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    Tradicional no Nordeste, Moto Club é acusado de fraude por federação

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    04/01/2018 08h00

    Weliandrei Campelo/Moto club/Divulgação
    Moto club do Maranhão
    O Moto Club é o segundo maior campeão do futebol maranhense

    A Federação Maranhense de Futebol vive em briga com um dos maiores clubes do Nordeste. Conflito que tumultua o torneio Estadual deste ano. O Moto Club de São Luís, segundo maior campeão do Estado (25 títulos), exige uma mudança da tabela, reclama de um diretor da entidade e insinua ser prejudicado. A federação descarta as queixas e acusa o presidente da agremiação de fraude.

    O Moto Club entrou em 17 de novembro do ano passado com mandado de garantia no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) do Maranhão. A reclamação era com o formato do torneio. O clube acusa o vice-presidente de competições da federação, Hans Joseph Nina Höhn, de falta de transparência na elaboração da tabela.

    Hans Nina é ex-presidente do Moto Club e renunciou ao cargo em novembro de 2016 alegando problemas de saúde.

    "O senhor Hans Nina não possui capacidade técnica para elaborar tabelas e regulamentos pois não possui formação de educador físico, única profissão apta a exercer tal função", diz o texto da representação do clube, ao qual a Folha teve acesso.

    Para apresentar o mandado de garantia, o Moto Club teria de pagar R$ 2 mil de taxas. O clube anexou comprovante de depósito ao entregar documento à Federação Maranhense de Futebol. De acordo com o presidente da entidade, Antônio Américo Lobato Gonçalves, no entanto, a quitação foi fraudada pelo presidente da agremiação, Celio Sergio.

    "O documento é fraudulento. Fomos ao Tribunal de Justiça apresentar isso e foi verificado. O dinheiro não entrou na conta da federação. Nós não queremos criar conflitos entre os clubes, mas esse pagamento é uma fraude", disse à Folha o mandatário da federação maranhense.

    Na resposta da entidade entregue ao Tribunal de Justiça Desportiva, a federação foi ainda mais incisiva: "(...) uma tentativa grotesca do impetrante de levar estre tribunal ao erro, levando a instauração do procedimento sem sequer arcar com a parte que lhe cabe na ação", diz o documento da entidade.

    A federação ainda acusa o Moto Club de usar esse tipo de fraude de maneira "contumaz" e cita ação trabalhista ajuizada pelo jogador Diego Sousa Teles, em que teria acontecido a mesma coisa.

    "O presidente do Moto Club veio aqui e pediu para a gente esquecer o assunto, que houve um erro. Eu ouvi e não disse nada. O presidente falou que viria hoje [quarta (3)] retirar o mandado de garantia. Até agora não aconteceu", completa Antônio Lobato Gonçalves.

    A Folha tentou durante toda esta quarta (3) falar com Celio Sergio, mas ele não atendeu às ligações em seu celular nem retornou os recados deixados no telefone do Moto Club.

    PUNIÇÕES

    De acordo com a federação, a fraude poderia levar à exclusão do Moto Club do Estadual. Haveria também a possibilidade de interpelar na Justiça comum o presidente da agremiação por falsidade ideológica.

    "Não vamos fazer isso [excluir a equipe] porque a torcida e o clube não têm nada a ver com isso", diz o presidente da federação.

    O Campeonato Maranhense dá ao campeão uma vaga na Série D do Brasileiro e também oferece um lugar na Copa do Nordeste. Neste ano, os representantes do Estado nas competições serão o Sampaio Corrêa e Cordino.

    No documento enviado ao TJD do Maranhão, o Moto Club alega que esses dois times foram favorecidos na tabela e que, por causa disso, terá de viajar mais que os rivais no Estadual. Também discorda do formato da competição.

    As oito equipes vão se enfrentar em turno único e as quatro melhores se classificarão para as semifinais em jogos de ida e volta. A final também será em duas partidas. Assim, os finalistas vão atuar apenas 11 vezes. O Moto Club alega que o melhor era fazer um sorteio e dividir os times em dois grupos de quatro cada, com confrontos em ida e volta dentro da chave.

    A Federação descartou a ideia por falta de datas. "É ano de Copa do Mundo", justifica Gonçalves.

    No Conselho Arbitral que definiu a fórmula e a tabela, o Moto Club mandou um representante, que ficou até o final da reunião, mas se recusou a assinar o documento. A primeira rodada está marcada para 20 de janeiro.

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