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    Instrumentista Nailor Proveta exibe seu virtuosismo em três álbuns

    CARLOS CALADO

    30/04/2016 02h00

    O apelido "Proveta", que virou nome artístico, surgiu durante a adolescência de Nailor Azevedo, nos anos 1970. O então precoce clarinetista e saxofonista, paulista da interiorana Leme, era chamado de "bebê de proveta" pelos colegas da capital, que já o consideravam um prodígio.

    Diferentemente de tantos jovens talentos que se perdem pelo caminho, Proveta superou as melhores expectativas. Muito requisitado nos meios da música instrumental e da MPB, tornou-se compositor, arranjador e líder da conceituada Banda Mantiqueira. Eclético, também transita com facilidade pelo jazz e pela música clássica.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    O instrumentista paulista Nailor Proveta
    O instrumentista paulista Nailor Proveta

    Quem conhece seu belíssimo álbum "Tocando para o Interior" (de 2007) vai logo notar que, em "Coreto no Leme", ele rebobina novamente imagens e sons de sua infância, resgatando a atmosfera dos coretos interioranos. 

    A sonoridade do Quarteto de Cordas Ensemble SP, presente na maioria das faixas desse disco, é essencial para traduzir a concepção musical que Proveta exercita há décadas. Para ele, a plenitude da música só pode ser apreciada quando se supera a limitadora divisão em gêneros.

    O repertório, quase todo composto pelo clarinetista, soa como uma coleção de emoções e sentimentos: a alegria da "Polca de Coreto"; a nostalgia do choro-habanera "De Manhã, Lembranças"; o romantismo da valsa "Ypê do Cerrado" (composição de Edson José Alves); a admiração revelada pela "Suíte Encontros", na qual o clarinetista dialoga com as influências de Debussy, Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, entre outras.  

    A concisa discografia solo de Proveta acaba de ganhar mais dois títulos. O álbum "Velhos Companheiros de K-Ximbinho" exibe inovadoras releituras de composições do cultuado clarinetista e saxofonista potiguar Sebastião "K-Ximbinho" de Barros (1917-1980).

    Contando com participações de alguns craques da cena instrumental, com destaque para os flautistas Teco Cardoso (que assina a direção musical) e Lea Freire (responsável pela produção), esse trabalho deixa Proveta à vontade para exibir todo seu virtuosismo como solista.

    Choros com contagiante sabor de gafieira, como "Velhos Companheiros" e "Sempre", chamam atenção, mas é em choros mais emotivos, de andamento lento, que Proveta se supera nos improvisos. Tratadas como baladas jazzísticas, as releituras de "Eu Quero É Sossego" e "Ternura" são simplesmente de arrepiar.

    Já em "Brasileiro Saxofone - vol. 2", Proveta leva adiante a proposta do álbum lançado em 2009, no qual esboçou a trajetória do sax na música brasileira do século 20. Desta vez o repertório é mais contemporâneo ainda: o próprio Proveta e o saxofonista Pedro Paes -autor do belo choro "Mensageiro", que abre o disco- compuseram a maioria das faixas. 

    Num projeto dedicado ao saxofone, a trilogia composta por Proveta com o violonista Mauricio Carrilho, seu frequente parceiro, ganha um significado especial. Os choros "Meu Sax Sumiu", "Meu Sax Voltou" e "Meu Sax Sorriu" nasceram a partir do verídico episódio do roubo e do resgate do instrumento favorito de Proveta. Um incidente triste que gerou choros radiantes.

    CORETO NO LEME
    ARTISTA Nailor Proveta
    GRAVADORA independente
    QUANTO R$ 25

    VELHOS COMPANHEIROS DE K-XIMBINHO
    ARTISTA Nailor Proveta
    GRAVADORA Maritaca
    QUANTO R$ 25

    BRASILEIRO SAXOFONE VOL. 2
    ARTISTA Nailor Proveta
    GRAVADORA Acari
    QUANTO R$ 30

    Edição impressa

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