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    Campeonato Brasileiro 2017 - Série A

    Em baixa, média de gols marcados em jogos no Brasil descola da Europa

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    17/12/2017 02h00

    Ricardo Nogueira-23.nov.2017/Folhapress
    Jadson anota gol pelo Corinthians contra o Atlético-MG
    Jadson anota gol pelo Corinthians contra o Atlético-MG

    Há quase uma década, a curva da média de gols por partida do Campeonato Brasileiro aponta para baixo. Tendência que não encontra eco nos principais campeonatos da Europa, nem nas Copas do Mundo e muito menos na Liga dos Campeões.

    Nem sempre foi assim (veja quadro abaixo). Na primeira metade dos anos 1990, o Brasil e o mundo viveram o futebol ofensivo. O viés da curva da média de gols por jogo era de alta.

    "A Copa dos atacantes" decretou o grupo de estudo da Fifa no relatório sobre o Mundial dos Estados Unidos, em 1994. Se quatro anos antes, na Itália, o torneio marcado pelos líberos tinha derrubado a média de gols de forma inédita, as redes haviam voltado a balançar bastante.

    Até hoje, o mundial vencido por Romário e companhia tem a segunda maior média de gols desde 1974, perdendo apenas para o torneio de 1982. Dos 141 gols do torneio sediado pela Alemanha, 67% foram feitos por atacantes. O de maior média de gols na história foi o de 1954.

    O aumento de gols também foi percebido no Brasil. Disputados com finais em mata-mata, os Brasileiros de 1993 e 1994, vencidos pelo Palmeiras, bateram as médias de 2,5 e 2,4 gols por jogo, até então, as maiores da década.

    Era o início de uma curva ascendente da média de gols do Brasileiro que iria até 2005, com poucas regressões.

    Desde então, o patamar da média de gols por jogo do Campeonato Brasileiro caiu.

    Entre 2015 e 2017, o índice de 2,4 gols por partida registrado em cada um dos anos é o mesmo anotado em 1994. Neste período, o pico foi em 2015, quando o Brasileiro vencido pelo Corinthians, com um ataque que marcou 71 gols, teve 3,1 gols por jogo.

    Editoria de arte
    GOLS EM MARCHA RÉ Queda de média, ao contrário do resto do mundo, faz Brasileiro voltar ao índice dos anos 1990

    "Nós precisamos resgatar a nossa essência. Olhar para o nosso umbigo e revelar jogadores de talento [para marcar mais gols]. Temos cada vez menos futebol. O jogo é burocrático e só tem marcação", diz o técnico Vanderlei Luxemburgo à Folha.

    O treinador, um dos símbolos do futebol ofensivo dos anos 1990, é contra importar modelos europeus. "O futebol da Alemanha serve para a Alemanha", diz.

    Para Mano Menezes, atual campeão da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, o futebol brasileiro passa por um momento normal de transição.

    "Antes, nos defendíamos mal e exportávamos os jogadores extraclasse. Agora, estamos nos defendendo melhor e continuamos a exportar os jogadores", analisa Mano, que ainda indica o desafio para o futuro próximo.
    "Neste segundo momento, precisamos continuar defendendo bem, mas encontrar soluções ofensivas, com um jogo mais treinado, sem depender das individualidades, porque não as temos mais".

    O pesquisador Israel Teoldo da Costa, coordenador do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol da Universidade Federal de Viçosa (MG) enxerga até uma influência do torcedor na mudança das equipes, que traz como consequência a redução no número de gols.

    "Eles já entendem que o título nem sempre é possível. Com isso, a torcida aceita o time atuando mais fechado mesmo em casa, jogando por uma bola. O Corinthians, por exemplo, neste ano, ganhou várias partidas por 1 a 0", diz.

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