• Guia de Livros, Discos e Filmes

    Sunday, 19-May-2024 02:14:47 -03

    Edgar Morin mistura sua biografia à história francesa em "Minha Paris"

    DE SÃO PAULO

    29/08/2015 02h00

    JOSEPH FOUCHÉ - RETRATO DE UM HOMEM POLÍTICO

    De professor eclesiástico a blasfemo saqueador de igrejas. De radical carniceiro (responsável pelos massacres de Lyon) e autor do "primeiro manifesto comunista da história" a algoz de Robespierre. Traidor também de Napoleão, de quem fora ministro e fundador da moderna polícia política.

    Reprodução

    As peripécias e o caráter (ou absoluta falta dele) de Joseph Fouché (1759-1820), um dos mais importantes e sombrios personagens da Revolução Francesa, são tema deste ensaio de Stefan Zweig, publicado em 1929, sob o impacto, entre outras febres políticas calamitosas recentes ou iminentes, do novo surto revolucionário que tomara a Rússia.

    Tratava-se, segundo Balzac, da "personalidade psicologicamente mais interessante de seu século", um gênio sinistro que vale a pena ser investigado por si mesmo e pelo que descortina sobre a psicopatologia do poder em geral, sobre o habitat político que —os brasileiros que o digam— parece tão afeito ao cinismo camaleônico (entre nós macunaímico), sem nenhum caráter. (CAIO LIUDVIK)

    AUTOR: Stefan Zweig
    TRADUÇÃO: Kristina Michahelles
    EDITORA: Zahar
    QUANTO: R$ 49,90 (224 págs.)
    AVALIAÇÃO: muito bom

    *

    MINHA PARIS, MINHA MEMÓRIA

    Nascido em Paris em 1921, o filósofo Edgar Morin diz, nessas memórias mescladas a retrato afetivo da Cidade Luz, que se tornou propriamente parisiense apenas quando a mãe morreu.

    Reprodução

    Essa perda foi a "Hiroshima interna" de sua infância e de sua vida, mas como que lhe empurrou a um segundo nascimento e uma segunda casa (ou mãe), a Paris de suas evasões imaginárias, nas salas de cinema, a Paris das canções românticas ("Em Paris, em cada subúrbio/ O sol de cada dia/ Faz desabrochar um sonho de amor/ Em cada destino") a que ele fazia jus nas colinas estratégicas em que levava suas conquistas amorosas para o primeiro beijo.

    A cidade é palco e coprotagonista de sua biografia e da história mundial do tumultuado século 20, com suas ruas marcadas pela Segunda Guerra, pela ocupação nazista, pela resistência, pelas revoltas estudantis de 1968. (CL)

    AUTOR: Edgar Morin
    TRADUÇÃO: Clóvis Marques
    EDITORA: Bertrand Brasil
    QUANTO: R$ 35 (224 págs.)
    e R$ 24 (e-book)
    AVALIAÇÃO: ótimo

    *

    CADERNO ITALIANO

    Reprodução

    Neste relato autobiográfico, o tradutor e ensaísta Boris Schnaiderman (nascido na Ucrânia, em 1917, e residente no Brasil desde 1925) revela boa parte dos fatos reais que deram origem ao romance "Guerra em Surdina", de 1964, sobre sua participação como recruta da Força Expedicionária Brasileira no front italiano, nos anos 1940.

    Em nota prévia ao livro, o autor afirma que os ex-combatentes têm a obrigação de vir sempre que possível a público "prestar nosso depoimento em face da incompreensão generalizada em relação ao nosso desempenho na Itália". Mesmo tendo sido uma participação menor, por assim dizer, em batalhas como a de Monte Castelo, nem por isso foi menos importante ou dramática, especialmente se vista na perspectiva do sacrifício dos jovens soldados.

    Os detalhes, as impressões pessoais, lembranças do cotidiano e da relação com as pessoas numa situação de exceção, da violência e da destruição, com o risco de morte à espreita, tornam incertas as fronteiras entre realidade e pesadelo. (REYNALDO DAMAZIO)

    AUTOR: Boris Schnaiderman
    EDITORA: Perspectiva
    QUANTO: R$ 45 (120 págs.)
    AVALIAÇÃO: bom

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024