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    Sem lirismos sentimentais, Tati Bernardi reflete sobre a vida e a dor

    DE SÃO PAULO

    26/03/2016 02h00

    DEPOIS A LOUCA SOU EU

    Algumas das crônicas de Tati Bernardi, colunista da Folha, reunidas nesta coletânea, parecem uma espécie de ensaio pessoal, com reflexões sobre a vida e a dor que passam longe da autopiedade ou de lirismos sentimentais.

    A autora se aproveita de temas recorrentes, como o pânico, a depressão e o uso de drogas lícitas, para propor como material literário a aceitação da própria condição psicológica e de seu passado, marcado pela herança de uma cultura pop dos anos 1980 e 1990.

    Divulgação
    Capa de "Depois a Louca Sou Eu"
    Capa de "Depois a Louca Sou Eu"

    A alguns pode parecer uma excessiva exposição pessoal de alguém que se mostra como "um trem fantasma descarrilhado cujo condutor está de ponta-cabeça". Mas isso é apenas a aparência. Pois nem importa tanto saber se Tati Bernardi, a autora, é mais ou menos parecida com a figura projetada por ela no livro, se é tão divertida ou se sofre tanto na vida real como diz na obra. O texto, os entendimentos arregimentados ali, como literatura, é isso o que importa. E não é pouco. (ROBERTO TADDEI)

    DEPOIS A LOUCA SOU EU
    QUANTO: R$ 34,90 (144 PÁGS.) E R$ 23,90 (E-BOOK)
    AUTOR: TATI BERNARDI
    EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS

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    A MÁQUINA DE CAMINHAR

    O romancista Cristovão Tezza, autor de "O Filho Eterno" e "O Professor", foi colunista do jornal paranaense "Gazeta do Povo" durante mais de seis anos. Este livro, organizado por Christian Schwartz, é a segunda antologia desses textos, reunindo as crônicas escritas principalmente entre 2012 e 2014, ano em que o escritor interrompeu a colaboração e se despediu como cronista.

    Theo Marques/Folhapress
    O escritor Cristovão Tezza
    O escritor Cristovão Tezza

    A crônica "Esteira Sherazade" é que fornece título ao livro, pois faz referência a uma esteira de caminhar, por muito tempo destinada a outras funções na casa do autor, como a de ser cabide de roupas. Certo dia, Tezza decidiu reativá-la, também com funções literárias, passando a ler enquanto caminhava. Um bom tema e uma boa imagem para a crônica, esse gênero de fôlego curto, em constante andamento e meio desconjuntado.

    Divulgação
    Capa de "A Máquina de Caminhar"
    Capa de "A Máquina de Caminhar"

    Tezza se sai bem no gênero, que ele vincula fortemente a uma imagem fantasmagórica do leitor, além de definir a crônica como uma conversa em voz alta. Seus temas vão da literatura à política, passando pelos costumes e, eventualmente, pelo relato de algum episódio da própria vida, seja de férias na praia, seja como palestrante no México, na China e no Japão. E mesmo o clássico tema da falta de assunto e da crise imaginativa rendem ótimos momentos no texto curto do autor, que encontrou um ritmo e uma coloquialidade que tornam suas crônicas ao mesmo tempo densas e espirituosas.

    Além das crônicas, o volume traz ao final um ensaio, "Um Discurso Contra o Autor", em que Tezza fala da experiência como cronista e tenta definir o gênero com mais precisão a partir de dois textos de Machado de Assis. (BRUNO ZENI)

    A MÁQUINA DE CAMINHAR
    QUANTO: R$ 37,90 (192 PÁGS.)
    AUTOR: CRISTOVÃO TEZZA
    EDITORA: RECORD

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