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    Renegados fascinam, diz escritora norte-americana Lionel Shriver

    IVAN FINOTTI
    ENVIADO ESPECIAL A PARATY

    05/08/2010 09h27

    Apesar de acontecer bem na hora do almoço, a mesa que a escritora norte-americana Lionel Shriver divide hoje com a brasileira Patrícia Melo promete deixar a maioria da plateia com indigestão.

    Veja a cobertura completa da Flip 2010

    Trata-se, afinal, de uma sessão sobre crimes. A brasileira acaba de lançar "Ladrão de Cadáveres". Já a americana alcançou notoriedade com seu oitavo livro, "Precisamos Falar sobre o Kevin".

    É um romance epistolar em que uma mãe escreve cartas para o ex-marido tentando entender como o filho do casal entrou na escola e matou nove colegas a tiro.

    Premiado em 2005 com o Orange Prize, o livro foi considerado um manifesto antimaternidade. O que Shriver rejeita na entrevista a seguir.

    Lefteris Pitarakis/AP
    A escritora norte-americana Lionel Shriver posa para foto em seu apartamento em Londres, Inglaterra
    A escritora norte-americana Lionel Shriver, de "Precisamos Falar sobre o Kevin", posa para foto em seu apartamento em Londres

    Folha - Por que os crimes seduzem tanto os escritores?
    Lionel Shriver - A ficção tende a focar as aberrações. Leitores normais, que seguem as leis do seu país, se fascinam com quem quebra as regras. Quando se é obediente, você vê o renegado com uma mistura de ultraje e inveja. O crime vai ser sempre um tema para a ficção.

    É verdade que seu livro "Precisamos Falar sobre o Kevin" foi recusado por 30 editoras?
    Enviei o romance para cerca de 20 agentes literários nos EUA e, então, finalmente, em um ato de desespero, enviei para uma editora que já havia publicado um livro meu antes. Ela leu o livro num fim de semana e me fez uma oferta na segunda.

    Que tipo de reação você teve com "Kevin"? Muitas mães com raiva?
    Não. Tive muito mais retorno de mães que estavam gratas em ver a maternidade desromantizada em uma história de ficção.

    Você é ou queria ser mãe?
    Não sou mãe e teria sido se quisesse. Não tenho nenhum arrependimento. Mas não estou numa campanha para fazer as mulheres pararem de ter filhos, o que seria insensível. "Kevin" é muitas vezes interpretado como antimaternidade. Ao contrário, é simplesmente a história de uma mulher cuja experiência de criar o filho foi traumática.

    No que está trabalhando?
    Não estou escrevendo nenhum romance. Não tenho férias desde 2004. Este semestre é o primeiro de seis sólidos anos em que me forcei a uma folga. Tem sido ótimo. Jogar tênis, ler livros e ir ao Brasil!

    MESA COM PATRÍCIA MELO E LIONEL SHRIVER
    QUANDO: hoje, às 12h, na Tenda dos Autores
    INFORMAÇÕES: no site do evento

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