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    Antologia de crônicas, ensaio e 'cinema explícito' guiam livros

    DE SÃO PAULO

    30/04/2016 02h00

    O ENSAIO NO CINEMA

    Para os que, como eu, sofrem com a saturação das formas e fórmulas do cinema narrativo convencional e com a insistência das abordagens "críticas" que (ainda) partem do pressuposto de que o bom filme é o que sabe contar bem (?) uma boa história (?), esta excelente reunião de artigos elege o filme-ensaio como forma privilegiada, que incorpora ao documentário a sinuosidade do pensamento, a subjetividade e a autorreflexividade. Os recentes e notáveis "Homem Comum" e "A Paixão de J. L.", de Carlos Nader, atestam a centralidade do "gênero" no quadro do melhor cinema nacional.

    Divulgação

    Francisco Elinaldo Teixeira organiza a obra balizando com precisão as reflexões dispersadas e defende, a partir do estudo da emergência e lapidação do conceito e da diversidade do cine-ensaio, a formação de um quarto domínio das imagens, para além da ficção, do documentário e do experimental, ainda que, ao modo do ensaísmo literário do qual é herdeiro, se aproprie, atravesse e opere passagens entre estes territórios. (ROBERTO ALVES)

    O ENSAIO NO CINEMA
    AUTORES vários
    ORGANIZAÇÃO Francisco Elinaldo Teixeira
    EDITORA Hucitec
    QUANTO R$ 75 (404 págs.)

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    CINEMATOGRAPHOS

    Esta bem cuidada antologia das crônicas e/ou críticas cinematográficas (à época, eram gêneros textuais que tendiam à indiferenciação) escritas pelo poeta modernista Guilherme de Almeida na coluna de mesmo nome que manteve no jornal "O Estado de S. Paulo", entre 1926 e 1942, revela-se importantíssima para o entendimento de momento privilegiado da vida cultural paulistana, quando a cidade ensaiava seu salto para metrópole moderna. "Cinematographos" é também o justo nome dado à sala de cinema dedicada ao cineclubismo, inaugurada em janeiro último, anexa à Casa Guilherme de Almeida, em São Paulo.

    São textos de leitura deliciosa –dada a verve e o estilo (entre o refinamento das citações e o tom coloquial) do cronista– e que percorrem ampla gama de temas ligados ao cinema: de sua legitimidade como arte aos hábitos culturais que despertou, da análise estruturada de filmes americanos e europeus aqui lançados às qualidades e problemas que detectava na incipiente, ainda que promissora, cinematografia nacional. (ROBERTO ALVES)

    CINEMATOGRAPHOS
    AUTOR Guiherme de Almeida
    ORGANIZAÇÃo Donny Correia e Marcelo Tápia
    EDITORA Unesp/Casa Guilherme de Almeida
    QUANTO R$ 95 (679 págs.)

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    CINEMA EXPLÍCITO

    Espectadores de cinema de diferentes perfis já viveram a sensação de forte envolvimento físico ("sexual"?) diante de imagens de algum filme. "No escurinho do cinema" está a pista tanto da natureza íntima quanto das implicações sociais (morais?) dessa experiência. Discussões sobre a inserção de filmes em algum "gênero" ("pornográfico ou erótico?", "artístico ou obsceno?") se repetem, mas restam pouco pensadas.

    Divulgação

    O sociólogo Rodrigo Gerace se incumbe com competência da possibilidade de deslindar a arqueologia desses nós, ao qualificar, historica e conceitualmente, querelas que são significativas para o cinema e para diferentes visões do ser humano.

    As representações cinematográficas do sexo são analisadas à luz de pensadores seminais como Foucault e Sontag, críticos ou cineastas pensantes, de Pasolini a Bruce Labruce. A ideia do sexo como dispositivo para a ordenação social e delimitação (ou suspensão) de fronteiras artísticas percorre desde sempre as telas, do cinema silencioso ao contemporâneo. (ROBERTO ALVES)

    CINEMA EXPLÍCITO
    AUTOR Rodrigo Gerace
    EDITORA Perspectiva/Sesc-SP
    QUANTO R$ 72 (320 págs.)

    Edição impressa

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