• Folhinha

    Friday, 03-May-2024 23:34:31 -03

    'Folhinha' reúne crianças guaranis para ler histórias indígenas; assista

    GABRIELA ROMEU
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/04/2015 00h01

    Muito antes de serem contadas nos livros, as histórias indígenas habitavam as conversas à tardinha. Nas aldeias, elas ainda circulam de boca em boca.

    É assim que, ainda hoje, acontece na aldeia guarani Krukutu, localizada em Parelheiros (zona sul de São Paulo). Ali vivem cerca de 300 pessoas.

    Apesar de espremida pela cidade, a mata ao redor da aldeia é cheia de corujas que piam por lá. E foi esse piado noturno que deu ao lugar o nome de krukutu.

    Mas a mata guarda outros segredos, conta o menino Robert Tupã de Oliveira, 10, aluno da escola estadual indígena Krukutu (conheça aqui a indiazinha Maitê).

    Ele diz que Kamba'i está sempre por lá. Quem é ele? É uma criatura que não larga o cachimbo e protege a mata contra os que criam desordem na natureza.

    "Ele é um guardião da floresta", completa Olívio Jekupé, 49, escritor guarani também vive na aldeia e escreveu vários livros, como "Ajuda do Saci – Kamba'i" (DCL; R$ 27).

    Mas o menino Robert se lembra mesmo das histórias que seu pai contou sobre o Kamba'i, esse Saci dos guaranis. "Ele fala outra língua, mas meu pai entende o que ele diz."

    DE PAI PARA FILHO

    Robert é filho do cacique Karaí de Oliveira Paula, 31, que costuma contar aos filhos o que ouvia dos pais e avós, que, por sua vez, também contavam o que escutavam dos mais velhos.

    "Cresci com as histórias do meu avô", lembra Karaí, que confirma seu encontro com o Kamba'í. "Ainda hoje existem os guardiões. A gente não vê esses protetores a olho nu, mas os pajés os veem", diz.

    Ele teme, no entanto, que ultimamente seu povo esteja "perdendo um pouco o costume de contar história para as crianças".

    Em aula, o escritor Olívio afirma a importância de as narrativas serem passadas de geração em geração. "Não podemos perder nossas histórias", afirma.

    A convite da "Folhinha", um grupo de alunos da escola indígena Krukutu se reuniu para ler alguns dos livros indicados pela "Folhinha" (veja vídeo acima). Olívio desafia os alunos: "Peçam aos pais que contem uma história do Kamba'í".

    Karaí, o cacique, diz que os livros são de grande ajuda para que as histórias tradicionais não sejam esquecidas. Podem ajudar no diálogo entre pais e filhos.

    "É importante as crianças lerem as histórias registradas nesses livros. Podem perguntar e conversar com os pais sobre o que leram."

    Assim, as narrativas vão continuar viajando sempre, um pouco de boca em boca, na oralidade, e um pouco de mão em mão, pelos livros que trazem as histórias indígenas.

    Fotografia: FELIX LIMA | Edição CARLOS CECCONELLO

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024