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    Para José Carlos Peres, Santos está 'à beira do colapso' financeiro

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    08/12/2017 02h00

    Claudio Vitor Vaz - 7.nov.2014/A Tribuna Santos
    SANTOS, SP, 07-11-2014: O economista José Carlos Peres, diretor executivo do G4 Aliança Paulista e candidato a presidência da equipe do Santos, durante entrevista na cidade de Santos (SP). (Foto: Claudio Vitor Vaz/A Tribuna Santos) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O economista José Carlos Peres, diretor executivo do G4 Aliança Paulista e candidato a presidência do Santos

    José Carlos Peres rejeita a acusação de que a união das oposições no Santos não aconteceu por causa dele.

    "Houve reuniões e eu disse que abriria mão da candidatura. Fiz apenas uma pergunta: para quem? Teria de ser alguém mais preparado do que eu", responde o candidato à presidência.

    Na visão dele, não há. Aos 69 anos e aposentado do mercado financeiro, considera que esta é a sua última chance para realizar o sonho de ser presidente. Algo que quase aconteceu no final de 2014. Perdeu para Modesto Roma Júnior por 182 votos na segunda votação. A primeira, realizada uma semana antes, foi anulada por tentativa de fraude.

    "Muita gente que viajou para votar, não voltou. Pelos meus cálculos, se a primeira votação fosse adiante, eu teria vencido."

    Criador da ONG Santos Vivo, em 2000, Peres teve relação com todas as administrações que passaram pelo clube desde então. Afirma que fez isso para ajudar, acima de correntes políticas.

    Qualquer conversa com o candidato na campanha é recheada pela expressão "choque de gestão". É a maneira de dizer como pretende mudar os destinos do Santos. Ele evita ao máximo fazer ataques aos concorrentes para passar a imagem de quem deseja apenas apresentar propostas. Essa estratégia quase lhe rendeu a presidência há três anos.

    "Eu já provei o quanto sou santista. Não sou paraquedista que apareci neste ano. Estou no clube há mais de 20 anos", afirma.

    Para ocupar a vaga de vice, fechou acordo com Orlando Rollo, que também foi candidato em 2014 e ficou em quarto. A estratégia é que Peres apele ao público que está em São Paulo. Rollo, ex-líder da Torcida Jovem, tem penetração em Santos e com o eleitorado mais jovem. Ambos cederam para costurar a aliança.

    Peres sempre foi partidário da construção de uma nova arena. Hoje quer dividir as partidas entre a Vila Belmiro e o Pacaembu. Rollo era ferrenho opositor do voto pela internet para as futuras eleições presidenciais. Hoje, a ideia é uma das bandeiras da chapa.

    "O Santos está à beira de um colapso e precisa de um choque de gestão. Alguém tem de arrumar o clube."

    Leia abaixo a entrevista com José Carlos Peres.

    *

    Folha - Como estão suas contas de votos para a eleição?

    José Carlos Peres - Estão boas. Acredito que a união com o Orlando Rollo deu mais aderência à campanha porque ele tem mais entrada com os jovens, no interior, na capital. Aquela torcida de garotos que se tornou sócia do clube. Ele está trazendo muito voto. Acho que estamos com grandes chances de ganhar e o Modesto Roma Júnior é o nosso principal alvo.

    O senhor está sofrendo ataques de que torceu contra o time no Brasileiro, que mandou carta parabenizando o título mundial do Corinthians em 2012...

    Não dou atenção. Contanto que não atinja a honra, tudo bem. Eu posso dizer, por exemplo, que o Modesto Roma é palmeirense. O sobrenome dele é italiano, Roma, e ele é palmeirense. É verdade? Entre eu dizer e ser verdade tem uma distância grande. Eu acho que ele é santista e eu também sou. Eu já provei o quanto sou santista. Não sou paraquedista que apareci neste ano. Estou no clube há mais de 20 anos, sempre ajudando. Teve um período que fiquei no G4 [grupo de marketing que reúne os principais clubes do Estado] e trabalhei com o Marcelo [Teixeira] em 2005. Eu ajudei todas as gestões do clube no que me foi possível ajudar e no que me pediram para ajudar. Eu e o Odir Cunha [jornalista e historiador do clube] fizemos a unificação dos títulos brasileiros, um trabalho de dez anos. Conseguimos trazer para o Santos seis títulos brasileiros sem o clube colocar um centavo até hoje. Eu pergunto: quanto vale um título brasileiro? Vale muito. Imagine seis. Obviamente que isso é fruto dos jogadores do passado, dos grandes times. O que falamos é o reconhecimento pela CBF que colocou as conquistas no ranking.

