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    Confira os lançamentos de CDs de dezembro

    DE SÃO PAULO

    19/12/2015 03h02

    MPB

    JÁ É

    Reprodução

    Um período sabático com passagens por Paraty (RJ), Nova York (EUA), Rishikesh (Índia), Milão e Roma (Itália) rendeu a Arnaldo Antunes o repertório do 16º álbum de sua carreira e o primeiro produzido por Kassin com participação, entre os músicos, de Marcelo Jeneci (sanfona, piano e teclados), Pedro Sá (guitarra) e Carlinhos Brown (percussão). "Põe Fé que Já É", de uma alegria exacerbada, abre o disco e provoca a dúvida: por quais caminhos estaria andando o músico paulistano?

    Assim como prega a filosofia oriental, ele se mantém atento ao presente, constrói letras que lembram mantras ("Se Você Nadar", em parceria com a mulher, Márcia Xavier) e, vez ou outra, carrega nas tintas. "Peraí, Repara", canção dele com Marisa Monte e Dadi Carvalho, questiona: "Pra que tanta pressa?". É justamente quando a banda diminui o ritmo e as melodias pop dão lugar aos vocais lânguidos da cantora, em um dueto com Antunes, que o disco tem um de seus melhores momentos. (LÍGIA NOGUEIRA)

    JÁ É
    QUANTO: R$ 24,90
    AUTOR: ARNALDO ANTUNES
    GRAVADORA: ROSA CELESTE/SONY MUSIC

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    RUIVO EM SANGUE

    O paulistano Gui Amabis, produtor musical e compositor de trilhas sonoras e canções, estreou em disco em 2011 com o lírico resgate de suas "Memórias luso/africanas". Antes, integrara com Céu, Dengue, Pupillo e Rica Amabis o coletivo Sonantes, que lançou belo álbum homônimo em 2008.

    Este terceiro disco acirra ainda mais a poética densa de seus inspirados "Trabalhos Carnívoros", de 2012. É trabalho afiado, curto e certeiro, como a faca dos amantes da faixa-título ou a da linda capa de Biel Carpenter. Distanciando-se com inteligência do consumo e adesão fácil, Amabis canta letras sucintas e enigmáticas, que dão forma desconcertante mas potente a estados de espírito ou a suas observações sobre o mundo. Veste-as de linhas musicais raras com o auxílio refinado dos cidadãos instigados Regis Damasceno e Dustan Gallas, nos arranjos e guitarras. Destacam-se duas notáveis canções em inglês e "Encosto", que contou, no lançamento ao vivo, com a força da presença e voz de Juçara Marçal. (ROBERTO ALVES)

    RUIVO EM SANGUE
    QUANTO: R$ 20 (CD), R$ 75 (LP) OU DOWNLOAD GRATUITO EM GUIAMABIS.COM.BR
    AUTOR: GUI AMABIS
    GRAVADORA: INDEPENDENTE

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    CONVERSAS COM TOSHIRO

    Reprodução

    A periferia de São Paulo, o nordeste ensolarado, o outro lado do mundo. As crônicas de Rodrigo Campos compõem um mapa imaginário e absurdo, em que os personagens criados pelo compositor e instrumentista passeiam (ou vagam?) por paisagens diversas, retornando sempre a um ponto comum: o sexo, a morte e a vida. Sucessor de "Bahia Fantástica" (2012) e "São Mateus Não é um Lugar Assim Tão Longe" (2009), o terceiro disco solo do artista dialoga com o universo oriental, trazendo à tona criaturas tanto adoráveis quanto estranhas ""assim como a sua música.

