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    Assessor do Fluminense e mais 6 são presos em operação da Polícia Civil

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    11/12/2017 07h54 - Atualizado às 21h56

    Reprodução/TvGlobo
    Assessor de imprensa da presidência do Fluminense, Artur Mahmoud, foi preso nesta segunda-feira (11)
    Assessor de imprensa da presidência do Fluminense, Artur Mahmoud, foi preso nesta segunda-feira (11)

    A Polícia Civil do Rio prendeu nesta segunda-feira (11) sete pessoas acusadas de integrar um suposto esquema de repasse irregular de ingressos para torcidas organizadas e cambistas.

    O assessor de imprensa da presidência do Fluminense, Artur Mahmoud, foi um dos detidos. Além dele, a polícia prendeu o presidente da torcida organizada Raça Fla, Alesson Galvão de Souza, o gerente de Arenas do Fluminense, Filipe Ferreira Dias, e Cláudio Tavares Lima, funcionário da tesouraria do Flamengo.

    Um funcionário e dois prestadores de serviço da empresa responsável pela confecção dos ingressos do Flamengo também foram presos.

    Segundo a delegada Daniela Terra, os ingressos chegavam aos cambistas após dirigentes dos clubes entregarem os bilhetes para integrantes das torcidas organizadas. A partir daí, os cambistas vendiam as entradas por preços superiores ao valor de face. Até mesmo torcidas organizadas banidas dos estádios recebiam ingressos.

    A ação policial, coordenada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil, faz parte da segunda fase da Operação Limpidus. No total, são 14 mandados de prisão.

    Cinco já haviam sido cumpridos na primeira fase. O chefe de Segurança do Vasco, Edmilson José da Silva, conhecido como "Tubarão", e Rodrigo Santos, tambémf funcionário do clube, não foram encontrados e são considerados foragidos.

    Rafael Andrade - 05.dez.2010/Folhapress
    Torcida do Fluminense
    Torcida do Fluminense

    No último dia 1º, três integrantes de torcidas organizadas do Fluminense foram presos. Eles também foram acusados de receber ingressos da diretoria do clube e revendê-los a cambistas.

    Na ocasião, Pedro Abad, presidente do Fluminense, Eurico Brandão, vice-presidente de futebol do Vasco, e Anderson Simões, vice-presidente de estádios do Botafogo, prestaram depoimento.

    "São dois crimes cometidos pelo grupo. O primeiro seria facilitação ao cambismo e o segundo seria estelionato por fornecer ingressos para dirigentes de torcidas organizadas, que caíam muitas vezes nas mãos de cambitas", disse o promotor Marcos Kac, do Grupo de Atuação Especializada em Estádios (Gaedest) do Ministério Público do Rio.

    Dirigentes e membros de torcidas do Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo e Flamengo também foram conduzidos para depoimento.

    Ao ser flagrado por gravações telefônicas autorizadas pela Justiça negociando a liberação de ingressos para integrantes de uma organizada banida dos estádios, Simões foi afastado do cargo no Botafogo.

    "A investigação permanece. Todas as pessoas citadas podem ser chamadas, denunciadas ou ter a prisão temporária decretada", disse o promotor.

    Nenhum dos presos quis prestar depoimento. De tarde, eles foram transferidos para a Polinter, de onde seriam levados para presídios no Rio de Janeiro.

    "Nós temos uma missão muito grande, que é de acabar com a corrupção dentro do futebol e de reduzir a violência que permeia os estádio. Chegamos fortemente à conclusão que, se não estancarmos o dinheiro que chega nessas torcidas, não vamos conseguir reduzir a violência", disse o promotor.

    SUL-AMERICANA

    O Ministério Público e a Polícia afirmaram que estão investigando o repasse de ingressos para cambitas na decisão da Copa Sul-Americana, nesta quarta-feira (13), no Maracanã. O Flamengo decidirá o título contra o Independiente, da Argentina.

    Os ingressos para a decisão estão esgotados desde a semana passada. A venda foi feita pelo programa de sócio torcedor do clube.

    A carga total para o jogo é de 66.481 ingressos, sendo que 52.181 ingressos foram colocados à venda para torcedores. Na internet, um bilhete é oferecido por R$ 780.

    Ricardo Borges/Folhapress
    Torcida do Flamengo no Maracanã
    Torcida do Flamengo no Maracanã

    OUTRO LADO

    O Fluminense classificou como "desnecessárias e arbitrárias" as prisões de Artur Mahmoud e Filipe Dias.

    Em nota, o clube "afirma que confia na correção de seus funcionários". De acordo com o Fluminense, eles "já prestaram todos os esclarecimentos quando chamados a depor como testemunhas". No final da nota, a agremiação "reafirma que vai seguir auxiliando nas investigações da Polícia Civil e do Ministério Público".

    Também em nota, o Flamengo afirmou que "não tem qualquer tipo de participação em esquemas de repasse de ingressos para cambistas ou para qualquer pessoa que queira se beneficiar ilicitamente da venda de ingressos".

    "Pelo contrário: em todos os momentos em que o clube tomou ciência de práticas contra a lei no que diz respeito ao assunto, notificou a polícia e colaborou com as investigações para sempre defender os interesses dos rubro-negros", acrescentou. Na nota, o Flamengo não citou o nome do funcionário preso.

    Um porta-voz da torcida Raça Fla informou que a organizada não recebe ingressos do Flamengo.

    O Vasco afirmou que só irá se pronunciar sobre o pedido de prisão dos seus dois funcionários após ter acesso ao processo.

    A Imply afirma que todos os ingressos de jogos do Flamengo são entregues direta e exclusivamente ao clube e registrados em protocolo.

    Na nota, a empresa diz que "não compactua e não tolera atos que comprometam os valores éticos estritamente seguidos desde a sua fundação, há 15 anos".

    Um funcionário e dois prestadores de serviços da empresa foram presos nesta segunda na operação policial, que deve ter outra fase até o final deste ano.

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