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    Como acabar com o racismo no futebol? Crianças dão suas opiniões

    BRUNO MOLINERO
    RAFAEL GÓMEZ
    DE SÃO PAULO

    13/09/2014 00h01

    "Macaco!". O grito saiu da arquibancada quando já se passava dos 40 minutos do segundo tempo e o Santos vencia o Grêmio por 2 a 0 pela Copa do Brasil. Ao ver o time perder, parte da torcida gaúcha passou a dar gritos racistas contra o goleiro Aranha, do Santos.

    "Deu um aperto no coração. Fizeram isso só porque ele estava defendendo tudo", diz Arthur Morais, 12, que assistia à partida pela TV, no último dia 28. "Já fui vítima de racismo. Você fica muito mal", conta o garoto, que joga bola e faz outras atividades na Fundação Gol de Letra.

    Os torcedores gremistas que gritaram o xingamento e forem identificados, com a ajuda das gravações da TV, poderão pegar até três anos de prisão (racismo é crime no Brasil). Já o clube foi expulso do campeonato, recorreu da decisão e deve ser julgado de novo na próxima sexta (19).

    "A torcida deve ser punida e até impedida de ir aos jogos, mas acho exagerado tirar o time da competição", diz Lucas Piazza, 10, que treina na Olímpia Escola de Futebol.

    O racismo no futebol não é novidade (veja a história acima), e o assunto rende discussão. "Está certo punir o Grêmio. Assim, a torcida aprende a não ser racista", fala Caian Mello, 10. "É uma lição para que isso não volte a acontecer", completa Felipe Pires, 10.

    Mas todos concordam que racismo é bola fora.

    Para Mikelly Sousa, 11, da Gol de Letra, o problema começa em casa: "A família precisa mostrar que não importa a cor, todos são seres humanos."

    "Pelé, Usain Bolt, Michael Jordan e outros astros do esporte são negros. Por que ter preconceito?", pergunta Arthur.

    NEGROS DO FUTEBOL BRASILEIRO

    1. No início, o futebol era para os ricos, brancos na maioria. Muitos jogadores negros passavam maquiagem no rosto para esconder a pele mulata.
    2. Foi só em 1918 que a então Federação Brasileira de Sports permitiu formalmente que negros jogassem nos times.
    3. Mas não eram bem vistos. Em 1921, o presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, teria pedido que a seleção não levasse negros para disputar um campeonato na Argentina.
    4. A primeira reviravolta aconteceu em 1923, quando o Vasco ganhou o Campeonato Carioca com um time formado por negros, operários e moradores dos subúrbios.
    5. Mas foi só na década de 1930 que a presença de negros nos clubes ficou mais comum.
    6. Isso não acabou com o racismo no futebol. Só neste ano, foram ao menos 12 casos com brasileiros (veja exemplos abaixo).

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