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    Crianças substituem conversas e ligações por apps de smartphone

    MATEUS LUIZ DE SOUZA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/11/2015 03h02

    Assim que chega da escola, Ana Carolina Carvalho, 11, pega seu celular e entra no aplicativo de mensagens WhatsApp. "Falo 'oi, oi, oi', para todo mundo. Então começa aquele barulhinho das respostas. Passo a tarde assim", diz.

    Ela usa o app para conversar com amigas, marcar reuniões do grêmio estudantil e matar saudades dos amigos da Bahia –a família se mudou para São Paulo há três anos.

    Ramon Santos, 10, prefere o Facebook. Ele vive em chamadas de vídeo com os amigos. "Um dia ele me chamou enquanto eu comia lasanha", lembra Rafaella Oliveira, 10, colega do garoto.

    Os apps de celular viraram um importante meio de conversas entre crianças. Substituíram ligações telefônicas e até encontros.

    E ter o próprio aparelho é cada vez mais comum. Segundo pesquisa da consultoria HSR com mil crianças de sete capitais brasileiras, 50% do público entre 7 e 12 anos têm smartphone com internet. Interagir com outras pessoas é a segunda atividade mais comum –59% dos entrevistados fazem isso. Jogar on-line está em primeiro lugar.

    Para entrar no Facebook, é preciso ter 13 anos. No WhatsApp, só a partir de 16. Apesar disso, crianças usam essas redes porque fazem o cadastro, algumas vezes com a ajuda dos pais, usando outra idade.

    PAPO SEM FIM

    Muitas vezes, o primeiro celular da vida de uma criança é o aparelho antigo dos pais. Foi o caso de Daniel Gallo, 9. "Foi uma surpresa, nem tinha pedido um smartphone."

    Quando não têm aparelho próprio, crianças dão um jeito de usar algum mesmo assim. Beatriz Barbosa, 10, costuma falar com a melhor amiga, Kimmy Ikuno, 9, pelo celular da mãe. "Falamos da lição ou combinamos de uma ir à casa da outra", diz.

    Fazer isso por carta ou mesmo por e-mail nem passa pela cabeça. "Devo ter mil mensagens não lidas no meu e-mail. Só criei para fazer uma conta no YouTube. Mas nunca entro", conta Manuela Thomazini, 8.

    Mas é preciso ter cuidado com o acesso à internet. A ONG Safernet atendeu, em 2014, 94 casos de adultos que tentaram cometer crimes com crianças pela rede. Muitos deles começaram no celular.

    Por isso, a criança deve ser monitorada. "Minha mãe vê conversas e pede sempre para explicar quem é a pessoa do outro lado", diz Sabrina de Cássio, 10.

    Além disso, é bom não deixar a internet atrapalhar outras atividades, como a lição de casa ou brincadeiras. Segundo a psicóloga Rosely Sayão, é melhor não levar o aparelho para a escola e se lembrar das vantagens de conversar pessoalmente.

    "Você olha para o amigo em vez de olhar para o celular, percebe a reação pela cara que ele faz. E acaba se relacionando com outra criança em vez de se relacionar com um aparelho." Leia a coluna completa aqui.

    Altos Papos

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