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    Presidente do COB se recusa a assumir comitê Rio-2016, que deve R$ 218 mi

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO
    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    06/12/2017 02h00

    Adrinano Vizoni/Folhapress
    Ex-presidente da confederação brasileira de judô, Paulo Wanderley assumiu o COB em outubro
    Ex-presidente da confederação brasileira de judô, Paulo Wanderley assumiu o COB em outubro

    O presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Paulo Wanderley, enviou nesta terça-feira (4) uma carta ao comitê organizador Rio-2016 em que se recusa assumir o comando da entidade.

    A comunicação oficial ocorre no momento em que o rombo financeiro do órgão se amplia. De acordo com a última auditoria, a sua dívida com fornecedores e funcionários chegou a R$ 218 milhões e pode aumentar.

    O maior débito é com a GL Events, de R$ 52 milhões.

    "Declaro minha intenção de dedicar-me integral e exclusivamente ao cargo de presidente do COB, o que me impede de assumir compromisso junto a outras entidades. Desta forma, venho informar a minha recusa em assumir a posição de presidente desta entidade", diz a carta assinada por Wanderley, à qual a reportagem teve acesso.

    A rejeição do dirigente vai prolongar a penúria em relação ao comando do Rio-2016. Pelo estatuto do comitê organizador, seu presidente deve ser o chefe ou o vice-presidente do comitê nacional.

    Antes vice do COB, Wanderley ascendeu ao posto de mandatário em razão da renúncia de Carlos Arthur Nuzman, no mês de outubro. O segundo maior cargo da entidade está vago.

    Nuzman foi preso e posteriormente liberado pela Polícia Federal, suspeito de atuar como "ponte" em esquema de compra de votos para eleger o Rio sede dos Jogos.

    Por ora, o Rio-2016 tem sido conduzido interinamente por Edson Menezes, vice-presidente do conselho diretor.

    Além de Menezes, também fazem parte do conselho diretor da Rio-2016 Luiza Trajano (empresária), Bernard Rajzman (ex-jogador), Manoel Felix Cintra Neto (ex-presidente da BM&F) e José Antônio do Nascimento Brito (ex-presidente do conselho editorial do "Jornal do Brasil").

    A interinidade, contudo, não pode mais ser exercida.

    Entra aí a figura de Wanderley que deveria assumir o posto de acordo com as regras estatutárias. Ainda não há uma definição sobre o que será feito em razão da recusa.

    As regras do COB também previam o acúmulo de funções -estratégia do ex-presidente Carlos Arthur Nuzman para comandar, de forma inédita, as duas entidades-, mas Wanderley conseguiu tirar a obrigatoriedade na reforma do estatuto aprovado há duas semanas.

    Em entrevista à Folha, há dez dias, o presidente do COB já havia indicado a intenção de renunciar ao cargo no Rio-2016. "Há de se convir que eu não fui eleito para isso", comentou ele na ocasião.

    Wanderley afirmou que havia encomendado uma avaliação jurídica sobre o que seria possível fazer para não assumir o órgão endividado.

    A recusa ocorre quando novos canais de diálogos haviam sido abertos com o COI (Comitê Olímpico Internacional) na tentativa de obter novo apoio financeiro para abater a dívida da entidade.

    Sem dinheiro para quitar os débitos, o comitê organizador viu seus principais parceiros fecharem a torneira. A União disse que não vai repassar mais verbas. O mesmo foi dito pela Prefeitura do Rio e pelo governo do Estado.

    De acordo com o contrato da cidade-sede proposto pelo COI, prefeitura e Estado arcariam com eventuais deficits dos Jogos Olímpicos de 2016.

    O Comitê Rio-2016 operou com uma receita de R$ 8,8 bilhões para realizar a Olimpíada, obtida entre repasses do COI, venda de ingressos e produtos licenciados. De acordo com seu estatuto, ele tem de ser encerrado até 2023.

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