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    Aos 11 anos, nova colunista da 'Folhinha' usa máquina de escrever

    JÚLIA BARBON
    DE SÃO PAULO

    18/12/2015 03h00

    Isadora Zilveti tem 11 anos, mas ainda usa uma máquina de escrever para colocar suas histórias no papel. "É mais para passar a limpo", diz.

    Quando está fora de casa e tem uma ideia, ela registra rapidamente no caderno. "Está sempre à mão. Quando aparece aquela luzinha de ideia, a gente precisa escrever logo, senão perde."

    A menina estreia como colunista da "Folhinha" neste sábado (19), com textos de ficção e outros baseados em histórias que ouviu de seus avós –tem até um sobre o piloto brasileiro Ayrton Senna (1960-1994).

    Em entrevista à Folha, ela conta que sua inspiração para escrever vem dos acontecimentos despercebidos do cotidiano. Também diz que, quando crescer, pretende se tornar política ou atriz.

    Se você quer ser um colunista como Isadora, é só mandar um texto de mil caracteres para folhinha@grupofolha.com.br, com nome, idade e "Ideias" na linha de assunto. O autor muda a cada mês e deve ter até 12 anos. O conteúdo é livre: você pode falar sobre brincadeiras, games ou qualquer outro tema.

    "O país é livre, então a escrita também deve ser. Se uma pessoa tiver boas ideias, ela pode escrever", defende Isadora.

    Leia abaixo entrevista com a garota.

    *

    Folhinha - De onde tirou a inspiração para os textos?
    Isadora Zilveti - Já que são quatro textos, pensei em fazer duas histórias reais, inspiradas nos meus avós, e duas inventadas, que saíram da minha cabeça. Quando eu passeio com a minha família, presto atenção nas coisas e vou inventando histórias.

    Olho as coisas anormais do cotidiano, que as pessoas normalmente não percebem. Se você escreve em forma de história, elas prestam mais atenção do que na vida real, porque aí não é mais uma coisa banal do dia a dia, é uma coisa lúdica.

    Pode dar um exemplo?
    No meu prédio tinha uma mulher que chamava Monique. Um dia fomos comprar pão na padaria e vimos que, no asfalto da rua, estava escrito "Monique, eu te amo". Aí escrevi uma história sobre isso. Mas ainda estou escrevendo, porque as ideias estão fluindo na cabeça. Eu escrevo um pouco, paro, penso, vejo algumas coisas, volto e escrevo mais.

    Você disse que se inspirou nos seus avós para escrever. Eles costumam contar histórias?
    A gente conversa nas reuniões de família e, durante essas conversas, saem essas histórias. Conversar é uma forma de matar a saudade.

    Como você se sente quando ouve as histórias?
    Eu começo a prestar muita atenção e depois eu escrevo na máquina de escrever ou no computador.

    Você tem uma máquina de escrever?
    Sim, ganhei do meu avô. Eu acho que na máquina é mais difícil de usar quando você precisa pensar e escrever. É mais um objeto para passar histórias a limpo. Para criar, eu prefiro usar o computador. Já o caderno é mais para a rua, quando você não quer esquecer uma história. Está sempre à mão, porque não dá para levar a máquina de escrever de ferro em todos os lugares, né? Ou o laptop...

    Além de escrever, o que você gosta de fazer?
    Eu gosto de dançar, passear com os meus pais, brincar com o meu irmão, jogar no computador e no celular, andar de bicicleta, ver vídeos na internet, essas coisas.

    Gosta de ler?
    Costumo ler bastante, porque fico insuportável quando não leio nada. Eu não paro quieta, então fico parada quando leio. Sou oito ou oitenta –ou sou 'ligada no 220' ou fico um tempão lendo. E eu termino os livros muito rápido, porque quero saber logo como acaba.

    Quantos livros você já leu?
    Tenho uma estante que tem três prateleiras cheias de livro. Acho que já li uns 99,9% deles. Tem 15 ou 20 livros em cada prateleira. Fora os gibis. São umas 300 caixas.

    Com que frequência você escreve?
    Escrevo quando me dá vontade, quando estou relaxada ou quando quero relaxar. Quando tenho alguma ideia na cabeça. Não adianta ficar na frente do computador sem ideia nenhuma tentando escrever.

    Tem alguma coisa sobre a qual você queria escrever, mas não escreveu?
    Muitas. Incontáveis, na verdade. Tem muitas histórias que eu queria terminar, mas não consigo. Mas só vou acabar quando tiver ideias. Até 2020 eu espero que eu termine.

    E se você não terminar?
    Não sei, não pensei nisso. Se não terminar até 2020, vou tentar terminar até 2030.

    Qual é o seu maior sonho?
    Eu queria me tornar alguma coisa que ajudasse as pessoas. Meu pai é advogado, minha família é muito ligada nesses lances de política, então eu queria ajudar. Quando você é criança, você não pode ajudar muito nessas coisas de adulto. Quero ser política.

    Ou então atriz, para deixar as pessoas mais felizes. Quando eu crescer, quero ser igual à Angelina Jolie. Eu vou confessar que nunca vi os filmes dela, porque não são muito para a minha idade e minha mãe não ia deixar eu assistir. Mas acho que as atitudes dela são muito solidárias. Mentira, já vi "Malévola" e achei bem legal.

    Por que decidiu se tornar colunista?
    Achei que era um lugar legal para expor as minhas ideias. Eu sempre lia a 'Folhinha e, de repente, vi aquelas letras miúdas [convidando crianças a se tornarem colunistas] e descobri que também poderia mandar meus textos.

    Qual é a parte mais legal de ser a nova colunista da "Folhinha"?
    Uma vez meu pai deu uma entrevista para o jornal, e eu fiquei muito orgulhosa dele. Sempre achei que ele entende muito de política, e ali ele foi reconhecido. Então eu quero que eles fiquem orgulhosos de mim por eu ser reconhecida na "Folhinha".

    Acha que toda criança pode escrever um bom texto?
    Sim, por mais que alguns tenham erros ortográficos. O país é livre, então a escrita também deve ser. Se uma pessoa tiver boas ideias, ela pode escrever.

    O que recomenda para quem quer escrever para a "Folhinha" como você?
    Simplesmente preste atenção nas coisas estranhas que para você já viraram rotina, porque o essencial é invisível aos olhos.

    Isso é de um livro, não é?
    Sim, do "Pequeno Príncipe". Sempre quis ler, mas só consegui neste ano, porque era obrigatório na escola.

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