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    Escritor Tom Wolfe diz que romance está morrendo

    da Efe, em Buenos Aires

    05/05/2008 11h48

    O escritor americano Tom Wolfe afirmou neste domingo (4), em Buenos Aires, que "o romance está morrendo rapidamente", e considerou que, para o desenvolvimento deste gênero, é necessário que os autores se dediquem à vida cotidiana.

    "Estamos em um período no qual o romance rapidamente está morrendo, está se suicidando. Os jovens escritores dos Estados Unidos tentaram copiar [o escritor argentino] Jorge Luis Borges, mas não eram Borges", assinalou o autor, durante uma conferência em Buenos Aires.

    Durante a conversa, realizada no Museu de Arte Latino-americano de Buenos Aires, Wolfe considerou que os poetas "devem sair de seus quartos e averiguar as diferentes coisas que há no mundo" porque assim "vão tropeçar com coisas que nunca pensavam que poderiam ver".

    "A não ser que saiam e as vejam, nunca as conhecerão. Os detalhes se encontram quando um se submerge na vida do outro", ressaltou.

    "Nossas vidas estão cruzadas por nossas psicologias e pelo contexto social. As duas coisas são extremamente importantes", ressaltou o escritor e jornalista durante a conferência "Novo jornalismo: Uma conversa com Tom Wolfe".

    Internet

    O autor de "A fogueira das vaidades" indicou ainda que o jornalismo "não vai morrer, embora as pessoas só leiam informações pela internet, onde as notas devem ser mais curtas".

    "Temos meios de comunicação elétricos há mais de 160 anos, desde o telégrafo até a internet. Mas todas as idéias importantes que mudaram os rumos surgiram da palavra impressa", destacou Wolfe durante a conversa, organizada pela Embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires.

    Ele ressaltou, no entanto, que muitos editores pensam que tudo tem que estar condensado, e advertiu que "há muitas revistas que acham que o Novo Jornalismo -que incorpora elementos da literatura- ocupa muito espaço, além de ser muito caro".

    Segundo Wolfe, o Novo Jornalismo contempla quatro pontos compostos pelos relatos cena por cena, o uso preciso do diálogo, a anotação dos detalhes e o ponto de vista de alguns dos personagens em cada cena.

    "É uma definição muito técnica. Permanece dentro dos limites do jornalismo, mas utiliza os elementos que tornaram muito popular a literatura", assinalou o escritor, que chegou à Argentina para participar da Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, uma das mais importantes da América Latina.

    Neste sentido, o autor de "Eu Sou Charlotte Simmons" manifestou que "não há uma técnica para a crônica, mas sim uma atitude".

    "Não se aprende a ser cronista em uma escola de jornalismo. Se os senhores têm a informação que eu necessito, mereço que me dêem. Todos temos uma compulsão pela informação. E um cronista tem que estar disposto a abordar qualquer assunto", definiu.

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