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    Netflix acerta em série de presídio feminino 'Orange is the New Black'

    LORNE MANLY
    DO "NEW YORK TIMES"

    04/01/2014 03h39

    Quando Jenji Kohan decidiu buscar uma rede para servir de lar à sua série "Orange Is the New Black", dois anos atrás, ajudar a revolucionar a maneira com que assistimos à TV não estava na agenda.

    A rede Showtime, que foi sua casa durante as oito temporadas da série "Weeds", rejeitou sua proposta para a nova série, adaptada das memórias de Piper Kerman, uma nova-iorquina de classe alta que terminou presa por transportar drogas para sua amante, uma traficante lésbica.

    A HBO tampouco aprovou o projeto. Mas a Netflix, provedora de serviços de TV via internet que estava apenas começando a experimentar a exibição de programas originais, "praticamente comprou a ideia na hora", diz Kohan.

    Divulgação
    A atriz Taylor Schilling interpreta a detenta Piper em cena da série 'Orange Is the New Black', da Netflix
    A atriz Taylor Schilling interpreta a detenta Piper em cena da série 'Orange Is the New Black', da Netflix

    Agora, Kohan está contribuindo para o novo hábito de assistir a temporadas de uma vez e ajudando a desordenar o mundo das séries exibidas sempre no mesmo horário.

    Como fez no caso de "House of Cards" e "Arrested Development", a Netflix lançou a temporada completa de "Orange Is the New Black" de uma vez. Mesmo os demais concorrentes no ramo de TV via internet costumam lançar suas séries um episódio por semana, como a Amazon vem fazendo com sua primeira série de ficção, "Alpha House".

    A Netflix não divulga números de audiência, ainda que tenha revelado que "Orange Is the New Black" terminará o ano como sua série original mais assistida.

    Mas nem mesmo Kohan está informada sobre os números. "Eles dizem coisas do tipo 'estamos muito satisfeitos'", ela conta. "São muito enigmáticos." Para uma veterana da TV como Kohan, 44, esse blecaute quanto aos números de audiência pareceu inicialmente desconcertante. Mas agora nem tanto.

    "Para mim, essa escuridão é boa", afirma. E ela aprecia a liberdade de criação que a Netflix lhe confere. Equilibrando comédia e drama com agilidade, "Orange Is the New Black" brinca com os clichês dos filmes sobre presídios femininos e os subverte, e retrata com complexidade raramente, ou jamais, vista na televisão os personagens femininos de múltiplas raças.

    Ela teve mais dificuldade para aceitar o novo hábito dos telespectadores de assistir a toda temporada de uma vez. Kohan compreende a frustração deles com a espera forçada por novos episódios. Mas a perda da experiência de trocar comentários no dia seguinte à exibição tem sabor agridoce para ela.

    "Eu sinto falta daquela experiência compartilhada em tempo real", diz. "Mas o que temos agora é diferente, e preciso me acostumar a isso".

    As reações amplificadas dos telespectadores ajudaram. "Intensidade como essa vem de as pessoas terem mergulhado na série", ela diz.

    O programa inspirou até produtos artesanais, como um passeio pelo site de artesanato Etsy deixa claro.

    O interesse de Kohan foi atraído por uma dessas criações artesanais: um par de sapatos plataforma de veludo laranja, com imagens de presidiárias nas laterais.

    Mas ela resistiu à tentação.

    "Não é o tipo de sapato que eu use", diz. "Sou o tipo de garota que prefere o conforto".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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