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    Prova muda largada para tentar conter invasão de corredores sem inscrição

    SÉRGIO XAVIER FILHO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/12/2017 02h00

    Miguel Schincariol/AFP
    Corredores passam pelo túnel José Roberto Fanganiello Melhem
    Corredores passam pelo túnel José Roberto Fanganiello Melhem

    A São Silvestre mudou. A largada da prova avançou 150 metros na avenida Paulista e acontecerá entre as ruas Augusta e Padre João Manuel. A ideia da organização é evitar que os 30 mil inscritos recebam a indesejável companhia dos "pipocas", penetras que pulam as grades e correm ao lado de quem pagou R$ 170 pela inscrição na corrida.

    A ideia é que o novo ponto de largada, mais próximo ao túnel José Roberto Fanganiello Melhem, dificulte a ação dos intrusos.

    "Era na entrada do túnel da Paulista que muita gente invadia a prova, agora teremos uma fiscalização mais forte. No ano passado, foi um recorde, calculamos algo entre 10 mil a 15 mil 'pipocas' roubando o espaço e a água de quem se inscreveu", diz Marcelo Braga, assessor de imprensa da prova.

    O problema da falta de água em 2016 gerou até a criação de um grupo de Facebook chamado "São Silvestre Corrida Desorganizada", que reúne 296 corredores.

    "Criei o grupo porque todo ano tinha protesto e faltava concentrar reclamações e sugestões", diz o corredor Antonio Muk. "Vi várias pessoas passando mal ao longo da prova no ano passado. Já estava faltando água no quilômetro 5, isso é absurdo", afirma Emerson Araújo Alves.

    Para Alan Fernandes, que participava pela sexta vez do evento, a edição 2016 foi a pior de todas. A organização justificou a falha pela grande presença dos "pipocas".

    Os 450 mil copos de água não tiveram a velocidade necessária de reposição. Em 2017 serão 750 mil copos, segundo a organização.

    Editoria de Arte/Folhapress

    CONGESTIONAMENTO

    Mesmo evitando o estouro dos pipocas, em 2017 não será resolvido outro problema da prova paulistana: o congestionamento na largada.

    Apenas o pelotão de elite e umas poucas centenas de atletas que se posicionam na Paulista horas antes da partida poderão dizer que correram, de fato, a São Silvestre.

    Outros milhares vão caminhar espremidos nos primeiros quilômetros.

    "Não tem jeito, 30 mil pessoas mais os penetras é gente demais", afirma Braga.

    A São Silvestre tem o mesmo número de inscritos que a Maratona de Boston. Mesmo assim, na cidade americana, os corredores podem desenvolver a velocidade que quiserem desde o início da prova. A largada em etapas explica a diferença.

    Em Boston, são quatro largadas, cada uma com 7,5 mil corredores, que ocorrem a cada 25 minutos. Dessa forma, a multidão se dispersa pelo percurso, sem atropelos.

    O paralelo da São Silvestre com grandes maratonas não é um despropósito.

    "Mesmo acontecendo em uma data inconveniente, todo mundo quer participar", diz o consultor em marketing esportivo Cristiano Coelho.

    No Brasil não há uma grande maratona, mas a São Silvestre assume esse papel.

    "O mais difícil para um evento é ele ser conhecido, relevante, desejado. A São Silvestre é tudo isso, mas precisa proporcionar também uma boa experiência. E não há corredor que não se irrite quando não consegue correr", diz Andrea Longhi, criadora do Circuito Golden Four de meias maratonas.

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