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    Lançamentos nacionais fazem ode ao amor e tributo a Tom Zé

    DE SÃO PAULO

    27/02/2016 02h00

    FROU FROU

    "Agora é tarde, estou entregue": em seu terceiro disco solo, Bárbara Eugênia faz uma ode ao amor —tema também presente nos álbuns anteriores da cantora, "É o que Temos" (2013) e "Journal de Bad" (2010). Se o assunto é o mesmo, a trilha, agora, é diferente. Ela passa pela disco music americana e pelo rock nacional dos anos 80, flertando, em alguns momentos, com a new wave e o pós-punk (a exemplo de "Doppelganger Love", com letra em inglês).

    Divulgação
    Capa de "Frou Frou"
    Capa de "Frou Frou"

    Acompanhada do guitarrista Davi Bernardo, do baixista Jesus Sanchez e do baterista Clayton Martin, que coproduziu o disco ao lado da cantora, Bárbara cria um clima de "Sessão da Tarde", leve e adocicado, mas com direito a alguma dose de drama: "Recomeçar", canção composta pelo guitarrista Fernando Catatau, líder do Cidadão Instigado, poderia estar no repertório de Roberto Carlos ou Odair José. "Frou Frou" conta ainda com participações de Andreia Dias, Blubell e Claudia Dorei ("Para Curar o Coração"), entre outros nomes da nova geração. (LÍGIA NOGUEIRA)

    BÁRBARA EUGÊNIA
    QUANTO: R$ 25 (CD) ou download gratuito em barbaraeugenia.com
    GRAVADORA: independente

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    MULTIPLICAR-SE ÚNICA - CANÇÕES DE TOM ZÉ

    A cantora e compositora paulistana Regina Machado tem três CDs lançados anteriormente a "Multiplicar-se Única - Canções de Tom Zé", seu quarto disco. São eles: "Sobre a Paixão" (2000), "Pulsar" (2004) e "Agora o Céu Vai Ficando Claro" (2010).

    Divulgação
    Capa de "Multiplicar-se Única"
    Capa de "Multiplicar-se Única"

    Ninguém melhor do que ela para registrar as nove músicas muito bem escolhidas do mestre Tom Zé, que em 50 anos de carreira produziu verdadeiras pérolas, sempre se reinventado. Além de ter trabalhado com o baiano como vocalista, nos anos 1980, adquirindo experiência suficiente para se tornar instrumento de suas canções, Regina se cercou para esta empreitada de um dos melhores arranjadores da atualidade, Dante Ozzetti.

    Entre as músicas buriladas por Ozzetti, "Menina Jesus", do LP de Tom Zé "Correio da Estação do Brás" (1978); "Augusta, Angélica e Consolação" (1973); "Multiplicar-se Única" (1990) e "João nos Tribunais" (2008), que homenageia João Gilberto. Todas trazem uma cantora com voz clara, segura, repleta de sutilezas e ótima de se ouvir. (CARLOS BOZZO JUNIOR)

    REGINA MACHADO
    QUANTO: R$ 27
    GRAVADORA: Tratore

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    PAS À PAS

    Temos aqui 12 faixas gravadas com músicas que misturam prazerosamente Brasil e França. Pela sonoridade do disco, que passa por choros, sambas e baião, com letras em francês e em português, fica fácil acrescentar, sem forçar em nada, a inserção da letra "F" na sigla da MPB.

    Divulgação
    Capa de "Pas à Pas"
    Capa de "Pas à Pas"

    As artistas e compositoras Aurélie Tyszblat e Verioca Lherm formam uma dupla francesa apaixonada por música brasileira. Ambas são conhecidas e respeitadas por artistas brasileiros. Entre eles, o compositor e violonista Guinga, a cantora Joyce e o compositor Eduardo Gudin. Para o último disco de Gudin, as "fransileiras" gravaram "Un Autre Quai", bela versão francesa de "Outro Cais", música dele, com letra de Costa Netto.

