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    História do samba e música sertaneja são contadas em livros

    Por ROBERTO ALVES

    29/08/2015 02h00

    COWBOYS DO ASFALTO

    A recente discussão quanto à real extensão de nossas diferenças culturais, encetada a propósito da grande repercussão midiática da morte do cantor Cristiano Araújo, dá belo ensejo à apreciação deste rigoroso trabalho acadêmico do historiador carioca Gustavo Alonso, vazado em linguagem e estruturação fluentes e objetivas. Qualificar as discussões é tudo o que falta no insípido universo opiniático das redes sociais.

    Reprodução

    A obra preludia-se pela consideração quanto à diferença de repercussão entre duas outras mortes, diferentemente significativas para o mundo sertanejo, ambas em 1998: o compositor João Pacífico e o cantor Leandro. Segue-se o delicioso relato pessoal e intelectual quanto às motivações da pesquisa.

    Se o percurso começa por historicizar as denominações "caipira" e "sertanejo", encarando de frente a questão da demarcação de territórios, o autor logo centrará sua perspectiva analítica na valorização das fronteiras entre nossos diferentes e misturados países musicais. (ROBERTO ALVES)

    AUTOR: Gustavo Alonso
    EDITORA: Civilização Brasileira
    QUANTO: R$ 65 (560 págs.)
    AVALIAÇÃO: ótimo

    *

    O SAMBA AGORA VAI...

    Esta importante, embora discutível, obra de referência para os estudos de história —tanto da música popular brasileira como da crítica em torno dela—, escrita pelo pesquisador José Ramos Tinhorão e originalmente publicada em 1969, volta agora "revista e ampliada".

    Reprodução

    O subtítulo já explicita a onipresente tese: as constantes investidas, ao longo do século 20, para apresentar e divulgar nossa música nos Estados Unidos (a trajetória de Carmen Miranda nos anos 1940, a "constrangedora" apresentação da bossa nova em 1962) e Europa não passaram de "sucessão de equívocos", a marcar a progressiva "descaracterização" de sua brasilidade frente a um mercado centrado apenas na obtenção de lucros.

    O cerrado historicismo de Tinhorão não abre espaço para outras possíveis leituras dos fenômenos culturais que aborda e a apressada tentativa, no último capítulo, de nela incluir as atuais viagens de bandas nacionais underground peca pelo absoluto desconhecimento quanto à dinâmica cultural específica do rock. (ROBERTO ALVES)

    AUTOR: José Ramos Tinhorão
    EDITORA: 34
    QUANTO: R$ 39 (216 págs.)
    AVALIAÇÃO: bom

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