    Como o senhor avalia a gestão do atual presidente?

    A gestão dele já está sendo julgada. Um balanço reprovado já é um julgamento. O segundo balanço teve mais de 30 ressalvas. A gestão do futebol não foi interessante nos últimos dois anos. O Santos perdeu títulos que poderia ter vencido com mais planejamento. O sócio é que vai dizer se ele deve ficar mais três anos ou se é hora de mudar para uma nova gestão séria, consistente, com projetos viáveis.

    Em 2014 o senhor ficou em segundo, mas a primeira data de votação foi cancelada por causa de uma tentativa de fraude. Se esta primeira votação não tivesse sido cancelada, o senhor teria vencido?

    Pelos nossos cálculos, eu teria vencido. Nós perdemos por 182 votos. Perdemos muitos votos de gente que veio do interior do Paraná, Rio Grande do Sul, Brasília. Muitos votantes também do interior de São Paulo que não retornaram depois. A eleição foi no dia 6 de dezembro e passou para o dia 13. Muita gente não voltou. Na Federação Paulista havia 2.550 inscritos. Quando a eleição foi parada, em São Paulo havia filas. Na segunda, foram 1.050. Olha a diferença.

    São três candidatos de oposição no Santos. Por que não houve uma união das oposições?

    Não foi por falta de tentativa. A direção dos grupos queria união. Todos eles. A gente não imaginou que apareceriam os seguidores. São os mais radicais. Não houve união por conta dos radicais. De todos. Eles não permitiram essa junção. A boa vontade existiu.

    O Rueda afirma que não houve uma união com a sua chapa porque o senhor teria dito que, por ter sido o segundo colocado na última eleição, deveria ter preferência.

    Na primeira conversa, as oposições se reuniram e não havia chapa. Houve apelo para que eu não saísse candidato. A minha pergunta foi: então quem? Só me falem o nome. Quem seria? "Ah, mas entre nós você não é o favorito." Tudo bem. E quem será? Vieram com outro nome que pode ter sucesso na vida profissional, mas não conhece o clube. Eu disse que tinha sido o segundo na última eleição, o que já me qualifica para ser candidato. Segundo: eu tenho experiência de clube. Terceiro: tenho experiência de futebol. Possuo um histórico no Santos que essas pessoas não têm. Não era a minha obsessão a presidência, mas uma questão de justiça. Se tivesse aparecido alguém qualificado, eu teria aberto mão. Mas teria de ser alguém mais qualificado que eu. Fui incisivo que meu objetivo era arrumar o clube.

    Ter três chapas de oposição não favorece ao atual presidente?

    Sem dúvida pode ajudar. Entendemos que o sócio é quem vai decidir. Vai ter voto útil. Quem estiver mais disparado, vai receber o voto útil...

    Mas eleição para presidente do Santos não é igual a eleição para presidente da República, em que toda semana há uma pesquisa de intenção de votos e o eleitor sabe mais ou menos o quadro eleitoral.

    O Santos atingiu tal estágio de problemas, a cada dia é uma coisa diferente. O Santos está à beira de um colapso financeiro. Alguém tem de arrumar o clube. Eu não acredito que o sócio vai continuar na mesma mesmice de agora. Existem seguidores do ex-presidente do clube (Marcelo Teixeira) que apoiam a gestão atual. Mas nós temos seguidores também. Ao longo desses anos, na prestação de serviços para o clube, também conquistamos seguidores. Só no dia 9 de dezembro saberemos o que o sócio decidiu. Nós nos consideramos a melhor opção. Temos um plano de gestão e fomos o primeiro [a apresentá-lo].

    Uma discussão desta eleição é essa relação Santos-São Paulo, que não é nova. Há um movimento cada vez mais forte para que o Santos seja menos de Santos?

