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    Box traz três clássicos que relembram a obra de François Truffaut

    SÉRGIO ALPENDRE

    29/08/2015 16h05

    Divulgação
    Cena do filme "Atirem no Pianista"
    Cena do filme "Atirem no Pianista"

    Pode causar alguma decepção que os três filmes da coleção "A Arte de François Truffaut" não estejam entre os mais festejados por críticos e cinéfilos. Afinal, "Atirem no Pianista" foi um tremendo fracasso em sua época; "A Noite Americana" foi mal visto por Godard, e muitos foram no embalo; e "De Repente num Domingo" é claramente um divertimento sem grandes pretensões. Estamos distantes, então, da série com Antoine Doinel, que começa com o muito amado "Os Incompreendidos", ou de "Jules e Jim".

    Mas seria equivocado subestimar os encantos do Truffaut menos celebrado. Sua carreira é repleta de longas menos ambiciosos, mas ele nunca errou, de fato. Sempre há algo de sublime em seus filmes, até mesmo no mais fraco que realizou, "A Sereia do Mississipi".

    "Atirem no Pianista" é um dos maiores modelos da Nouvelle Vague e é o grande filme da coleção. É a materialização cinematográfica de diversos dos preceitos que os "jovens turcos" (sobretudo Truffaut, Godard, Rivette e Rohmer) defendiam quando eram críticos da revista "Cahiers du Cinéma". É uma história de gangster totalmente incomum, baseada em livro de David Goodis, com Charles Aznavour como um pianista que se envolve com assassinos. Incomum e, vale dizer, formidável. Uma das maiores injustiças daquele período.

    Reprodução
    A Arte de Francois Truffaut

    "A Noite Americana" não é a bobagem que apregoam os godardianos. Truffaut sempre foi romanesco. Logo, sua versão de como é fazer um filme, a vida do cinema se misturando com a vida pessoal, é extremamente romantizada e apaixonada, o que ainda contrariava a turminha que defendia sempre um cinema de intervenção política. Estávamos em 1973, e os efeitos de maio de 1968, embora mais fracos, ainda se faziam presentes na sociedade parisiense. Daí a resistência de alguns a este belo filme, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro.

    "De Repente num Domingo" data de uma outra época. O filme é de 1983, e praticamente serve de veículo para sua esposa, a atriz Fanny Ardant (que já tinha feito com Truffaut o soberbo "A Mulher do Lado", de 1981). Ela é a secretária do agente imobiliário Julien Vercel (Jean-Louis Trintignant), que está sendo acusado do assassinato da esposa e do amante. Como ele está foragido, é ela que busca provar sua inocência. A inspiração hitchcockiana é evidente, a do noir também; graças a elas, Truffaut, em seu último filme, realiza um belíssimo exercício em preto e branco.


    DIRETOR: François Truffaut
    DISTRIBUIDORA: Versátil
    QUANTO: R$ 49,90
    AVALIAÇÃO: ótimo

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