A trajetória do volante do Grêmio Arthur, 21, mudou radicalmente em menos de dez meses. De jogador pouco aproveitado, se tornou titular incontestável do time de Renato Gaúcho, e já entra na mira de Tite para a Copa do Mundo de 2018.

O jogador pode escrever mais um capítulo favorável na história da sua temporada nesta quarta-feira (29), quando a equipe gaúcha enfrenta o Lanús, às 21h45 (horário de Brasília), na Argentina, pela segunda partida da final da Copa Libertadores. No jogo de ida, o Grêmio venceu por 1 a 0.

Ele é a principal peça do trio de volantes gremistas formado também por Jailson, 22, e Ramiro, 24. Apesar da pouca idade, o camisa 29 tem a responsabilidade de iniciar as jogadas ofensivas do time, além de ditar o ritmo da partida com inversões de jogo ou controlando a bola em seus pés.

"Sou um jogador de passe curto, mais técnico. Gosto muito de jogar com a bola nos pés", disse o jovem, que se espelha no espanhol Iniesta, do Barcelona. "Já li uma biografia dele. Assim como eu, ele é uma pessoa reservada".

As qualidades de Arthur, no entanto, demoraram para chamar a atenção dos treinadores da equipe tricolor. Natural de Goiânia, ele chegou ao Grêmio em 2010 e ganhou a primeira oportunidade de treinar com o elenco profissional em 2015, sob o comando de Felipão. Aos 18 anos, porém, jogou por apenas 45 minutos, em uma partida do Gaúcho.

Com a saída do técnico e a chegada de Roger Machado, as chances foram ainda mais escassas. Em 18 meses, foi chamado apenas sete vezes para ficar no banco de reservas.

"Neste período, o Arthur ficou muito chateado. Ele queria jogar e pediu várias vezes para ser emprestado, mas o Grêmio não liberava. No ano passado, o Grêmio ofereceu uma proposta de renovação. Aceitamos desde que ele fosse emprestado, mas não foi", contou Ailton de Melo, 53, pai e principal incentivador do jogador

Sem espaço no clube gaúcho, Arthur quase parou no São Paulo em uma negociação envolvendo o volante Maicon, que deixou a equipe paulista e se transferiu para o Grêmio em 2015. Ele foi indicado por André Jardine, atual treinador do time sub-20 do Morumbi.

"Ele é acima da média no quesito inteligência. Aprendia muito, absorvia muito nos treinamentos. Esse nível que ele chegou não surpreende. Ele está conseguindo manter porque tem qualidade para isso. Ele deve deslanchar", disse Jardine, que foi treinador do volante nas categorias sub-17 e sub-20 do Grêmio.

A situação de Arthur mudou com a chegada de Renato Gaúcho, em setembro de 2016. Ele ganhou uma chance no último jogo do Brasileiro. Neste ano, chamou a atenção do treinador em duas partidas da Primeira Liga e diante do Guaraní (PAR), pela Libertadores, quando o Grêmio atuou com uma equipe mista. Em maio, virou titular incontestável.

"Sempre falo para o presidente [Romildo Bolzan] que o Arthur é a galinha de ovos de ouro do Grêmio. Joga muito, fácil. Nos ajuda bastante e lá na frente vai ajudar o clube", disse Renato Gaúcho recentemente.

Os elogios também vieram de Tite, que convocou o jovem para os jogos contra Bolívia e Chile, pelas eliminatórias.

"Um garoto, por ser garoto, jogando com naturalidade, em um momento importante, com nível de concentração muito alto. Não posso fechar portas, num setor que ele é importante, com a qualidade e o desempenho que ele está tendo, mesmo sendo jovem", afirmou o comandante da seleção.

As boas atuações fizeram também o Grêmio prolongar o contrato do atleta. Antes com vínculo era até 2019, hoje o jogador tem contrato até 2021 com multa de quase R$ 150 milhões.

SUCESSO DE VOLANTES

Arthur é mais um dos volantes revelados nas categorias de base do Grêmio que chegaram à seleção brasileira recentemente.

No ano passado, Walace foi titular da seleção olímpica medalha de ouro na Rio-2016. Hoje, está no Hamburgo. Os outros foram o volante Fernando, atualmente no Spartak, Rafael Carioca, do Tigres, e Lucas Leiva, da Lazio.