    Qual foi a grande modificação desde 2000, quando criei a ONG Santos Vivo? São 17 anos e veio uma juventude. Esta emergiu. Uma juventude muito mais progressista que já enxerga que o Santos não é só de Santos ou de São Paulo. É do Brasil e do mundo. Essa divisão prejudica o clube. Nós queremos unir. O Santos é um vaso que caiu do sexto andar e se quebrou em mil pedaços. Alguém precisa colocar o vaso na mesa, juntar os cacos e colar. Deve fazer isso para as mudanças que vêm por aí. Não existe Santos nem São Paulo. Eu sou de Monte Azul Paulista, mas eu amo Santos e São Paulo. Não há motivo para dividir o clube. O Santos é um só. Cinquenta quilômetros não separam uma ideia.

    O senhor usa o mantra de "choque de gestão", que é uma expressão vaga, que pode dizer tudo e pode não dizer nada. O que significa isso?

    Começa por enxugar as despesas, gastar bem o dinheiro. O orçamento tem de ser pensado de forma técnica e responsável. Ninguém pode sair gastando dinheiro como se gastou neste ano. Está aí para todo mundo ver. Achamos que isso é um choque de gestão, ter o equilíbrio fiscal. O Santos não pode crescer mais em dívida. O Santos está à beira do colapso e isso não é brincadeira...

    O senhor está pronto para assumir isso no primeiro dia? O presidente Modesto Roma afirma que não foi feita nenhuma antecipação de receita para 2018.

    Vamos fazer uma auditoria de todos os contratos. Vamos saber qual o estágio [da dívida] e qual o futuro que nos foi subtraído. O Santos é uma caixa preta. Nós teremos de tirar uma fotografia real do curto prazo, que preocupa. O que tem de receita e o que tem de pagar. Contrato se renegocia. Eu considero que a renegociação exige mais inteligência do que a negociação. Vamos ter de arregaçar as mangas e contar com as melhores cabeças em todas as áreas do clube. Vamos perseguir isso. Não vai ter mais QI de "quem indica" no clube. Não vai existir mais. Se alguém ocupar um espaço, pode ser de Santos, de São Paulo, de qualquer lugar. Desde que a gente saiba que vai render para o clube. Temos de trabalhar muito a receita com a entrada de novos sócios. Da base de 55 mil sócios, que foi o ápice, temos de 10 a 12 mil adimplentes. Se tem credibilidade, todo mundo vem junto. Quem não quer um Santos grande? Dívida não se zera em três anos. Seria eleitoreiro falar em dívida zero, mas vamos ter de enfrentar. Equilíbrio fiscal? Vamos enfrentar. Você tem de empolgar e motivar o torcedor com hospitalidade, receber com mais civilidade, ter banheiro limpo, uma recepção legal. Utilizar o Pacaembu... Vamos buscar receita aqui. Jogador tem de estar junto no projeto, tem de saber a camisa que ele veste. Há jogador que está no clube e não sabe o peso da camisa.

    Dizer que o Santos é uma caixa preta é uma expressão que aparece em todas as eleições. O que o senhor pretende fazer para que quando o senhor saia, o Santos não seja uma caixa preta?

    Criar um portal da transparência e que o sócio tenha acesso. A vida do Santos tem de estar ali dentro. Contratação de jogador, questão financeira do clube...

    Salário?

    O valor da contratação, sim. Algumas informações são disponíveis, outras não por questão de confidencialidade. Mas sempre aberto para esclarecer. Vamos buscar todos os dados do Santos de 2000 para cá.

    Quem vai cuidar do futebol?

    Um executivo de futebol, um superintendente remunerado com o que o mercado paga e com o que o Santos pode pagar. Só não pode ocupar cargo no clube alguém que está lá apenas porque trabalhou na eleição. Se trabalhou na eleição é porque é santista.

    O senhor tem planos concretos encaminhados?

    Sim, temos opções para executivo de futebol que também será responsável pela base. Tem de ser um cara que tenha conhecimento forte do futebol brasileiro. Vamos colocar um diretor administrativo e financeiro com metas a cumprir. O futebol terá um novo organograma de acordo com a boa gestão. Vamos adequar o clube a um novo tempo. O Santos vem seguindo o mesmo ritmo há anos, aumenta a dívida, não existe responsabilidade. A gente quer um dispositivo e propor uma reforma estatutária para que o presidente que assumir o clube e aumentar a dívida, seja em 50 reais, 50 mil reais, um milhão, vai arcar com seu próprio patrimônio. Aumento de dívida, só com autorização do conselho deliberativo e se estiver diante de necessidade real. Se for para atender á sua vaidade, não vai acontecer. O Santos sempre se salva na base.

