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"Queremos bicicleta, queremos bicicleta!" gritavam as crianças do condomínio Villagio di Ravenna, no bairro Vila Prudente, na zona leste de São Paulo.

Os pequenos se manifestaram na tarde de quarta-feira (9) para poder andar de bicicleta, patins e patinete, vetados no prédio há pelo menos dois anos.

O protesto foi filmado por Emerson Violin, morador do condomínio, e se espalhou pela internet –até a conclusão deste texto, a publicação tinha mais de mil curtidas no Facebook, e o vídeo fora reproduzido mais de 200 mil vezes.

O movimento começou de forma espontânea, dizem as crianças. A "gota d'água" foi a reclamação de uma moradora.

"Ela disse que não podíamos brincar todos juntos no gira-gira e que ia falar para o porteiro", contou Thiago Giraldi, 9 (o de camiseta amarela no vídeo) à Folha. "A gente ficou com raiva, porque não podemos fazer nada e começamos a gritar 'queremos bicicleta'."

Eles subiram os nove andares de um dos prédios do condomínio pela escada gritando palavras de ordem como "criança tem que brincar". Na hora de falar com o síndico, não tiveram coragem.

Na próxima terça-feira (15), haverá assembleia do prédio. Os pais também estão se mobilizando para expor o pedido dos filhos. "Vamos levar isso para frente, sim, ainda mais com as férias", diz Janaina Giraldi, mãe do Thiago.

As crianças também têm seu plano para a data. "Se todos concordarem, vamos fazer cartazes e repetir o que fizemos nesta semana", diz Larissa Soares, 11, uma das 'líderes" do movimento, que está esperançosa: "Acho que agora vai mudar."

FALTA DE ESPAÇO

De acordo com Larissa, as crianças sentem que o prédio valoriza mais os idosos e os "pequenininhos". Ela explica que, quando as bicicletas foram proibidas –já que algumas crianças andavam na ala comum do prédio e atrapalhavam os idosos– foi feito um abaixo-assinado para reverter a decisão.

"Metade do prédio queria [a volta das bicicletas], mas não deixaram", diz. Segundo o pai da menina, o síndico atual disse que a proibição está no estatuto (conjunto de regras) do condomínio.

Os moradores reclamam que não há espaço de lazer para seus filhos no prédio. "A gente não consegue jogar futebol na quadra, porque os maiores ficam expulsando a gente", explicou Thiago.