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    No Grêmio, Renato Gaúcho briga até por 'bicho' para jogadores

    FÁBIO ALEIXO
    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    16/12/2017 02h00

    Prestes a escrever seu nome mais uma vez na história do Grêmio, Renato Portaluppi ou simplesmente Renato Gaúcho, 55, é mais do que um estrategista ou um mero treinador para os jogadores gremistas. Ele é um deles.

    Renato se tornou um escudo para os atletas e se envolve até na discussão do bicho -premiação extra por objetivos alcançados pelo clube- durante a temporada. Ele faz questão que o restante da comissão e funcionários do departamento de futebol também recebam a bonificação.

    É nesta confiança que muitos acreditam residir o trunfo capaz de fazer o time gaúcho superar o Real Madrid e faturar o bicampeonato mundial. A equipe conquistou o seu primeiro título do torneio em 1983, quando Renato, aos 21 anos, foi o protagonista ao marcar os dois gols da final.

    "Ele tem o estilo boleirão, fala a língua do jogador e tem um controle muito grande do vestiário. Ele sabe o momento de dar um puxão de orelha e o momento de chamar o jogador para dar o apoio. É um paizão. Tudo o que ele fala envolve o jogador querer vencer", disse Edilson, 31, que já havia trabalhado com o treinador em outras duas oportunidades.

    Quem convive com o técnico vê mudanças no seu comportamento ultimamente.

    "No convívio, ele continua o mesmo. Tanto é que o grupo corre por ele. Agora, extracampo mudou muito. Antes, era um cara polêmico e agora está mais contido. Ele amadureceu muito porque tem ambições e quer dar uma sequência na carreira", disse Marcelo Grohe, 30.

    Ex-técnico de Renato no Grêmio, Valdir Espinosa também vê um amadurecimento na carreira do gaúcho.

    "Quando o Renato trabalhou no Madureira em 2000, ele não quis falar de futebol quando fomos tomar um chopp. Ali, pensei que ele não ia ser um grande treinador. Nos últimos anos, senta para tomar chopp e conversa sobre futebol, de tática", afirma o amigo do que já foi treinador, auxiliar e coordenador de Renato Gaúcho.

    Em entrevistas, o comandante do Grêmio diz que estuda futebol assistindo jogos transmitidos pela televisão e que não vê na Europa nada de diferente do que é praticado no Brasil.

    Pessoas próximas ao treinador o definem como "analógico". Ele não é adepto das novas tecnologias. "Meu telefone é para fazer e receber ligações", repete aos amigos.

    O técnico não consulta com frequência os dados dos atletas fornecidos pelo setor de análise de desempenho dos clubes onde trabalha. Ele prefere observar os vídeos produzidos com as características dos adversários.
    Entre seus comandados, tem a fama de conseguir enxergar o jogo no momento de fazer as modificações. Exemplos recentes não faltam.

    No primeiro duelo contra o Lanús na final da Libertadores, adiantou a marcação de sua equipe no segundo tempo e colocou Jael e Cícero. O atacante deu a assistência para o meio-campista marcar o gol da vitória.

    Na semifinal do Mundial, na terça (12), escalou o talismã Everton no segundo tempo do jogo contra o Pachuca. Foi ele quem marcou na prorrogação o único gol da vitória sobre os mexicanos.

    "Ninguém acerta sempre, mas quando o Renato faz alguma troca durante o jogo ele acerta quase sempre. Ele olha muito bem o jogo, sabe o que o time precisa em cada momento", afirma o zagueiro Kannemann, 26.

    Atletas e ex-companheiros afirmam que o treinador está mais contido e fugindo das polêmicas. O que não o impede de manter a sua irreverência. Após o título da Libertadores, "decretou" feriado em Porto Alegre. Também gosta de repetir sempre que perguntado que foi melhor jogador que o português Cristiano Ronaldo, rival na decisão deste sábado (16).

    "Eu mantenho. Ele é um grande campeão, todos os anos procura quebrar os próprios recordes. É também muito generoso, o que eu admiro muito. Mas é muito fácil vocês que não me viram jogar, elogiarem Cristiano Ronaldo", disse Renato, único brasileiro campeão da Libertadores como técnico e atleta -ambos pelo próprio time gaúcho.

    A expectativa agora é que Renato consiga acertar o Grêmio para o duelo contra o Real Madrid e escreva mais um capítulo vitorioso na sua história com o time, que o projetou.

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