    À frente da guitarra e do vocal, Campos orquestra a banda formada por Marcelo Cabral (baixo elétrico), Curumin (bateria), Thiago França (sax barítono, sax soprano e flauta) e Dustan Gallas (rhodes, hammond e guitarra). Merecem atenção os vocais de Juçara Marçal e Ná Ozzetti, que deixam o posto de backing vocals para assumir uma posição de destaque em quase todo o repertório. (LN)

    CONVERSAS COM TOSHIRO
    QUANTO: R$ 25 OU DOWNLOAD GRATUITO EM RODRIGOCAMPOS.ART.BR
    AUTOR: RODRIGO CAMPOS
    GRAVADORA: YB MUSIC/ NATURA MUSICAL

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    ROCK/POP

    B'LIEVE I'M GOIN DOWN...

    "Pretty Pimpin'", sobre uma crise existencial em frente ao espelho de manhã, abre o sexto trabalho de estúdio de Kurt Vile e, a partir deste momento, o jogo já está ganho.

    O músico nascido na Filadélfia investe cada vez mais nas melodias envolventes e enfatiza, agora, instrumentos que ajudam a criar uma atmosfera folk, como o banjo, em faixas como "I'm an Outlaw". Já o piano é o que dá charme a canções como "Life Like This" e a despretensiosa "Lost my Head There". Mas o disco não se prende a apenas um gênero: seus personagens e arranjos aparentemente simples passeiam pelos campos abertos do indie rock.

    Reprodução

    Apesar de ter sido classificado pelo próprio artista como um álbum "noturno", criado no silêncio das madrugadas ""conforme apontam faixas mais intimistas, a exemplo da balada "That's Life, Tho (Almost Hate to Say)""" "B'lieve I'm Goin Down"¦" rende momentos de puro deleite auditivo. (LÍGIA NOGUEIRA)

    Kurt Vile
    QUANTO: R$ 50 (CD IMPORTADO)
    GRAVADORA: MATADOR RECORDS

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    GLOBAL CHAKRA RHYTHMS

    O recém-lançado álbum duplo do JEFF The Brotherhood, "Global Chakra Rhythms", marca a saída de uma grande gravadora (pela qual foi lançado "Wasted on the Dream", no início de 2015) e o retorno da banda de fuzz-rock de Nashville ao seu próprio selo.

    Reprodução

    O movimento se revelou um ótimo negócio: livres dos compromissos comerciais, os irmãos Jake e Jamin Orrall criaram um repertório que varia do rock psicodélico, ao punk e o garage. A faixa-título abre o trabalho com uma espécie de mantra que conduz o ouvinte por uma viagem sônica com pouco mais de sete minutos. Aqui, um solo de saxofone faz a ponte com o free jazz, enquanto as guitarras, que aparecem mais à frente, remetem à musica oriental. As experimentações continuam na instrumental "Pringle Variations" e se desenvolvem nas canções seguintes até a soturna "Chilled to Bones", em que o piano é o fio condutor para diminuir o ritmo e se aprofundar em um universo de estranhas belezas. (LN)

    GLOBAL CHAKRA RHYTHMS
    QUANTO: R$ 75 (CD DUPLO, IMPORTADO)
    AUTOR: JEFF THE BROTHERHOOD
    GRAVADORA: INFINITY CATS RECORDINGS

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    MONTAGE OF HECK: THE HOME RECORDINGS

    É impossível negar a importância de Kurt Cobain (1967-1994) para o rock e a música pop a partir do início dos anos 1990: o músico foi um dos principais responsáveis por injetar uma boa dose de provocação ao então desgastado mainstream. É justificável, portanto, a atenção dada a "Montage of Heck", um disco com gravações caseiras feitas pelo líder do Nirvana de 1987 até pouco antes de sua morte.

    Reprodução

    A obra vem na esteira do lançamento, há alguns meses, do documentário de mesmo nome do diretor Brett Morgen, que teve acesso a um vasto material deixado pelo artista, incluindo 108 fitas cassete com mais de 200 horas de áudio. O resultado carece de qualidade técnica, mas não deixa de funcionar como uma forma de suprir a curiosidade quanto ao conturbado processo criativo de Cobain. No repertório, há "early demos", ou esboços de faixas que mais tarde se tornaram bastante conhecidas, como "Been a Son", "Clean Up Before She Comes" e "Something in the Way", e ainda uma versão caseira de "And I Love Her", dos Beatles. (LN)