    O senhor é a favor do comitê de gestão?

    O comitê de gestão é uma questão estatutária.

    Mas o estatuto pode ser alterado.

    Sim. Defendemos que haja um conselho de administração eleito no intervalo das eleições presidenciais. Cabeças do clube que estejam acima do bem e do mal. Que não sejam políticos. O ideal se persegue. Às vezes, você não consegue tudo. Mas uma parte consegue. Se vai vender um jogador por valor X, sobe para o conselho de administração para ver se aprova. O que a gente precisa é dividir responsabilidade.

    Uma das críticas que se faz ao comitê de gestão (e feita no passado pelo seu candidato a vice, Orlando Rollo) é que este torna lento o processo de tomada de decisões.

    De forma alguma! Respeito a opinião dele. Ele mudou bastante, aliás... Defendeu isso em 2014, mas hoje tem ideia muito mais avançada. Orlando procurou conhecer o esporte por dentro. Ele tem um comportamento muito mais de dirigente hoje. O comitê de gestão é benéfico porque divide responsabilidades e corrige desvios. Quando é presidente sozinho vende o jogador e apenas comunica, este não é o nosso CG. O nosso é o que tenha bom senso para julgar qualquer projeto e negociação. Eu aprendi em banco que qualquer negociação tem de ter quatro pessoas na mesa. Isso, mais do que trazer a transparência, mais do que trazer certeza, vai trazer benefício ao clube, que terá responsabilidade. Tudo isso vai para o portal da transparência. Quem votou no que... Vai ser gravado em áudio e vídeo, registrar em cartório e encaminhar todas as decisões para o presidente do conselho deliberativo.

    O que o senhor acha do elenco atual?

    Já provou que não é tão ruim quanto estão dizendo agora. Durante o campeonato inteiro, o Santos se manteve em posição boa. Segundo, terceiro... Você pode dizer que o campeonato está uma droga, mas não é bem assim e o Santos tem ido bem. O problema maior é de falta de comando. Precisa de reforços? Claro que precisa. Teremos jogador entrando e saindo.

    O senhor pretende fazer alguma contratação de impacto?

    Depende do que vamos encontrar. Não dá para fazer mágica. Não vou fazer mais dívida. Se aparecer um bom negócio... Hoje se dá bem no mercado quem sabe explorar a Lei Pelé. O clube que tiver inteligência na contratação não vai pagar multa.

    E técnico?

    A gente vai mudar um pouco a escolha de técnico. Tem de ser um perfil do clube. Senão chega uma hora em que tem de demitir e pagar multa.

    O que significa isso?

    Jovem, que trabalhe com jovens, que aceite esta tarefa e tenha comando... É difícil encontrar o perfil, mas achamos alguns nomes. E precisa ter o DNA ofensivo. É um requerimento. Com certeza não será um técnico que joga na retranca. É preciso ensinar também na base que o DNA do Santos é ofensivo.

    O senhor sempre foi defensor do novo estádio. Hoje 50% dos jogos no Pacaembu e 50% na Vila. O senhor esqueceu a construção da nova arena?

    Não. Arena sempre está entre os nossos objetivos. Mas neste momento, desejar não é poder. Se vencermos a eleição, vamos encarar um clube em janeiro a beira de um colapso. O desejo da arena é naquele formato que alguns clubes brasileiros já fizeram. No caso do Pacaembu, queremos que um grupo assuma o estádio, nós entramos com a bandeira, jogamos lá e o grupo explora parte dos eventos, shows... Um percentual vem para nós e jogamos sem custo. Pacaembu só vai virar arena se tiver um grupo forte para investir. O Santos pode entrar na concorrência do Pacaembu, mas em um consórcio. Não há como ter a responsabilidade para manter dois estádios. Óbvio que o Santos, pelo tamanho que tem, terá de ter uma arena algum dia. Vamos preparar o terreno. Um estádio para 15 ou 20 mil pessoas, uma mini-arena em Santos, mas sempre pensando que esta nova arena deve ser no mesmo terreno onde hoje está a Vila Belmiro. As grandes lideranças da cidade pensam como nós. Qualquer tipo de arena tem de ser feita no terreno do Santos. Derrubar a Vila e fazer uma nova.

    Os clubes encontram muita dificuldade para obter patrocínio. O que o senhor vai fazer de diferente?

