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    Dança precisa enfrentar o fantasma da falta do público, diz representante da classe

    DE SÃO PAULO

    11/01/2014 14h10

    O público (ou a falta dele) é um dos principais fantasmas que assombram a cena de dança no Brasil, diz o coreógrafo Daniel Kairoz.

    Kairoz, 29, foi eleito representante dos profissionais da dança no Conselho da Cidade de São Paulo após um imbróglio envolvendo a eleição de Deborah Colker, do Rio, como representante da classe no órgão paulistano.

    A eleição foi vista como amadurecimento político da classe e conquista de um setor cultural que historicamente tem que brigar por cada espaço da cena cultural.

    Segundo Kairoz, o último ano foi vem interessante para a dança em São Paulo. Além da vitória no Conselho da Cidade, os profissionais conseguiram expandir o patrocínio público oferecido pelo Fomento à Dança de um para dois anos.

    Isso dá espaço para os artistas respirarem e poderem criar, mas, segundo o representante da classe, traz efeitos colaterais.

    "O patrocínio é fundamental, mas a dança ficou muito pautada pela Lei do Fomento, que é uma conquista imensa da classe, mas é pouco para uma cidade do tamanho de São Paulo", afirma.

    Além de não dar conta do número de grupos e bailarinos criando (ou querendo criar), o financiamento ajuda a tornar mais agudo um problema clássico da dança, não só no Brasil: a bilheteria.

    Para criar um público que, eventualmente, possa fazer com que as produções se paguem com a venda de ingressos, disseminarem-se espetáculos gratuitos.

    Isso teve um efeito colateral perverso, de acordo com Kairoz: "As pessoas se acostumaram a não pagar para ver dança. Não é legal se tudo de graça".

    O que a classe de artistas, mais mobilizada no atual momento, pretende fazer é discutir as alternativas para incentivar a dança, tanto do ponto de vista dos criadores quanto dos espectadores.

    Substituir a gratuidade por preços populares, colocar o ensino de dança no currículo das escolas, facilitar a circulação dos espetáculos para além da cidade de São Paulo e dos poucos espaços destinados a eles são algumas das propostas.

    Há também projetos para a criação de centros coreográficos, onde os artistas e grupos sem sede fixa possam ensaiar e de bolsas para artistas que estão em início de carreira.

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