• Folhinha

    Sunday, 05-May-2024 09:26:09 -03

    Alunos do Bolshoi do Brasil falam sobre rotina e o que querem do futuro

    BRUNO MOLINERO
    ENVIADO ESPECIAL A JOINVILLE

    20/06/2015 00h01

    O Bolshoi, uma das mais importantes companhias de balé do mundo, mantém há 15 anos uma escola no Brasil, em Joinville, Santa Catarina –é a única unidade fora da Rússia.

    Atualmente, 254 alunos fazem aulas gratuitas de balé clássico e de dança contemporânea no local, entre eles crianças.

    Em busca de se tornarem profissionais, elas mudam de cidade, de escola e de amigos, ensaiam todos os dias e têm até de controlar o que comem. Mas dizem que o esforço vale a pena.

    . Crianças do Bolshoi no Brasil têm rotina pesada, mas esforço vale a pena

    Abaixo, quatro dessas crianças falam sobre suas rotinas e o que querem do futuro.

    *

    VIDA LONGE DE CASA
    Lorenzo Cantalice, 11

    Quase 3.315 km de saudade. Essa é a distância que separa Lorenzo Cantalice, 11, de sua mãe. "Sinto falta dela, mas a vontade de ser bailarino é muito grande", conta. Há dois anos, ele trocou João Pessoa, na Paraíba, onde vivia com a família, por Joinville (Santa Catarina) para estudar no Bolshoi. "Quando tinha quatro anos, vi um show de Natal e decidi começar a dançar. Agora estou aqui."

    Mãe e filho se veem uma vez por ano. Hoje, a família são seus dez "irmãos" –alunos que também saíram de suas cidades para tentar a sorte na escola e dividem casa com Lorenzo. Uma mulher contratada cuida da turma.

    -

    PERNAS PARA O AR
    Sabine Pletz, 12

    Quando chega em casa, após treinos puxados pela manhã e aulas normais na escola à tarde, a paulistana Sabine Pletz, 12, só tem vontade de se jogar na cama. "Mas preciso ainda fazer a lição e estudar para as provas", conta.

    A vida dela virou de pernas para o ar no início deste ano: trocou de cidade, de escola, de amigos..."Como sou nova aqui, converso mais com os outros alunos do Bolshoi." Embora não paguem mensalidade, os bailarinos não recebem ajuda para viver em Joinville. Por isso, o pai e a irmã mais velha de Sabine acabaram ficando em São Paulo. "Vim só com minha mãe e dois irmãos."

    -

    BAILARINO POLICIAL
    Rodrigo Barbosa, 12

    Após anos fazendo exercícios de flexibilidade, saltos e piruetas, todo bailarino sonha em se tornar astro de alguma companhia famosa e seguir carreira na dança, certo? "Eu quero ser policial quando sair do Bolshoi", conta Rodrigo Barbosa, 12, que está no primeiro ano e vive em Joinville com os pais e os irmãos.

    Ainda se acostumando às dores no corpo que sente depois das aulas, Rodrigo encara a rotina de treinamentos com uma disciplina quase militar. "Acordo antes das 6h. A dança pode ser importante para desenvolver o condicionamento físico e a força de um policial", afirma.

    -

    MÃO TREME, BOCHECHA DÓI
    Hellen Teixeira, 10

    Quando a música do compositor russo Tchaikovsky começou a tocar, o teatro lotado viu Hellen Teixeira, 10, subir ao palco com seus colegas para dançar a "polonaise", um tipo de coreografia famosa no século 19. "É difícil, minha mão tremia. De tanto sorrir, fiquei até com a bochecha doendo", diz a garota, que se mudou para Joinville em 2014, com a mãe, para dançar no Bolshoi.

    Nascida na cidade de Valença, na Bahia, Hellen tentou por três vezes entrar na escola até ser aprovada. "Chorei quando não passei. Mas era o meu grande sonho e insisti. Agora quero lutar para ser bailarina na Rússia."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024