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    Ex-presidentes voltam ao Palmeiras com disputa entre Leila e Mustafá

    DIEGO GARCIA
    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    21/12/2017 02h00

    Keiny Andrade/Folhapress
    Mustafá Contursi em entrevista à Folha em março
    Mustafá Contursi em entrevista à Folha em março

    O Palmeiras entra no último ano de mandato do presidente Maurício Galiotte com um efervescente cenário político.

    A guerra declarada por Leila Pereira, conselheira do Palmeiras e dona da Crefisa, principal patrocinadora do clube, a Mustafá Contursi, ex-presidente e seu antigo aliado, levou ao retorno de outros ex-mandatários aos bastidores da agremiação.

    São os casos do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras entre 2009 e 2010, e do empresário Paulo Nobre, que ficou no comando de 2015 a 2016.

    A briga entre Leila e Mustafá começou após a denúncia da suposta venda ilegal de ingressos. Entradas que foram dadas pela Crefisa ao ex-presidente teriam sido comercializadas, o que configuraria o crime de cambismo.

    Belluzzo, adversário histórico de Mustafá, se aproximou de Leila após o rompimento entre os dois para apoiar a conselheira.

    "Conheço bem o Beto [José Roberto Lamacchia, marido de Leila] e a Leila há algum tempo, nos encontrávamos frequentemente, sempre conversando rapidamente. O Beto é palmeirense, ela também. Eu acho [o patrocínio] uma coisa muito positiva para o Palmeiras. É um clube que estava enriquecendo seu patrimônio, e eles vieram em muito boa hora aportar recursos com um projeto mais longo", disse Belluzzo à Folha.

    A aproximação rendeu, inclusive, a promessa de que o ex-presidente voltaria a frequentar o Conselho Deliberativo do Palmeiras para defender a empresária.

    Ele tem cadeira vitalícia no órgão, mas não frequentava as reuniões desde que deixou a presidência do clube, no fim de 2010. Também contribuiu para sua ausência a suspensão de 12 meses imposta por ter as contas do seu último ano de gestão reprovadas –a punição terminou em maio.

    "O clube sempre é mais importante que as pessoas que ocuparam a presidência. O problema é que às vezes as pessoas não se conformam, e, como não têm vida própria, tentam se agarrar ao clube como uma craca de navio, que se agarra no casco e não sai mais", disse Belluzzo em alusão ao seu rival, Mustafá.

    Belluzzo, Leila Pereira e José Roberto Lamacchia jantaram em um restaurante no bairro do Jardim Paulista para selar a nova amizade.

    "Ele é uma pessoa muito importante na história do Palmeiras. Foi o presidente que viabilizou o estádio, hoje reconhecido pelo torcedor. Foi um prazer estar com ele e saber de toda a relação dele com o clube", afirmou Leila sobre o encontro.

    A empresária quer ser presidente do Palmeiras. Pelo estatuto do clube, ela só poderá se candidatar em 2022, após cumprir os quatro anos de mandato como conselheira, posto que conseguiu com ajuda de Mustafá.

    PAULO NOBRE

    No outro extremo da política palmeirense, o ex-presidente Paulo Nobre ensaia o seu retorno. O objetivo do empresário é criar um polo de oposição a Leila –no final do mandato de Nobre, os dois tinham relação conturbada.

    No começo de dezembro, o ex-dirigente esteve no restaurante Rancho Português, em São Paulo, com João Carlos Tomaselli (atual 4º vice-presidente do Palmeiras), Genaro Marino (1º vice-presidente), Victor Fruges (3º vice-presidente), além dos conselheiros Ricardo Galassi, Norberto Liotti, Fronterota, Guilherme Pereira, Marcelo Puggina e Ricardo Spinelli.

    Há três meses seria impossível dizer que Nobre voltaria a se candidatar à presidência do clube. Hoje, essa hipótese já é considerada provável.

    Em seu retorno, Nobre poderá contar com apoio de Mustafá, que tem um grande capital político no Palmeiras.

    Nobre cortou ligações com Galiotte, indicado para ser seu sucessor, logo após o novo presidente assumir. Ele queria ter ficado com o comando do departamento de futebol, o que lhe foi negado.

    Galiotte deu amplos poderes ao diretor contratado Alexandre Mattos. Medida criticada por alguns conselheiros do clube alviverde. Para eles, o atual presidente precisa ser mais ativo no futebol.

    INQUÉRITO

    Acusado de ter praticado cambismo, o ex-presidente do Palmeiras Mustafá Contursi foi convocado para prestar esclarecimentos na 5ª Delegacia de Polícia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva, na manhã desta quinta (21), em São Paulo.

    O caso policial foi o motivo do rompimento entre Leila Pereira, dona da Crefisa, principal patrocinadora do Palmeiras, e Mustafá, ex-presidente da agremiação que detém muita influência no clube.

    Ingressos de jogos repassados por Leila Pereira ao cartola foram revendidos. A empresária e conselheira palmeirense diz que dava a Mustafá cerca de 70 bilhetes por partida da carga a que a Crefisa tem direito, de forma gratuita, para que o ex-presidente os distribuísse a sócios e integrantes do conselheiros interessados em assistir às partidas.

    Esses ingressos, segundo a acusação, estavam sendo vendidos por valores mais altos que os de face. Algumas entradas custavam até R$ 250.

    À polícia, Mustafá vai afirmar que é inocente e que recebia 50 ingressos da patrocinadora por jogo e os repassava aos interessados de forma gratuita, sem cobrar nada.

    No inquérito policial também se investiga se outra sócia do Palmeiras recebia diretamente os ingressos da Crefisa, sem o conhecimento do ex-presidente do clube alviverde.

    A Folha não conseguiu encontrar Contursi para comentar o caso.

    A expectativa é de que o inquérito seja concluído em fevereiro. Leila Pereira foi a primeira a prestar esclarecimentos sobre o caso, em novembro, e acusou Mustafá de ter vendido os ingressos.

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