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    Crianças brasileiras se juntam a torcidas rivais na Copa; por quê?!

    MARIA CAROLINA GONÇALVES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    07/06/2014 00h01

    Para que país você torcerá na Copa? A pergunta parece fácil, mas é capaz de dar nó na cabeça de imigrantes ou de seus descendentes. A "Folhinha" falou com crianças do Brasil cujas família são dos três países que enfrentarão a seleção brasileira na primeira fase: Croácia, México e Camarões.

    Os avós de Eduardo, 8, e Felipe Deur, 4, são da Croácia, país que abre a Copa contra o Brasil, no próximo dia 12. E estão divididos. "Só sei que vai ser empate", aposta Eduardo. Felipe está com o irmão.

    A situação é mais complicada para Yasumoto, 12, e Karen Ruiz, 14. O pai deles é do Japão (que também está na Copa) e a mãe, do México, opositor do Brasil no dia 17. Yasumoto e Karen nasceram no Japão, mas moram no Brasil desde 2009. Na hora do jogo, porém, não têm dúvidas: vestem a camisa do México. Torcem para o Brasil só quando o país não enfrenta os mexicanos. Já a seleção japonesa, com menos chance, não tem vez com eles.

    O Brasil terá a torcida de Rebeca Tipo, 11, filha de mãe brasileira e pai de Camarões, último país a jogar contra o Brasil na primeira fase (dia 23). "Torço para o Brasil, nasci aqui", diz. Sua irmã, Beatriz, 9, está dividida: "No jogo, vou ficar feliz e triste ao mesmo tempo".

    DÁ-LHE, CROÁCIA, VOVÔ

    Editoria de Arte/Folhapress

    Apesar de torcer para a Croácia, Eduardo, 8, acha que o país de seus avós não ganhará a Copa. Nem o Brasil. "Os times não ficaram bem montados", comenta ele, que aposta no México.

    O garoto excluiria Ivan Perisic e Darijo Srna da seleção croata e Dante e Hernanes da brasileira. Para ele, a Croácia tem um bom time, com destaque para Ivica Olic e Mateo Kovacic. Sobre o último, diz: "É novo, mas muito bom". A seleção da Croácia conta com dois brasileiros, que têm também cidadania croata, Eduardo da Silva e Sammir.

    Os avós paternos de Eduardo e Felipe, 4, vieram nos anos 1950 da região que hoje é a Croácia (na época, parte da Iugoslávia), fugindo de conflitos na região. No Brasil, há 572 imigrantes croatas (dados de 2010 do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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    BRASIL X MÉXICO X JAPÃO

    Editoria de Arte/Folhapress

    Karen, 14, e Yasumoto, 12, podiam escolher entre três países para torcer. O pai deles é japonês e foi trabalhar no México, onde conheceu a mãe dos meninos. Os filhos nasceram no Japão, mas moram desde 2009 no Brasil, para onde a empresa do pai o transferiu.

    Apesar de torcer para o México, os irmãos não acreditam que o país tenha chances de ganhar a Copa. Eles acompanham jogos dos mexicanos desde pequenos e apontam Javier Hernández, o Chicharito, como melhor jogador da seleção (que conta com um brasileiro naturalizado mexicano, Giovani dos Santos). Os dois devem assistir ao jogo contra o Brasil (dia 17) em um restaurante mexicano de São Paulo.

    No Brasil, são 2.680 imigrantes mexicanos, segundos dados de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Japoneses são 49.058 pela última contagem.

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    CAMARÕES 1 X 1 BRASIL

    Editoria de Arte/Folhapress

    Rebeca, 11, acha que Camarões, país onde seu pai nasceu, tem chances de ganhar a Copa. Acompanha o futebol camaronês pela TV assistindo, com o pai, aos jogos do Canon Yaoundé, time da capital. Para ela e a irmã, Beatriz, 9, Samuel Eto'o é o principal destaque do futebol camaronês. Na Copa, os parentes que moram no Brasil reúnem-se e preparam comidas típicas do país, como o fufu, que parece um purê e é feito de farinha de mandioca.

    Em 2010, Beatriz, com cinco anos, ganhou uma vuvuzela (corneta que ficou famosa na torcida do Mundial na África do Sul). Estava tudo bem, até usar o instrumento para comemorar um gol do Japão contra Camarões. "Minha avó falou para tocar quando alguém fizesse gol...", defende-se.

    No Brasil, há só 139 imigrantes de Camarões (dados de 2010 do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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