COLTRANE

São John Coltrane, que está em todo ar habitado pela música, seja feita a vossa vontade: traçar vossa biografia em quadrinhos. Mais próximo do realismo social de Joe Sacco que do surrealismo sensual de Manara, Parisi, um dos principais nomes da nova onda de "fumetti" italianos, concebeu um álbum em que a vida do mais místico dos jazzistas norte-americanos é narrada sem linearidade, com ênfase em pontos chave de sua rápida carreira (morreu aos 46 anos).

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Estão lá as gravações de "Kind of Blue", obra mais minimalista de Miles Davis, e os bastidores da revolucionária "A Love Supreme", hino espiritual em que Coltrane une o bebop ao freejazz. Estão também a infância pobre, a conexão com o ativismo político nos anos 60, a dependência de heroína e álcool, os casamentos conturbados, as amizades, as viagens, as inspirações e os êxtases místicos.

Parisi optou pela sobriedade elegante de "Ballads" em lugar do caos ordenado de "Ascension": traço sintético e limpo, cenas de construção sólida, retratos potentes; tom melancólico e rigoroso. Como uma oração. (RONALDO BRESSANE)

COLTRANE
AUTOR Paolo Parisi
TRADUÇÃO Rogério de Campos
EDITORA Veneta
QUANTO R$ 44,90 (128 págs.)

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BAGAGEM

Assim quereria minha última resenha: leve como um cartum de Gervasio Troche. O ilustrador uruguaio tem a segunda compilação de desenhos lançada pela Lote 42 -editora que vem estremecendo os parâmetros do mercado com lançamentos surpreendentes.

A infância tumultuada, entre Argentina, México, França e Uruguai, onde Troche vive, trouxe mais melancolia à "estética do frio" -o modo de ver o mundo próprio dos latinos austrais, segundo o artista gaúcho Vitor Ramil. Combinando Escher, Magritte e Saul Steinberg, Troche faz desenhos sem palavras, em preto e branco, tristes, românticos, engraçados, paradoxais.

Um títere manipulado por um fantoche; pessoas sem olhos ao redor de fogueira feita de olhos; um homem tímido põe a mão no bolso e esta ressurge acariciando o rosto de uma mulher distante; um vaso florido se suicida do balcão para que no chão sua flor escape; pai e filho caminham na praia, mas na areia os passos daquele vêm e o deste vão; um homem tira uma mulher de uma mala e a mulher o repõe na bagagem para então sair voando. Em tempos nebulosos, um manual prático da beleza enquanto leveza. (RONALDO BRESSANE)

BAGAGEM
AUTOR Troche
EDITORA Lote 42
QUANTO R$ 29,90 (132 págs.)

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4 AVENTURAS DE SPIROU E FANTASIO

Antes tarde do que nunca. Spirou, seu inseparável esquilo Spip e seu amigo Fantasio finalmente desembarcam no Brasil. Eles são personagens principais de série muito conhecida na Europa e já chegaram a circular em outras mídias, como a TV e os games.

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Spirou é um jovem que trabalha num hotel como carregador de malas, daí estar sempre com aquele uniforme vermelho e de chapéu. Sua personalidade curiosa, porém, sempre o colocou em situações em que tem de desvendar algo mirabolante. Ao longo dos anos, ganhou a companhia inseparável de um esquilo e de um bizarro e extravagante repórter fotográfico.

O personagem foi criado como uma espécie de êmulo de Tintin, de Hergé, com quem, de fato, compartilha o "sentido de justiça" na luta contra o mal e as viagens ao redor do mundo. Mas o passo decisivo foi dado em 1946, quando passou a ser desenhado pelo quadrinista belga André Franquin, que lhe deu um tom mais inteligente e humorístico, contribuindo para a popularidade do personagem. (MARIO BRESIGHELLO)

4 AVENTURAS DE SPIROU E FANTASIO
AUTOR Franquin
TRADUÇÃO Fernando Paz
EDITORA Sesi-SP
QUANTO R$ 32 (72 págs.)