João Vitor Palma, 15, trocou as quadras de futsal pelos palcos, as chuteiras pelas sapatilhas.
Quem o viu como goleiro mirim do Palmeiras, há 5 anos, talvez não o reconheça no próximo dia 29, quando ele se apresenta no Festival de Dança de Joinville, que começa nesta quarta (23), na cidade de Santa Catarina.
É o segundo ano que o garoto, que mora em São Paulo, participa do evento, o maior festival de dança do mundo, segundo o Guinness. Durante 11 dias, estudantes e profissionais apresentam suas coreografias, que vão de balé clássico a danças populares. Acesse o site oficial do evento para conferir a programação completa, que tem atrações para crianças e adultos.
"Comecei a jogar futebol aos cinco anos. Aos dez, fiz um teste e fui chamado para ser goleiro do Palmeiras. Aí me tornei federado", contou João em entrevista à "Folhinha".
MICHAEL JACKSON
No entanto, um incidente muito longe do Brasil, fez o garoto mudar seus planos. "Quando o Michael Jackson morreu, comecei a ver vídeos dele e fiquei muito intrigado ao ver o jeito que ele dançava", disse. "Eu tinha dez anos naquela época. Peguei um notebook, fiquei trancado no quarto e comecei a imitá-lo, mas era só um hobbie", completou.
"Antes dele, eu nunca tinha parado para ouvir música, nem tinha banda preferida. Ficava o dia inteiro jogando bola", afirmou.
Até que um dia sua mãe recebeu o telefonema de uma professora da escola convidando o garoto para uma homenagem ao rei do pop. "Minha mãe disse: 'Tem certeza? Ele é goleiro, não dança'. Mas percebi que era isso o que eu queria para minha vida", contou.
Em 2010, ele entrou na escola Lume Casa Cultural para se aperfeiçoar. "No começo, conciliava os dois. Mas começaram a aparecer festivais de dança no mesmo dia de campeonatos e optei pelo o que meu coração mandava: a dança", disse.
Hoje João faz dança contemporânea, jazz, sapateado e street dance, modalidade que vai apresentar no festival de Joinville. "Gosto mais de street dance, mas acho importante saber um pouco de tudo para ser um bailarino completo."
DIFICULDADES
"No começo, foi difícil para os meus amigos e para minha família entenderem essa mudança, ninguém sabia que eu queria dançar. Meu pai gostaria que eu me tornasse um goleiro profissional", disse João. Mas o futebol acabou ficando para trás de vez. "Parei definitivamente de jogar futebol por medo de me machucar e não poder dançar mais", afirmou.
O garoto conta ainda que muitos amigos acabaram se afastando por causa de sua escolha. "Depois você percebe que o preconceito vai te fortalecer para você alcançar o seu objetivo", afirmou o garoto, que está ensaiando seis horas por dia, inclusive aos finais de semana, para se apresentar no festival.
Mas João Vitor, que está no 1º ano do ensino médio, ainda tem dúvidas sobre o seu futuro. "Penso em fazer artes cênicas ou fisioterapia, sempre gostei de estudar o corpo humano."
Mas uma coisa é certa. "Pretendo ir para os Estados Unidos, fazer cursos de dança, pois aqui ela não é valorizada. Acho que lá fora eu terei mais oportunidades", afirmou. Quanto ao futebol, o esporte é realmente passado. "Nem com os amigos nem com minha família. Passou."
PARA CONFERIR
32º FESTIVAL DE DANÇA DE JOINVILLE
QUANDO de 23/7 a 2/8 (Meia Ponta, competição com bailarinos entre 10 e 12 anos, nos dias 30 e 31/7)
ONDE Centreventos Cau Hansen - av. José Vieria, 315, tel. (47) 3422-5951 (apresentações gratuitas em praças, shoppings e hospitais da cidade)
QUANTO Abertura, Gala e Noite dos Campeões: de R$ 12 a R$ 120; Noites Competitivas: de R$ 8 a R$ 70; Mostra Estímulo: de R$ 10 a R$ 20; Meia Ponta: de R$ 12 a R$ 24
Veja a programação completa e todos os endereços no site.