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    Obras realçam trabalho de Mário de Andrade no Departamento de Cultura

    ROBERTO ALVES
    DE SÃO PAULO

    28/11/2015 02h00

    Neste ano, pontos luminosos reacenderam macunaimicamente, para o pensamento e a vivência da cultura brasileira, o brilho da estrela de Mário de Andrade: numa gravação inédita, perdida e resgatada de uma universidade americana, pudemos ouvir, deliciados, sua voz e canto. José Miguel Wisnik, num brilhante ensaio ("O que se Pode Saber de um Homem?", na revista "Piauí"), pôs em seu devido lugar (inserindo-a junto a outros dados biográficos) a midiática "confirmação da homossexualidade de Mário", a partir da divulgação de carta anteriormente "censurada".

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    guialivros82 -- Me esqueci completamente de mim, sou um departamento de cultura
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    capa livros - GuiaLivros82

    Duas obras de naturezas diversas destacam na biografia do escritor a expressiva centralidade de sua experiência como diretor do primeiro Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, entre 1935 e 1938.

    Em "Eu Sou Trezentos", Eduardo Jardim constela vida e obra de Mário em capítulos fluentes e equilibrados quanto à mescla entre biografia, crítica literária e crítica da cultura. Faz brilhar, como "leitmotiv" biográfico, o emotivo encontro do escritor em viagem com o cantador e músico popular Chico Antônio e localiza na época e na história de sua passagem pelo Departamento de Cultura, o significado maior de sua vocação intelectual e humana, a partir dos "dramas da contrariedade" que a marcaram.

    "Me Esqueci de Mim, Sou um Departamento de Cultura" narra, por meio de primorosa seleção e reprodução de cartas, fotos e documentos oficiais (entre as confissões e a face pública, portanto), as grandezas de intenções ("dando ao 'farniente' uma orientação cultural") e os impasses enfrentados ("a espessa goma da burocracia") pela pessoa que queria, no dizer de Wisnik, "tanto carregar quanto tocar o piano da cultura nacional". Mário tratou, antes de tudo, de comprá-lo, já que a cidade não possuía um piano de concerto. Muito menos um plano de conserto, no que diz respeito à vida cultural, ainda bastante elitista, à época.

    *

    EU SOU TREZENTOS: MÁRIO DE ANDRADE —VIDA E OBRA
    AUTOR: Eduardo Jardim
    EDITORA: Edições de Janeiro
    QUANTO: R$ 49,90 (256 págs.)
    AVALIAÇÃO: ótimo

    ME ESQUECI COMPLETAMENTE DE MIM, SOU UM DEPARTAMENTO DE CULTURA
    AUTOR: Mário de Andrade
    ORGANIZAÇÃO: Carlos Augusto Calil e Flávio Rodrigo Penteado
    EDITORA: Imprensa Oficial e Secretaria Municipal de Cultura - SP
    QUANTO: R$ 60 (336 págs.)
    AVALIAÇÃO: ótimo

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