    MONTAGE OF HECK: THE HOME RECORDINGS
    QUANTO: R$ 27,90
    AUTOR: KURT COBAIN
    GRAVADORA: UNIVERSAL MUSIC

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    INSTRUMENTAL

    CANÇÃO PARA TEMPOS MELHORES

    Este é o terceiro CD do trompetista Daniel D'Alcântara. O primeiro, "Horizonte" (2001), feito em parceria com o baterista Edu Ribeiro, embora seja um disco de sambajazz, tem foco voltado para a música brasileira. O segundo trabalho, "Lote 502" (2005), comercializado apenas pela internet, trouxe ritmos brasileiros como o samba e a bossa nova, mas com bastante espaço para improvisação em cima de harmonias jazzísticas.

    "Canção para Tempos Melhores" traz um conceito mais livre. O disco serve para que Daniel D'Alcântara (trompete e flugel), Bruno Migotto (contrabaixo), Cuca Teixeira (bateria), Edson Sant'anna (piano) e Vitor Alcântara (saxofone) sigam o conceito trilhado pelo quinteto de Miles Davis. Na década de 1960, Davis gravou vários standards para serem tocados a cada apresentação de uma maneira, mudando a ordem dos solistas, a estrutura e o andamento das músicas. Na capa do CD, foto e tipologia remetem às capas produzidas pelo selo Blue Note Records. O som idem. (CARLOS BOZZO JUNIOR)

    CANÇÃO PARA TEMPOS MELHORES
    QUANTO: R$ 20
    AUTOR: DANIEL D'ALCÂNTARA
    GRAVADORA: INDEPENDENTE

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    4 CLIMAS

    Pela dificuldade que apresentam, os arranjos e composições de "4 Climas" requerem músicos bons. Conrado Paulino (violão, guitarra, arranjos e composições), Debora Gurgel (piano e arranjo de "Valsa Errante"), Marinho Andreotti (contrabaixo) e Pércio Sapia (bateria) o são.

    Além dos quatro excelentes instrumentistas que integram o Quarteto, o CD traz também as participações especiais de Léa Freire (flauta), Alexandre Ribeiro (clarinete), Tatiana Parra (voz) e Daniel D'Alcântara (trompete).

    Apesar de tantos virtuoses reunidos, o som passa ao largo de execuções técnicas impecáveis e frias. Há emoção quente e muita música, com suingue pelas 11 faixas do disco.

    Entre elas, "O Esquimó em Olinda", frevo de Paulino, cujo nome faz alusão aos compassos quebrados que derrubam o bailarino; "Canto Triste", de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, em um belo solo de violão de Paulino; e "Valsa Errante", a única cantada do disco, com Tatiana Parra. Sublime. Disco de alto padrão. (CBJ)

    4 CLIMAS
    QUANTO: R$ 29.90
    AUTOR: CONRADO PAULINO QUARTETO
    GRAVADORA: TRATORE

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    LIÇÃO #1 MOACIR

    Um quinteto que destaca quatro garotas instrumentistas já é algo raro nos meios da música brasileira, mas o que mais chama atenção no grupo Quartabê é sua atitude criativa. Joana Queiroz (sax tenor e clarinete), Maria Bastos (clarinete e clarone), Mariá Portugal (bateria), Ana Sebastião (baixo) e Chicão (piano e teclados) releem composições do cultuado maestro Moacir Santos (1926-2006) com muita liberdade, sem medo de imprimir nelas diversas referências musicais, do jazz de vanguarda ao pop.

    Reprodução

    O álbum "Lição #1 Moacir" não tem nada a ver com "songbooks" ou tributos cheios de reverências. A releitura da popular "Nanã "" Coisa #5", por exemplo, inclui um estridente solo de teclado e improvisos coletivos. Na encantadora "Suk-chá", o arranjo usa palmas e vocais para hipnotizar o ouvinte e, quando este pensa que a faixa acabou, vem uma seção mais intensa. Aliás, surpresas não faltam no álbum de estreia desse quinteto, que por si só já é uma surpresa promissora. (CARLOS CALADO)

    LIÇÃO #1 MOACIR
    QUANTO: R$ 23
    AUTOR: QUARTABÊ
    GRAVADORA: INDEPENDENTE/TRATORE

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    CLÁSSICO

    AGÔ!