    Em "Pas à Pas", a dupla registrou "Le Temps d'un Samba", versão de "O Tempo de um Samba", de Swami Jr., além de "À la Derive", como foi rebatizada a música "Lôro", de Egberto Gismonti, que ganhou letra inspirada de Aurélie. Todas músicas de tirar o "châpeau". MPB com requinte francês. (CBJ)

    AURÉLIE E VERIOCA
    QUANTO: R$ 20
    GRAVADORA: Tratore

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    ANGANGA

    A cantora Juçara Marçal (do encantado "Encarnado") e o músico carioca Cadu Tenório criaram ousada linguagem musical para forjar este belíssimo álbum: os vissungos, cantos fúnebres afrobrasileiros coletados no âmbito da Missão de Pesquisas Folclóricas, em 1938, repotencializam suas vozes mergulhados no rio vital da música eletrônica e experimental. A poderosa imersão propiciada ao vivo se mantém na precisa sequência de faixas, que combina choques sonoros, microfonias insólitas e líricas suspensões em atmosferas de sonho e revolta.

    Divulgação
    Capa do disco "Anganga"
    Capa do disco "Anganga"

    Dos gritos e ecos sobre fundo denso que, em "Eká", tingem tudo de escuro, surge o tradicional "Muriquinho piquinino..." entoado com doçura por Juçara de dentro de som metálico repetitivo ("Canto II"). Palavras que misturam línguas, estranhamentos eletrônicos e barulhos prosaicos propõem novos "gestos" auditivos.

    A beleza avassaladora da música de ruídos transfigura os cantos ancestrais da dor que é "morte-vida", única e indivisível experiência humana. (ROBERTO ALVES)

    JUÇARA MARÇAL E CADU TENÓRIO
    QUANTO: R$ 29 (CD) ou download gratuito em sinewave.com.br
    GRAVADORA: independente

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    MENINA DA JANELA

    Quem já teve a chance de assistir a um show do Clube do Balanço sabe que as apresentações dessa banda paulistana se confundem com bailes. Nem poderia ser diferente, já que o guitarrista Marco Mattoli e seus parceiros são especialistas em samba-rock, samba de gafieira e outros ritmos com vocação para a dança.

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    Capa do disco "Menina da Janela"
    Capa do disco "Menina da Janela"

    No álbum "Menina da Janela", a banda oferece canções e temas instrumentais para fazer a festa dos dançarinos, que também podem ser ouvidos com muito prazer. O irresistível samba "Time Contra" (parceria de Mattoli com Ney Lopes e Magnu Sousa) é recheado de metáforas futebolísticas. O samba-soul "Vício Perfeito" (Mattoli) ganha brilho com a aparição de um naipe de metais. Cantado com elegância pela vocalista e compositora Tereza Gama, "Nó" remete aos intrincados volteios e entrelaços dos dançarinos de samba-rock. Não se surpreenda se não conseguir ouvir o Clube do Balanço sem mexer os pés. (CARLOS CALADO)

    CLUBE DO BALANÇO
    QUANTO: R$ 24
    GRAVADORA: Yb

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    CAFÉ NO BULE

    Fruto da inédita parceria do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos com o cantor maranhense Zeca Baleiro e o baixista paulista Paulo Lepetit, artistas que já deixaram suas marcas em diferentes gêneros da música popular brasileira, o álbum "Café no Bule" logo envolve o ouvinte com sua descontração. O samba de terreiro "Batuque na Panela" antecipa o tom bem-humorado de outras faixas, como o coco-de-roda "Mosca de Bolo" ou o "Xote do Tarzan".

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    Capa do disco "Café no Bule"
    Capa do disco "Café no Bule"

    Também chama atenção a diversidade rítmica do repertório, quase todo assinado pelos três parceiros, que vai de uma dançante ciranda ("Ciranda da Meia-noite") a um maracatu com tiradas filosóficas ("Loa"), passando pelo afoxé "A Dama do Chama-Maré", que ganhou tempero de reggae e um naipe de metais. Um disco que não nasceu da pretensão de criar canções rebuscadas, mas sim do prazer proporcionado por esse encontro musical. Prazer que também se estende ao ouvinte. (CC)

    NANÁ VASCONCELOS, PAULO LEPETIT E ZECA BALEIRO
    QUANTO: R$ 20
    GRAVADORA: Selo Sesc

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