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    Filósofos refletem sobre a maldade e os horrores do nazismo em livros

    DE SÃO PAULO

    26/09/2015 02h00

    HEIDEGGER: A INTRODUÇÃO DO NAZISMO NA FILOSOFIA

    Para o enfastiado professor de filosofia de "Homem Irracional" —a aula paródica de existencialismo dostoievskiano de Woody Allen, em cartaz em São Paulo—, o tema "Heidegger e o fascismo" soava batido. "Como se o mundo precisasse de mais um livro sobre isso", dizia, racionalizando a estagnação de sua própria pesquisa.

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    Se por acaso tivesse lido esse belo livro de Emmanuel Faye, veria que não, o tema não está nada batido. De quebra, reencontraria uma defesa da dimensão ética da filosofia que poderia tê-lo demovido do crime que estava prestes a cometer. Num dos mais duros e fundamentados ataques a Heidegger, Faye lhe nega o direito sequer a ser chamado de filósofo, mostrando que vida e obra tinham, para o pensador da Floresta Negra, uma unidade, em torno do signo místico-racial da suástica, muito mais profundo do que os discípulos depois tentaram alegar.

    Não se tratou de meros "dez curtos meses de febre" (Hannah Arendt), de um erro pessoal e passageiro, que não chegaria a manchar as grandiosas especulações sobre o ser, o tempo, a técnica, a existência. Para Faye, além disso, o perigo de Heidegger é atualíssimo: até pelos véus esotéricos com que depois da guerra recobriu uma pregação que seguiu sendo nazi, Heidegger paira entre nós como profeta potencial de um "quarto Reich", contra o qual o filósofo francês se mobiliza com paixão e muitos documentos inéditos ou pouco conhecidos. (CAIO LIUDVIK)

    AUTOR: Emmanuel Faye
    TRADUÇÃO: Luiz Paulo Rouanet
    EDITORA: É Realizações
    QUANTO: R$ 119,90 (608 págs.)
    AVALIAÇÃO: ótimo

    Reprodução
    O filósofo alemão Martin Heidegger. (Foto: Reprodução) *** DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM *** --- FGCUL2609_p14_fotofiloReprodução
    O filósofo alemão Martin Heidegger

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    O MAL E O SOFRIMENTO

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    Desde os tempos do Livro de Jó, passando pelo fatídico terremoto de Lisboa (marco da reflexão moderna sobre o mal) até o Holocausto, a história não cessa de pôr ao homem o dilema: por que tamanho horror e indiferença da natureza e dos deuses em relação a nossos anseios de segurança, justiça e felicidade?

    Em paralelo com as reflexões desesperadas de um Sartre e um Camus, de mais repercussão pública no século 20 filosófico francês, é preciso conhecermos melhor a abordagem de Louis Lavelle.

    Em sintonia com as perplexidades existenciais de nossa era, ele nos conecta com uma dimensão ética e espiritual que parecia perdida: o mal como purificação que convoca não ao conformismo, mas à evolução criadora da consciência, que na provação dá testemunho da autonomia e precedência dos bens espirituais ante as contingências externas. (CAIO LIUDVIK)

    AUTOR: Louis Lavelle
    TRADUÇÃO: Lara Christina de Malimpensa
    EDITORA: É Realizações
    QUANTO: R$ 52,90 (136 págs.)
    AVALIAÇÃO: ótimo

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