    Ser diferente.

    Ser diferente pode significar muitas coisas.

    A gente precisa oferecer um valor agregado para o patrocinador, o que é muito difícil hoje em dia. Ele tem um clube envolvido em escândalo de estádio, arena [o Corinthians]... Esse clube vai ter muita dificuldade no mercado. Nós queremos ser diferentes. Queremos ser responsáveis, ter credibilidade e gestão profissional. Este é o sonho de grandes patrocinadores. Não foi só a crise que afetou grandes patrocinadores do futebol. Precisamos ter um comercial eficiente, marketing eficiente.

    E o Pelé?

    Pelé tem de a imagem do clube, não é parceiro de negócios. Ele já passou da idade de ser a nossa imagem. Contrataram o Pelé para entregar pizza.. [citando ação de marketing feita quando o presidente era Luis Alvaro] Falei para o Pelé que eu vou estender um tapete vermelho porque precisa ser um de nós. Ele nem precisa receber dinheiro do clube. É o momento de o Pelé ser o presidente de honra. No comitê de gestão temos de ter uma cadeira para o Pelé. No camarote do presidente, bem reformado, o Pele tem de ter a cadeira fixa dele e ninguém vai ocupá-la quando ele não estiver. A representatividade do clube deve ser dele. Quando vai para a Holanda, para EUA, Europa, tem de falar que é presidente do Santos. Pelé é naturalmente o nosso presidente de honra.

    Fala-se de uma falta de atmosfera na Vila em dias de jogos.

    Mas qual é o perfil do nosso torcedor? Ninguém sabe. Não há um aplicativo para smartphone, por exemplo. A gente vai buscar esse perfil. Existe uma lenda de que o ingresso na Vila é caro e o estádio está elitizado. Eu não concordo com isso. Precisa melhorar a hospitalidade, ser receptivo, ter facilidade para comprar ingressos, banheiro limpo... Vamos intercalar Santos e São Paulo. Um jogo lá e um jogo aqui. O torcedor não vai ter dinheiro para ir a todos os jogos, mas de 15 em 15 dias, vai. Do jeito que está hoje, você não pode vender um carnê de partida porque muda o local.

    Há solução para a base? Todos os clubes sofrem com isso, mas não estar tão concentrado nas mãos de dois empresários como é no Santos.

    Há. É transparência. A reputação estar envolvida isso. Não teremos nenhum empresário de estimação. O Santos hoje é uma ilha em que você só chega com o barquinho do rei. O plano é acabar com esse emparedamento, ter comissão para recepcionar o jogador da base, não o técnico. Se um jogador for dispensado, quem vai decidir será a comissão. O técnico vai voltar à função que deveria ter, treinar o time e colocar em campo. A base terá uma reformulação completa. Não só reformulação da parte técnica, como também de conceito. Isso é o que nós prometemos com bastante conhecimento. Ter um grupo no Brasil inteiro de captadores de talentos e regras de que o clube tem de ficar com 80% do jogador. O garimpador não precisará dar nada a empresário, poderá vir direto no Santos. Os dirigentes foram incompetentes nesses anos todos e permitiram que o empresário seja mais inteligente que o clube. Os contratos vão para o portal da transparência e o torcedor vai saber quem tomava conta do profissional e quem tomava conta da base. A base vai ser a coroa do rei porque quem salva o time principal é sempre a base. Não pode aproveitar esses jogadores só na hora de crise. Tem de ter um plano de carreira para o jogador. A base do Santos será moralizada.

    O Santos vive do que acontece dentro do campo e o senhor faz muitas promessas administrativas. Está preparado para as cobranças?

    Estou preparado para isso, mas tenho certeza que o futebol tem de ter um tratamento à parte. É o carro-chefe e será ser tratado assim. Quando digo trazer um diretor executivo é para que a gente tenha a melhor política. Todos os departamentos terão uma bala de prata. Não podemos errar. O time tem de voltar a jogar com bastante tranquilidade. Vamos buscar reforços. O tiro é curto porque vamos pegar o clube em 2 de janeiro. Dia 15 ou 16 começa o Paulista. O Santos já tem uma base. Precisa de uma peça mais experiente, trazer alguém que comande esse time. Comando também existe dentro de campo. Sempre tem um cara que ajuda o treinador dentro de campo. Hoje não tem. Vamos ter um time forte.

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