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    Grupo de humor Porta dos Fundos enfrenta ira de religiosos por especial de Natal

    ISABELLE MOREIRA LIMA
    DE SÃO PAULO

    10/01/2014 12h35

    Uma compilação de diferentes esquetes com temática bíblica e natalina do grupo de humor Porta dos Fundos virou motivo de uma guerra santa na internet. Grupos cristãos se sentiram ofendidos por quadros que incluem uma discussão sobre a real paternidade de Jesus e uma "carteirada" dada pelo "filho de Deus" para conseguir uma mesa na Santa Ceia.

    A indignação chegou ao arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal Dom Odilo Scherer, que publicou crítica ao grupo em sua conta no Twitter em 5 de janeiro. "Será que isso é humor? Ou é intolerância religiosa travestida de humor? Péssimo mau gosto!", escreveu.

    O especial de Natal do grupo humorístico, postado no dia 23 de dezembro, já tem mais de 4,2 milhões de visualizações.

    Em um vídeo difundido em sites cristãos e no Facebook, o pregador e missionário católico Anderson Reis convoca os insatisfeitos a assinarem uma petição on-line para solicitar ao Grupo Petrópolis, detentor da marca de cerveja Itaipava, que retire o patrocínio ao grupo. Além disso, sugere que entrem no site da Polícia Civil do Rio de Janeiro e registrem uma queixa contra crime de preconceito e ódio à religião.

    Veja vídeo

    Veja o especial de Natal do Porta dos Fundos

    "É hora de protegermos a honra do menino Jesus", diz o missionário no vídeo do YouTube. "Sabe quem não luta contra essas porcarias do inferno? São os medrosos, são os covardes. E para seguir Jesus Cristo tem que ser homem e capaz de dar a vida pela causa", afirma Reis. O vídeo teve 124 mil visualizações desde 31 de dezembro.

    Hermes Rodrigues Nery, diretor da Associação Nacional ProvidaFamília, diz que prepara uma ação jurídica contra o humorista Fábio Porchat, integrante do grupo. "É evidente a violência travestida de sátira nos esquetes do Porta dos Fundos. O riso não é condenável, em si, mas quando utilizado como arma de perversão sexual e afronta religiosa, torna-se abominável."

    Para Nery, outros esquetes do grupo além das religiosas são ofensivas. "Em 'Sobre a Mesa', por exemplo, faz-se apologia ao anarquismo sexual. É o que pede a personagem Odete, quando responde ao marido que o que ela deseja mesmo é ser violentada sexualmente, por tudo e por todos, e de todas as maneiras, até a extenuação total. Não acredito que as mulheres se reconheçam naquela personagem e aceitem aquilo como proposta."

    Nominalmente citado no Twitter de Dom Odilo e por Nery, o humorista Fábio Porchat diz que é a favor da liberdade de expressão.

    "Quero poder dar minha opinião sobre qualquer assunto. Religioso inclusive. Não acho que houve desrespeito, e sim uma livre interpretação a respeito de uma história. Cada um acredita no que bem quiser e no que não quiser. Me parece o caso do Hindu querendo processar uma churrascaria rodízio por servir carne de vaca", declarou o humorista.

    Em nome do Porta dos Fundos, Antônio Tabet declarou que o grupo nunca pretendeu ofender. "Nós só fazemos humor. Não há nenhuma intenção de difamar nenhuma religião, até porque somos favoráveis às liberdades —de culto inclusive. A prova está em nossa equipe, na qual trabalham católicos, evangélicos, espíritas e até ateus."

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