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    Livro narra a construção do socialismo stalinista na Coreia do Norte

    DE SÃO PAULO

    26/09/2015 02h00

    A REVOLUÇÃO COREANA

    O regime comunista da Coreia do Norte provavelmente não encontrará, no Brasil, advogados mais aplicados que os acadêmicos que assinam "A Revolução Coreana". O livro narra a história do país a partir de meados do século passado na tentativa de demonstrar como guerra anticolonial (contra o Japão) e isolamento internacional (capitaneado pelos EUA) justificaram a construção do chamado socialismo Zuche.

    Divulgação

    Os autores acertam ao criticar a ridicularização do país na imprensa, o que não ajuda a compreender o regime, mas cometem o mesmo pecado, com sinal invertido, ao negligenciar os muitos aspectos negativos daquela experiência, considerada um "parque jurássico do stalinismo".

    O argumento de que todos os males da Coreia têm origem externa não convence, diante das atrocidades cometidas por um ditador que chegou ao poder por linhagem familiar. Ainda assim, dado o desconhecimento geral sobre a Coreia, a obra pode ser útil como contraponto ao consenso (do qual compartilham inclusive setores da esquerda). (OSCAR PILAGALLO)

    AUTORES: Paulo F. Visentini, Analúcia Danilevicz Pereira e Helena Hoppen Melchionna
    EDITORA: Unesp
    QUANTO: R$ 25 (200 págs.)
    AVALIAÇÃO: regular

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    A CONQUISTA DO BRASIL (1500-1600)

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    Na trilha aberta por Laurentino Gomes (de quem emulou o recorte historiográfico) e Eduardo Bueno (que tratou do mesmo período), o jornalista Thales Guaracy narra com fluência e rigor as primeiras décadas do período colonial. O título, "A Conquista do Brasil", em oposição ao "descobrimento", sinaliza de saída que o autor está sintonizado com estudos mais recentes, que dão o devido peso à civilização que habitava o território antes dos portugueses.

    Guaracy foca a "violência bárbara" da ocupação e procura, a partir daí, fazer uma ligação direta, ainda que de passagem, com "a verdadeira essência do Brasil atual". Há menção à moral duvidosa dos jesuítas, "se considerada pelos critérios do mundo contemporâneo". Em outra passagem, índios exaltam a valentia "sem a menor modéstia".

    Mas, como não interferem na interpretação, tais observações não constituem exemplos de anacronismo e etnocentrismo. Trata-se apenas de recurso narrativo. (OSCAR PILAGALLO)

    AUTOR: Thales Guaracy
    EDITORA: Planeta
    QUANTO: R$ 39,90 (256 págs.)
    AVALIAÇÃO: muito bom

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    A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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    O historiador britânico Antony Beevor consegue escrever algo diferente sobre o evento mais analisado e narrado do século passado.

    Registra, por exemplo, que parte da esquerda da época hesitava em condenar Hitler antes da guerra devido ao tratamento injusto à Alemanha no Tratado de Versalhes.

    Também comenta que a posição da Grã-Bretanha anterior ao conflito nada tinha a ver com a resistência ao nazismo, como quis fazer crer a propaganda de guerra. O país apenas rejeitava os planos de expansão territorial de Hitler.

    Como em trabalhos anteriores, Beevor transita com facilidade entre o particular e o geral, dando uma perspectiva humana da Segunda Guerra sem descuidar da análise.

    A abordagem abrangente do conflito em único volume se compara favoravelmente à obra homônima e de mesma envergadura de seu conterrâneo Martin Gilbert, que optou por um recorte apenas granular da história. (OSCAR PILAGALLO)

    AUTOR: Antony Beevor
    TRADUÇÃO: Cristina Cavalcanti
    EDITORA: Record
    QUANTO: R$ 98 (952 págs.)
    AVALIAÇÃO: muito bom

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