constituição", disse o cartola em trecho do comunicado.

    Ele reiterou que não reconhece a atual diretoria da confederação e só o fará quando um novo pleito for "conduzido de acordo com o texto [estatuto] aprovado pelo Bureau [comitê executivo] da Fina".

    A próxima quinta(30) será decisiva para a questão, em Sanya, na China, onde ocorre reunião do comitê executivo da federação. Além de deliberar sobre mudanças de estatuto exigidas e já realizadas pela CBDA, o posicionamento do grupo dará o tom em relação aos desdobramentos do caso.

    A assertividade da carta do presidente da federação prolongou o impasse que se criou em torno da situação da confederação. Ele já se arrasta há mais de cinco meses.

    A raiz do problema está na eleição que alçou Miguel Cagnoni, ex-mandatário da Federação Aquática Paulista, ao posto de máximo da CBDA, em junho passado.

    Editoria de arte/Folhapress
    Carta presidente FINA - 25/11
    Carta presidente FINA - 25/11

    O pleito foi organizado por um interventor designado pela Justiça –o advogado carioca Gustavo Licks– depois que a juíza Simone Chevrand determinou o afastamento do líder da antiga cúpula da confederação, Coaracy Nunes.

    Nunes e outros três dirigentes de sua gestão –Sérgio Alvarenga, Ricardo Cabral e Ricardo de Moura–foram presos pela Polícia Federal após investigação do Ministério Público Federal apontar que haviam desviado verbas públicas. Posteriormente, todos eles acabaram soltos. Cagnoni foi opositor de Nunes.

    O pleito realizado por Licks aceitou participação de atletas e clubes, o que não está previsto no estatuto da CBDA. A diferença entre o que é determinado no documento e o que foi executado contrariou a Fina.

    A federação, então, passou a exigir que a gestão de Cagnoni realizasse assembleia geral para ajustar seu estatuto às exigências impostas e, em seguida, organizasse nova rodada eleitoral.

    A estratégia adotada pelo cartola brasileiro foi tentar mostrar à federação que não era necessário novo pleito.

    Primeiro, realizou em agosto a assembleia pedida e dela confeccionou um novo texto régio. Em seguida, para tentar comprovar que não haveria motivo para nova eleição, enviou ao órgão cartas de apoio de 19 federações.

    As medidas, porém, não sensibilizaram a Fina, e isso ficou explícito nas comunicações seguintes com a CBDA.

    Todas as comunicações anteriores endereçadas à gestão de Cagnoni haviam sido assinadas pelo diretor-executivo da entidade, Cornel Marculescu. O fato de a última ter sido atribuída a Maglione foi entendido pela confederação como uma elevação no tom.

    REAÇÕES

    A confederação brasileira, que não terá representante na reunião do comitê executivo da Fina, espera que a entidade referende o novo estatuto e aceite o compromisso proposto de promover essas novas eleições em 2021.

    Por outro lado, ela não quer desrespeitar determinação da Justiça. Caso não haja entendimento, o caso pode terminar em litígio ou nos tribunais.

    A Folha apurou que dirigentes brasileiros já falam em recorrer à CAS (Corte Arbitral do Esporte), instância máxima do esporte mundial, se necessário, embora essa não seja a medida desejada por entender que prejudica a modalidade dentro do Brasil.

    O temor maior é que a federação suspenda a CBDA, o que impediria a presença de representações do país em campeonatos internacionais.

    Atletas brasileiros até poderiam competir em eventos promovidos pela Fina, porém sob bandeira neutra.

    Houve uma ameaça do tipo antes do Mundial de Esportes Aquáticos de Budapeste (Hungria), realizado em julho deste ano. Apesar disso, pouco antes do evento a federação assegurou que a presença dos competidores do país não seria afetada.

    CRONOLOGIA

    22.mar.2017
    A juíza Simone Chevrand, da 25ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, determina o afastamento do então presidente da CBDA, Coaracy Nunes, e nomeia o advogado Gustavo Licks como interventor da entidade. A principal incumbência dele é realizar novas eleições

    19.mai.2017
    Miguel Cagnoni, Cyro Delgado e Jeferson dos Santos Borges apresentam chapas para a eleição presidencial, que é marcada para o dia 9 de junho

    8.jun.2017
    Um dia antes da eleição para presidente da CBDA, a Fina envia comunicado para Gustavo Licks e afirma que não reconheceria resultado do pleito, que ia contra as suas regras

    22.mar.2017
    Miguel Cagnoni é eleito presidente da CBDA, e Fina diz que não reconhece nova administração

    22.ago.2017
    Após exigência da Fina, nova administração da CBDA realiza assembleia geral com a presença de observador da federação e refaz texto do estatuto

    8.nov.2017
    CBDA envia carta à Fina na qual reitera a existência do novo estatuto e com apoio por escrito de presidentes de 19 federações estaduais para tentar demovê-la da ideia de pedir novas eleições

    13.nov.2017
    Fina rebate a carta e diz que CBDA deve fazer novas eleições

    30.nov.2017
    Reunião do comitê executivo da Fina em Sanya, na China, vai apreciar o assunto

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