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    Épico de Fela Kuti, 'Sorrow, Tears and Blood' ganha edição em vinil

    PEDRO DINIZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    12/08/2013 03h14

    "Uma pessoa acabou de morrer. A polícia está vindo, o exército está vindo. Confusão por toda a parte."

    O verso de "Sorrow, Tears and Blood", canção de Fela Kuti (1938 -1997) que integra o disco homônimo de 1977, retrata o levante de Soweto, no qual milhares de jovens saíram às ruas da comunidade sul-africana em protesto contra o sistema educacional à época do apartheid.

    A partir de 30/9, o público brasileiro finalmente terá acesso ao álbum em vinil, um dos mais emblemáticos da discografia do ativista nigeriano e criador do afrobeat.

    A primeira tiragem do LP de "Sorrow, Tears and Blood", só lançado em CD no país nos anos 1990, terá 500 cópias ao preço de R$ 60.

    A capa do LP será serigrafada e reproduz a foto original em preto e branco.

    A versão brasileira traz a faixa-título na íntegra, com os 17 minutos gravados por Fela Kuti na primeira edição do álbum --em outras versões internacionais, a música foi cortada em 6 minutos.

    "O disco dialoga com o clima de inconformismo que permeou os protestos recentes no Brasil. Não há momento mais propício para lançar a obra-prima", diz o pesquisador musical francês Frederic Thiphagne, sócio da gravadora Goma Gringa, que detém com exclusividade os direitos do título no país.

    O selo, recém-inaugurado, tem como foco os ritmos tropicais. Os donos já negociam com a família de Kuti os direitos de outros álbuns do cantor, como "Shuffering and Shmiling" (1978) e "Zombie" (1976).

    "Um dos propósitos da gravadora é lançar discos raros relacionados à música afro que, se importados, custariam muito caro no varejo", afirma Thiphagne.

    O etíope Mulatu Astatke, o ganês Ebo Taylor e o nigeriano Tony Allen também estão na lista de músicos que devem ter discos editados pela Goma Gringa até o fim do próximo ano.

    Antes, até dezembro, uma coletânea com o melhor da produção paraense dos ritmos Carimbó e Siriá nos anos 1970 será lançada pelo selo.

    Entre os artistas escolhidos para compor o disco, os mestres Cupijó e Vieira, dois dos maiores nomes da música paraense, estarão na seleção.

    A pesquisa para o projeto durou cerca de um ano, fruto de parceria com o selo alemão Analog Africa, do produtor Samy Ben Redjeb.

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