    Dedicado à pesquisa e à divulgação de música nacional, o duo formado pelo barítono Renato Mismetti e pelo pianista Maximiliano de Brito apresenta aqui uma seleção de 36 canções de 16 diferentes compositores, tendo em comum a exploração da temática afro-brasileira.

    Abrangente e variado, o repertório vai de José Francisco Leal (1792-1829) ao próprio Maximiliano de Brito, abarcando do nacionalismo de Villa-Lobos, Camargo Guarnieri e Mignone ao experimentalismo de Dinorá de Carvalho e Koellreuter, passando pelo "crossover" de Jayme Ovalle e Valdemar Henrique e o apuro de Marlos Nobre.

    A convicção e o esmero de cantor e pianista, bem como a inteligência e bom gosto na escolha do repertório, fazem da audição do CD uma jornada de prazeres e descobertas. (IRINEU FRANCO PERPETUO)

    Agô!
    QUANTO: R$ 63 (CD IMPORTADO)
    AUTOR: RENATO MISMETTI E MAXIMILIANO DE BRITO
    GRAVADORA: PLEORAMA

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    MENDELSSOHN: SYMPHONY Nº 3 "SCOTTISH", OVERTURE

    Sir John Eliot Gardiner traz aos instrumentos "modernos" da Sinfônica de Londres toda a experiência acumulada em décadas de dedicação à música antiga, com uma leitura exuberante da abertura "Hébridas", de Mendelssohn, e muito vivaz da terceira sinfonia, do mesmo compositor. No concerto para piano de Schumann, a solista é a portuguesa naturalizada brasileira Maria João Pires, que impregna a obra com doses peculiares de lirismo e poesia.

    O álbum é duplo: além de ouvir as performances em CD de qualidade de áudio impressionante, é possível ainda acompanhá-las em Blu-ray e observar que, na sinfonia de Mendelssohn, Gardiner coloca as cordas da superlativa orquestra londrina para tocarem de pé, o que só aumenta a sensação de urgência e proximidade de sua interpretação. (IFP)

    MENDELSSOHN: SYMPHONY Nº 3 "SCOTTISH", OVERTURE
    QUANTO: R$ 51 (CD E BLU-RAY IMPORTADOS)
    AUTOR: LONDON SYMPHONY ORCHESTRA, JOHN ELIOT GARDINER E MARIA JOÃO PIRES
    GRAVADORA: LSO LIVE

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    Vivaldi: Pietà

    Reprodução
    disco Vivaldi Pietá

    Talvez não haja, no cenário musical da atualidade, contratenor com voz mais sedutora que a do francês Philippe Jaroussky. A um timbre puríssimo e uma capacidade extraordinária para executar as virtuosísticas pirotecnias vocais do repertório do século 18, Jaroussky alia uma musicalidade inata e uma comunicabilidade que fazem suas interpretações serem extremamente calorosas e expressivas.

    Aqui, ao lado do Ensemble Artaserse ""grupo de instrumentos de época que o acompanhou em sua última vinda ao Brasil, em 2014"", Jaroussky canta a música sacra de um compositor com o qual demonstra profunda afinidade: o sacerdote veneziano Antonio Vivaldi (1678-1741). Jaroussky se esbalda com a riqueza melódica vivaldiana: difícil imaginar gravações melhores de motetos como o "Stabat Mater" e "Longe, Mala, Umbrae, Terrores". (IFP)

    Vivaldi: Pietà
    QUANTO: R$ 75 (CD IMPORTADO)
    AUTOR: PHILIPPE JAROUSSKY
    GRAVADORA: ERATO

    Edição impressa

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