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    Para evitar downloads ilegais, canais pagos tentam encurtar atraso de séries

    ISABELLE MOREIRA LIMA
    DE SÃO PAULO

    02/01/2014 03h20

    Para combater downloads ilegais e atrair mais público para seus programas, canais brasileiros cada vez mais encurtam o espaço de tempo entre a exibição de séries nos Estados Unidos e no Brasil.

    Em janeiro, a HBO repete a estratégia do seriado "Game of Thrones" e estreia duas novas séries simultaneamente nos dois países: "True Detective", em 12 de janeiro, e "Looking", no dia 19.
    Além delas, o canal exibe nos EUA e no Brasil, no mesmo dia, a terceira temporada de "Girls", premiada série de Lena Dunham sobre quatro jovens amigas que moram em Nova York, também no dia 12.

    O canal diz que é um "compromisso" trazer simultaneamente ao país suas maiores produções. Por causa da diferença de horário, elas irão ao ar aqui após a meia-noite.
    No Warner Channel, séries que estrearam em 2013, como a ficção "Almost Human", o suspense "Hostages" e as comédias "Mom" e "Super Fun Night", são exibidas com no máximo duas semanas de atraso em relação aos EUA.

    A gerente do canal, Vicky Zambrano, confirma que a janela de exibição cada vez menor é uma preocupação.

    "Entendemos que a tecnologia permite que conteúdos de TV viajem rápido e não queremos nem podemos ficar para trás", diz a executiva. Mas ela lembra que transmissões quase simultâneas não são fáceis de conseguir.

    "Leva-se tempo para preparar o material de transmissão, adaptando-o aos diferentes mercados, com seus idiomas e especificidades."

    Legendagem e dublagem são processos que atrasam a exibição, de acordo com os executivos ouvidos pela Folha. Outro motivo é o preço que se paga para ter a primeira janela de exibição no país.

    "O quanto mais próximo da exibição no país de origem, melhor. O que embasa a minha opinião é justamente o valor que se cobra por essas primeiras exibições", diz Paulo Franco, vice-presidente de programação da Fox.

    O canal exibe "The Walking Dead", sucesso sobre zumbis, com dois dias de diferença em relação ao canal norte-americano. O mesmo ocorre com "American Horror Story". Já a nova "Sleepy Hollow", de terror, não teve o mesmo tratamento.

    "Perdemos a concorrência para a [divisão do canal na] América Latina. Às vezes, a concorrência é interna."

    Franco diz que quanto maior a base de fãs, menor tem de ser a janela entre exibições. "Nas séries mais antigas, que têm mais fãs, quanto mais longe estrear, pior. O pessoal fica chateado."

    Para a Sony, encurtar a distância é importante, mas às vezes o atraso é estratégico.

    "Com 'Breaking Bad', por exemplo, a crítica foi um chamariz importante. Outro parceiro fantástico foi a web. Resolvemos passar a série de novo desde o começo", afirma Alberto Niccoli, gerente geral da Sony no Brasil. "Queremos é que fortaleça o canal."

    A TV sob demanda também tenta encurtar a distância. O Netflix anunciou há duas semanas que disponibilizará "Better Call Saul", série originada de "Breaking Bad", que conta a vida pregressa do advogado trambiqueiro Saul Goodman, logo após a exibição nos Estados Unidos pelo canal AMC.

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